O gestor educacional transmidiático: quem ganha com isso?
“Uma única máquina pode fazer o trabalho de cinquenta homens comuns, porém máquina alguma consegue fazer o trabalho de um homem extraordinário.” Elbert Hubbard
O gestor educacional não pode ser “uma pessoa sozinha no meio da multidão” ou de sua instituição. Cabe a ele ser interativo e se comunicar. Líderes eficientes e eficazes ampliam sua audiência com a comunidade educativa de maneira clara, coesa e assertiva. Como diria o exímio comunicador Abelardo Barbosa – vulgo Chacrinha: “Quem não se comunica se trumbica”.
Escolas são espaços polifônicos, onde transitam e se misturam com facilidade várias falas que demonstram, direta ou indiretamente, interesses e demandas de alunos, pais ou responsáveis, professores, colaboradores e comunidades do entorno. A grande habilidade global do gestor e de sua equipe é desenvolver a capacidade de ouvir, selecionar e qualificar as informações. O grande filósofo Rubem Alves que, tanto bem fez à educação, dizia que todos temos de desenvolver a competência da “escutatória”. Através dela, várias habilidades podem ser desenvolvidas. Escutar é matricial.
A capacidade de ouvir, desenvolvida pelos agentes da governança educacional, auxilia em muito no processo de validar e acatar as sugestões da comunidade educativa. Trata-se de uma ação preventiva que auxilia todos os âmbitos do clima organizacional, seja operacional, tático ou estratégico. Abrindo canais as relações são facilitadas, tanto no campo presencial, quanto no virtual. Tal abertura amplia a capacidade de medir os impactos de decisões sobre as pessoas, processos e projetos. O tangível e o intangível se unem e formam uma das características fundamentais da Educação Corporativa.
Em tempos de mobilidade sistêmica crescente, o gestor educacional necessita posicionar-se de maneira transmidiática, pois a comunicabilidade em todas as ambiências deve caracterizar o posicionamento institucional. Redes sociais, site, plataformas, aplicativos, jornal impresso e eletrônico, sistema de telefonia, reuniões presenciais devem fazer parte da rotina da equipe gestora para garantir a fidelidade aos fatos e ações desenvolvidas na instituição escolar.
Muito se comenta sobre “os grupos de mães do wattsapp” ou de pais e responsáveis que criam grupos de discussão e “radio peão” nas portas das escolas, que produz ruídos e falhas na comunicação criando ou ampliando fatos e urgências fantasiosas. Cabe aos gestores serem preventivos e assertivos, assegurando a agilidade das informações, disseminando-as em seus vários canais midiáticos de forma a garantir um clima organizacional caracterizado pela validação informativa e formativa. Educa-se também assim e toda a comunidade educativa aprende. Inteligência coletiva é isso e garante a perenidade institucional.
Reputação, retenção de colaboradores, fidelização de alunos, medição e sondagem de satisfação dos pais, responsáveis e alunos não deve ser uma tarefa somente para o segundo semestre das escolas particulares onde se renovam as matrículas. A competência comunicativa deve ser acompanhada de habilidades interacionais visando integração, nas instituições privadas e públicas.
Quando o gestor faz bem sua tarefa ordinária, ele acaba sendo percebido como extraordinário. Comunicar também é ficar na porta cumprimentando e percebendo os fluxos e as pessoas que deles fazem parte. O imaginário de segurança fica maior e se apresenta além do presencial na clareza de informações sobre o calendário, eventos, avaliações, mudanças de rotina como trabalhos de campo e visitas técnicas, anormalidades como obras e mudanças de pessoas, processos e projetos. Gestores transmidiáticos usam todos os espaços e veículos comunicativos para demonstrar sua visão de conjunto.
Desenvolver antevisão é outra habilidade que a equipe gestora transmidiática deve atentar. A humanidade vive um momento histórico caracterizado pela exigência de contato imediato. As escolas são instituições formadoras com caracteres conservadores diante de inovações. O gestor transmidiático muda esse paradigma quando faz o sólido ficar líquido. Explico-me usando os conceitos de Zigmunt Bauman: “vivemos tempos de modernidade líquida”, onde redes comunicativas formam-se de maneira instantânea. Mantenedores e gestores atentos à conjuntura se reinventam na forma de se expressar. Um exemplo disso é o Papa Francisco que usa o Twitter para transmitir, em tempo real, mensagens repletas de significado. A tradição que adere à inovação.
Qualificar o corpo docente e discente, além de colaboradores, para o uso das novas tecnologias de comunicabilidade é tarefa para ontem. Publicar, postar, comentar, compartilhar e curtir nas redes sociais demonstra um modo de ver o mundo por parte das instituições e requer zelo e moderação. Sites, Twitter, Facebook, Wattsapp, redes socais fechadas e aplicativos devem fazer parte da vida profissional dos gestores escolares. O exemplo é mais eficaz que discursos. Chega de gestores educacionais dizerem que são avessos às tecnologias de informação! Elas chegaram com força e isso é inevitável. Não dá para negar e fugir!
Gestores educacionais transmidiáticos são uma exigência do mercado e dos valores presentes no imaginário dos nativos digitais. Tudo que é sólido desmancha no ar (Marx), nesses tempos líquidos. Você está on ou off ? Sua escola está conectada, desconectada ou imigrante? Eis a questão!
Gestores educacionais transmidiáticos, uni-vos! Todos ganham com isso!
Professor Msc. Paulo Henrique de Souza – Historiador, doutorando em Educação e Tecnologia (Portugal), Idealizador do Movimento Educação é o Alvo, que promove ações de formação, capacitação e debate de temas relacionados à gestão e educação. [email protected]