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Guia para Gestores de Escolas

A escola do futuro: será possível ?

por Fábio Mariano da Silva

A Educação, reconhecida como direito essencial básico a todos os cidadãos, tem suas diretrizes estabelecidas pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei  9394/96,  cujo o âmbito de abrangência recai sobre as instituições educacionais públicas e privadas, em todas as esferas – federal, estadual e municipal, respeitadas as devidas competências de cada uma delas.

A educação, como norte de um país, deve se valer de princípios que sejam parâmetros para todo o processo de aprendizagem, desde a primeira idade escolar. Os ensinamentos devem formar um conjunto de ideias que possam perpassar toda a vida da criança, do jovem e do adulto, a medida que o conhecimento nunca se esgota e sempre se aperfeiçoa e se amplia.

A cada época é possível ver e ouvir no campo das áreas de atuação as dificuldades encontradas no processo de ensino-aprendizagem, no desenvolvimento desta ou daquela área de conhecimento e que recai por evidência naquele que está em situação escolar de aprendizado.  Permita-me  identificar um primeiro problema: o ensino compartimentado.

A biologia se desprende da matemática, que vive no campo oposto ao português. Nossa língua pátria é a que dá sonoridade a todos os ensinamentos, é o que nos une como nação. Assim estabelecemos as palavras, os significados, as interpretações. Como posso ensiná-la de maneira particular sem relacionar seu conteúdo a outras áreas? É possível numa aula de hortaliças se desprender do português, da geografia, da química e da biologia ? Ah, mas não temos aulas de hortaliças !

A escola como meio de socialização, entre outras instituições, não pode atuar como mecanismo de exclusão. Todos os seres, em todos os âmbitos devem ter as mesmas condições e oportunidades e não sou eu quem digo, é a própria legislação nacional, seguidas de diretrizes internacionais firmadas por meio de acordos. Destaco aí um segundo problema e paro por aqui, já que há muitas questões a serem enfrentadas: a visão binária.

Podemos citar, a título de exemplo, a legislação que indica a necessidade da escola incluir o ensino sobre a História da África. Não podemos fazer isso falando do Halloween. Mas podemos contrapor como a história foi composta de todas as por cada povo, como se deram costumes, como se formam as tradições, as especificidades de cada lugar do mundo. Incluir nos conteúdos, e mais do que isso, na prática e na vivência escolar. Crianças têm alta capacidade de absorção e adaptação às diferenças e não podemos omiti-las e nem poupá-las disso. Ao entender a diferença, o cidadão que está se formando tem as primeiras noções de cidadania.

Todos nós estamos em constante formação. Mas é desde a primeira idade que precisamos dar a oportunidade do talvez. Construímos uma lógica ao longo do tempo em que nossa visão conhece como plataforma de educação o “sim” e o “não”, o “tudo ou o “nada”, o “cheio” e o “vazio”. Mas, e o que fazemos com o talvez ? Onde colocamos a dúvida e de que forma a ligamos ao mundo externo ? Se é da dúvida que nasce a filosofia, é dela que nasce o saber, o amor a curiosidade e a todas as derivações das descobertas.

A interação aluno/escola/meio social é importante para que a escola se desafie às novas configurações do mundo que se torna cada vez mais plural e conectado. Esse desafio é um projeto a ser construído coletivamente por todos aqueles que acreditam na formação cuja  fórmula deve ser o insistente estímulo ao  uso da  criatividade com aproveitamento de todos os recursos materiais, psíquicos e intelectuais com visão global sobre o conhecimento, possibilitando a exclusão da fragmentação disciplinar.

Desconstruir figuras, estimular novas linguagens e saberes, construir pedagogias que mirem a formação cidadã e que faça com que todos aqueles que estão em constante formação se utilizem de toda a sua potencialidade. Porque potencialidade é poder no seu sentido de força para a criação.

 Essa escola do futuro, é possível ?

Fábio Mariano da Silva – Bacharel e Mestre em Direito pela PUC- SP. Doutorando em Ciências Sociais pela PUC-SP. Professor Universitário. Ministra aula em cursos preparatórios para concursos nas áreas de Filosofia do Direito e Teoria Geral do Estado. Promove capacitações temáticas nas áreas de educação corporativa e instituições de ensino. Ministrou cursos sobre Gênero e Diversidade para professores de escolas municipais de SP e para a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, com vista a promover a inclusão.   Contato: [email protected] 

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