Dica — Sala de Artes
Matéria publicada na edição 48 | Maio 2009 – ver na matéria online
Recursos para a expressividade e a criatividade.
Por Rosali Figueiredo
Em uma sala de pré-escola, a professora de Artes Maria Regina Araújo Travassos ia trabalhar argila com as crianças, quando resolveu contar-lhes antes sobre o homem pré-histórico, mostrar pinturas rupestres e exibir trechos do filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”. “Somente depois levei a argila para que pudessem criar. Expliquei a técnica e, ao final, além de prazer, diversão e encantamento, os alunos aprenderam com uma significação tão evidente que seus comentários sobre as próprias obras ficarão gravados em minha memória para sempre”, relata Maria Regina.
Graduada na área e pós-graduada em Psicologia Infantil e Psicopedagogia, Maria Regina conta a experiência para mostrar que a Educação Artística requer mais do que a associação entre o conteúdo programático e as práticas de colagem ou o manuseio de materiais diversos, como a própria argila. É claro que cada etapa da vida escolar demanda dinâmicas e abordagens diferenciadas e exige espaços e recursos apropriados para isso, observa. “Mas falta uma conexão com o estudo da história e com um processo prazeroso e contextualizado, dando significação ao aluno”, explica.
Supervisora de ensino em São Vicente, litoral de São Paulo, a educadora recomenda que as salas de Artes sejam caracterizadas conforme a faixa etária. “A primeira infância deve trabalhar com contos diferenciados, canto de areia, caixas de surpresas, cabideiro de fantasias, tintas e papéis variados, para que as crianças possam explorá-los e senti-los.” Nesse sentido, acrescenta, a música entra como uma linguagem fundamental e por meio de um baú de objetos, elas podem descobrir sons, instrumentos e ritmos variados, além de dançar, cantar, pular e brincar.
No Ensino Fundamental, é preciso uma sala ampla, de preferência circular, dotada de pia e torneiras, para que o estudante manuseie vários tipos de lápis (como o fusan, tipo carvão), pincéis, papéis e tintas. Finalmente, no Ensino Médio, Maria Regina sugere um espaço para artes cênicas, música e dança. “Assim podemos juntar as linguagens adquiridas nos anos anteriores e explorar a criatividade infinda destes adolescentes.”
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) prevêem o ensino de Artes como meio de desenvolvimento das diferentes formas de expressão e criatividade do aluno, para que desenvolvam uma visão ampliada do mundo, observa Adriana D’Agostino, professora do Liceu Coração de Jesus, escola localizada nos Campos Elíseos, região central de São Paulo. Ilustradora e pós-graduada em História da Arte, Adriana destaca a arte “como uma janela que permite enxergar além da própria obra e observar a história da sociedade e da cultura”.
O Liceu implantou recentemente um espaço mais apropriado para o ensino de Educação Artística. A coordenadora do Fundamental II e do Ensino Médio da escola, Mirian Rosane Benatti Godinho, diz que no local foram instaladas mesas e cadeiras apropriadas para atividades com escultura e pintura, além de pias e prateleiras para guardar o material. Mas a sala ainda não está concluída, ressalva. “Estamos a caminho”, complementa a professora Adriana, defendendo que estes espaços tenham recursos multimídia próprios, como um instrumento a mais de conhecimento, estudo, releitura e recriação da arte. “Mas o principal é proporcionar o contato dos alunos com diferentes suportes, ou seja, com todo tipo de material que permita uma reelaboração e uma expressão artística.”