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Guia para Gestores de Escolas

Repensando as práticas em sala de aula

Foi em 2012, quando passava pelo corredor do ensino fundamental II, que me deparei com a cena que mais temia: olhando pela janela da sala de aula, vi alunos com os corpos caídos sobre as cadeiras, alguns debruçados na carteira, segurando o queixo para manter o rosto firme e em direção ao professor, ombros derrubados e olhares perdidos. Não importa o jeito como se sentavam, a única coisa que vi foi que não estavam ali.

Naquele momento, rememorei minha experiência como aluna, com 12 ou 13 anos de idade, desanimada e louca para chegar a hora da saída. Recreio e a aula de educação física também me tiravam daquele ambiente desanimador, que era recheado de horas de discurso descontextualizado.

Aquela cena mexeu tanto comigo que comecei uma aventura em busca de pesquisas e práticas sobre inovação no ensino fundamental II. Livros e pesquisas eram escassas. Fui a campo!

Visitando escolas com propostas diferenciadas, trouxe na bagagem uma certeza: precisávamos mudar!

Sempre adepta à gestão democrática, envolvi professores e coordenação na discussão sobre o rumo que tomaríamos. Começava a construção de uma nova identidade para o colégio.

A partir da metodologia desenvolvida até o 5° ano, foi construída a transição para as séries seguintes e a nova identidade do fundamental II surgiu.

Projetos que partiam do interesse dos alunos, estudantes participativos gerindo seu próprio tempo, escolhendo o conteúdo e a disciplina que desenvolveriam em cada momento. O planejamento passou a fazer parte do currículo e, com isso, a corresponsabilidade de cada indivíduo no seu processo de aprendizagem.

O formato de avaliação foi repensado, e o desenvolvimento pessoal como comprometimento, participação, cooperação e demais habilidades passaram a ter tanto peso quanto os conhecimentos adquiridos durante os bimestres.

O dia em que meu coordenador e eu apresentamos a nova proposta aos pais, foi inesquecível! Olhares atentos, curiosos, ansiosos e, alguns, desesperados.

– Vocês vão usar meu filho como cobaia? – ouvi um pai proferir.

É claro que jamais faria isso, educação é coisa séria! Havia feito diversas pesquisas, cada mudança foi pensada e planejada nos mínimos detalhes, construída em parceria com a equipe docente, ninguém ali estava de brincadeira.

A confiança fez com que ficassem e se redescobrissem como alunos. Meninos engajados, libertos, atuantes… os olhos voltaram a brilhar!

Para mim, essa vivência fez surgir uma pesquisadora, mergulhei em inovação curricular e ressignifiquei a pedagoga de até então.

Hoje, na 3ª série do ensino médio, estão se despedindo do colégio. Vão carregar para sempre as lembranças da escola que os respeitou em suas necessidades, particularidades, e que sempre viu neles o potencial que hoje eles descobrem que têm. O aluno “cobaia” está entre eles.

Uma olhada para dentro da sala e outra para dentro de mim foi o que me sensibilizou para a transformação. O que te move? O que te levou para a educação? O que te inspira a continuar?

É preciso repensar, é possível desconstruir para evoluir!

Vamos juntos?!

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