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Guia para Gestores de Escolas

Os avanços da “cultura” tecnológica no mundo da educação

Por Leandro Rubim

Sim, a inteligência artificial (AI), o metaverso e os inúmeros avanços tecnológicos estão no meio de nós, em todos os setores, inclusive na educação. Mas, apesar desta constante evolução, ainda enfrentamos uma grande barreira socioeconômica e cultural, tardando que essas conquistas alcancem os nossos clientes: os alunos.

O fato é que existe uma brusca diferença entre empresas que nascem digitais para as que têm que realizar a transformação digital, este segundo sendo o caso da maioria das escolas. O principal pilar de ressignificação é o cultural, e não a tecnologia em si. Um exemplo: Certa vez, em 2013, fui convidado a realizar uma capacitação tecnológica a docentes de uma escola particular, que se tornaria uma Apple Distinguished School. Após a dinâmica, fui acompanhar outras e uma especialmente me chamou a atenção: os docentes tinham que subir uma plataforma de 3 metros de altura e, de olhos vendados, se jogarem para trás, caindo em um colchão. Ali, entendi que, tecnologicamente, a educação necessitava muito mais do que treinamentos de uso de ferramentas, e sim de uma quebra da barreira da falta de confiança!

Todas as escolas têm acesso a sistemas, aplicativos e a um ecossistema enorme de possibilidades digitais e tecnológicas. O problema não é ter, mas sim saber como alinhar ao propósito do cliente. O escritor, líder e palestrante inglês-americano Simon Sinek, em seu livro “Comece pelo porquê”, ensina que existe um erro básico no pensamento lógico de muitas empresas: o não pensar no “porquê” na criação de soluções e produtos. A grande maioria das empresas pensa em “o quê” e “como”, mas sem a preocupação efetiva do propósito enraizado no público-alvo.

Após mais de 20 anos trabalhando com educação e tecnologia, enxergo claramente que faltam às escolas de todos os níveis a percepção de que o aluno é cliente, conhecer o que o ele necessita, qual seu propósito e entregar soluções que tenham matching com esse propósito. Enumero a seguir 3 dicas não tecnológicas, mas que, pasmem, fazem muita diferença na busca da inserção tecnológica na educação:

1 – Tratar o aluno como cliente é essencial para um entendimento das necessidades reais pelas quais o aluno está na escola. Muitas técnicas do mercado corporativo podem ser utilizadas. Atualmente, a análise de usabilidade e experiência é a mais efetiva. Por meio de profissionais de UX (user experience), a escola entende os dados e comportamentos dos alunos e cria personas, ou seja, perfis de alunos que representem as diferentes características do todo. A partir dessa categorização, é possível conhecer melhor os propósitos de cada grupo e pensar em experiências e produtos direcionados, que, em sua maioria, possuirá a tecnologia como meio.

2 – Aproximar cada vez mais modelos de sucesso de engajamento provenientes do entretenimento às experiências educacionais, conceito este chamado de Edutainment, ou seja, entretenimento na educação. No geral, os alunos enfrentam dificuldades ao fazer a transição de vídeos no YouTube ou threads no Instagram e TikTok para uma experiência educacional que pode parecer “quadrada” e maçante. Não é o aluno que deve se adaptar à entrega das escolas, e sim as escolas que devem se aproximar do dia a dia do aluno ao implementar características do entretenimento e, assim, promover a imersão na busca pelo conhecimento. A aprendizagem personalizada, a gamificação, a conexão com o mundo real e com empresas, juntamente com a ágil adoção de tecnologias emergentes, são possíveis! “Estar onde o aluno está”, e adaptar-se de acordo com suas preferências, são o “segredo do bolo”.

3 – Pensar em produtos digitais com a mentalidade de Digital First. Ainda pouco se compreende o conceito de produtos digitais e, na educação, o abismo é ainda maior que em outros mercados. Como citei anteriormente, é muito mais complexo realizar uma transformação digital do que nascer digital, e são pouquíssimos os players de educação que já nasceram digitais. São 3 os pilares da jornada digital: (1) Possuir uma cultura de Customer Life Cycle, analisando os comportamentos e necessidades digitais do cliente e atuando nessa base; (2) Promover insumos de futuro digital por meio de análise de tendências e evoluindo ao conceito de ecossistema de plataformas; e (3) Criar soluções e produtos por meio da economia criativa e abrindo possibilidades para negócios mais disruptivos.

Portanto, por mais que a IA ou outro avanço tecnológico invadam o espaço educacional, esses somente serão efetivados mediante a quebra de paredes culturais enraizadas em nossas escolas. De olho na tecnologia, mas com foco no avanço cultural das escolas.

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