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Guia para Gestores de Escolas

A importância da educação empreendedora

Por Eliza Flauzino e Renan Abranches

Ao longo das últimas décadas, não foram poucas as iniciativas no sentido de reformular o ensino brasileiro, alinhando-o às novas demandas do mundo contemporâneo, esse último cada vez mais conectado, globalizado e tecnológico. Entretanto, todas elas fracassaram absolutamente em suas propostas. A questão é: por que?

Da precariedade da infraestrutura, falta de planejamento na destinação dos recursos materiais e humanos, à qualificação insuficiente dos profissionais educadores, muitos são os motivos que explicam esse fenômeno. Porém, o mais relevante é de natureza estrutural. Nenhuma mudança proposta levou em consideração a necessidade de repensar o modelo educacional brasileiro. Ainda educamos crianças e jovens do século XXI aplicando fórmulas do século XVII.

O resultado é o óbvio ululante: estudantes desmotivados, incapazes de relacionar os conteúdos aprendidos às situações práticas do cotidiano e que encaram a escola muito mais como uma obrigação maçante do que uma oportunidade de crescimento pessoal e intelectual.

Nesse sentido, o ponto de partida para a verdadeira transformação no ensino deve reconhecer o indivíduo como um agente protagonista de sua própria história, um ser participativo na sala de aula e capaz de identificar naquilo que aprende os elementos formadores do mundo em que está inserido.

Por essas e outras razões, a educação empreendedora deixou de ser apenas um diferencial pedagógico para se tornar uma necessidade.

Como educação empreendedora entendemos a prática do empreendedorismo em sala de aula como um eixo que articula em torno de si o desenvolvimento de múltiplas habilidades que qualificam a criança para atender aos desafios da vida adulta em um mundo em constante transformação.

Entre essas habilidades, que constituem o perfil empreendedor, podemos mencionar a criatividade, a proatividade, a liderança, a comunicabilidade, a inteligência emocional e as responsabilidades social, ambiental e financeira. Efetivamente, habilidades essenciais para a vida.

A ideia central é a de uma educação capaz de formar indivíduos empreendedores, não apenas de seus eventuais negócios, mas, sobretudo, empreendedores bem-sucedidos de suas emoções, relacionamentos e do próprio conhecimento. Em outras palavras, encarar o empreendedorismo como uma instância formadora da consciência humana.

Nessa perspectiva, é fundamental considerar o aluno não mais como um mero receptor de informações, mas como um agente construtor do conhecimento, numa relação dialética com a realidade, pela qual é influenciado e da qual participa ativamente, moldando-a a partir de suas intervenções e interações.

Por isso, quanto mais cedo se inicia essa formação na vida da criança, mais profundos, efetivos e duradouros serão os seus impactos sobre ela, mas também na sociedade em seu conjunto.

O mundo contemporâneo apresenta demandas para as quais já não se aplicam mais as velhas soluções. O mercado de trabalho, o meio ambiente e o universo da tecnologia não são os mesmos da geração de nossos avós. Portanto, compete às escolas, comprometidas com essa nova realidade, adequarem seus currículos, oferecendo um conteúdo abrangente e alinhado com essas necessidades, sob pena de caírem na obsolescência.

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