Escolacentrismo – Um breve histórico da educação no Brasil
Logo após o descobrimento do Brasil, os jesuítas começaram a colonização dos índios com o objetivo de ensinar os preceitos católicos e da sociedade europeia da época. Aos poucos imigrantes e indígenas fundaram pequenos vilarejos que orbitavam ao redor das igrejas e escolas.
Apesar dos papéis da igreja e da escola na prática se misturarem, no Brasil colonial tudo que se referia à educação do ponto de vista do homem branco partia da instituição de ensino: crianças, imigrantes e índios aprendiam a ler, a cultura europeia e eram catequizados.
A Escola exercia um papel central e monopolizador da educação, por isso o termo Escolacentrismo: a escola como centro referencial de educação da sua região.
Com a monarquia, a educação mudou de rumo valorizando a rede doméstica de ensino organizada a partir de casas grandes para filhos dos senhorios. Nascem as primeiras escolas particulares do país.
Depois de passar por um período elitista, com a entrada do regime republicano o ensino tornou-se laico e público. Nesta época a escola passou a se concentrar unicamente nos alunos. A aquisição de conhecimento era de responsabilidade da escola e a formação de valores ficava a cargo das famílias, principalmente das mães e avós.
Após a Segunda Grande Guerra, com o início do ingresso das mulheres no mercado de trabalho, o aumento da longevidade e produtividade dos avós e a queda da qualidade do ensino público forçando as famílias a desembolsarem dinheiro para prover seus filhos de uma boa educação, criou-se uma lacuna no processo educacional. Os pais delegaram a educação plena para as escolas que, na maioria dos casos, não estavam preparadas para assumir esse papel, gerando sequelas sentidas até hoje.
Não sei ao certo o quanto os problemas da educação no Brasil contribuíram para o estado atual da sociedade. A desestruturação social, os altos índices de violência, a falta de educação e a corrupção são provavelmente causa e efeito do sistema socioeducacional brasileiro.
Diante deste cenário, ao invés da escola, a família e a comunidade unirem forças em prol da melhoria da educação, o que acontece é justamente o contrário. É comum escutarmos escolas atribuírem os problemas com alunos às famílias e vice-versa.
Como a escola vê a família:
– Professores sentem-se incomodados quando os pais opinam nas áreas em que se julgam competentes;
– Professores culpam as famílias pelas dificuldades apresentadas pelos alunos;
– Professores criticam os pais por não ajudarem no dever e não estarem presentes nas reuniões de pais;
– A família, principalmente a mãe, exige uma educação compensatória, pois fica pouco tempo com os filhos.
Como a família vê a escola:
– Os pais não entendem o processo de ensino-aprendizagem;
– A escola mantém a mesma rotina de reuniões e atividades sem consultar os pais sobre temas de seu interesse e horários adequados;
– Tudo que a escola lança tem como objetivo ganhar ainda mais dinheiro.
Neste fogo cruzado, as maiores prejudicadas são as gerações futuras que continuarão com sequelas educacionais e formativas. Apesar de gerar algumas celeumas, precisamos parar, refletir e desenvolver um projeto de interação, reciprocidade e apoio mútuo em prol da educação de crianças e jovens. Um projeto que tenha a ordenação e denominação de Escola-Família e não Família-Escola, pois também é responsabilidade da escola educar os pais e a comunidade onde vivem.
Para isso a escola deverá retornar as suas origens de Escolacentrismo e ser protagonista na formação de uma rede social que influencie e eduque, além dos alunos, seus familiares e o meio ao seu redor, através dos seguintes passos:
1 – Conscientização dos líderes escolares;
2 – Aprimoramento de políticas pedagógicas e andragógicas que, na maioria das vezes, já existem como reuniões de pais, eventos…;
3 – Interações de todos os nichos interessados através de meios de comunicação eficientes.
4 – Utilizar o marketing de conteúdo para promover nossos educadores.