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Guia para Gestores de Escolas

As escolas e o DNA da fragmentação

img172Por cerca de 30 anos, a educadora portuguesa Fátima Pacheco, licenciada em Ciências da Educação pela Universidade do Porto, coparticipou da implantação de um projeto diferenciado e inovador na Escola da Ponte, localizada nas imediações daquela cidade.

Unidade da rede pública de educação básica, voltada à etapa equivalente ao Ensino Fundamental, a escola notabilizou-se mundo afora por derrubar as barreiras físicas e pedagógicas que costumam fragmentar a experiência educacional em qualquer parte do globo.

Na Escola da Ponte, ciclos, séries e salas de aula saíram de cena. Deram lugar a um novo conceito de ensino-aprendizagem, em que o interesse e a realidade do aluno dão o ponto de partida para a mediação do professor e a introdução dos saberes, alinhavados por meio de projetos de pesquisa.

Atualmente radicada no Brasil, na região de Campinas, interior de São Paulo, Fátima Pacheco disse, em entrevista à Revista Direcional Escolas, que as escolas estão estruturadas para a fragmentação, desde o espaço físico e o mobiliário, à segmentação do ensino em disciplinas e ciclos. A própria sala de aula não consegue oferecer uma dinâmica integradora, pois lhe faltam materiais às mãos dos alunos, como fonte de pesquisa a ser desenvolvida ali. “As salas ficam nuas, sem sentimento de pertença. Não tem tudo aquilo que o aluno precisa, como livros e periódicos para que se habituem a manusear, a explorar.”

Segundo a educadora, “a mudança na educação básica passa por uma alteração do próprio conceito de escola”. E nem precisa ser radical, ponderou. “É um processo que tem que ser implantado gradualmente. A primeira coisa a mudar é o interior, é desenvolver disposição e depois adquirir a competência para trabalhar em grupo. Temos um DNA de trabalhar sozinho, e não há contributo na área pedagógica que mude essa estrutura.” As mudanças devem começar, então, pela própria sociedade, que precisa rever suas prioridades e valores (como a primazia dos vestibulares).

Fátima defende, principalmente, uma aposta sobre a escola pública, com investimentos na formação dos educadores, para atuar no contexto de uma nova “sala de aula”, na gestão e na organização da escola. “E o investimento não representa mais dinheiro, senão maior exigência. É preciso, em primeiro lugar, que vá para a educação quem realmente acredita na educação”, defendeu. Em Portugal, a Escola da Ponte deixou boas heranças sobre a estrutura pública do ensino, disse Fátima. Ela credita à atual jornada de 35 horas/aulas únicas de todos os professores, sendo cerca de um terço delas não letivas, como resultado das discussões engendradas pela experiência inovadora daquela escola.

Por Rosali Figueiredo

Acompanhe duas experiências de implantação do modelo da Escola da Ponte na rede municipal de ensino de São Paulo:

EMEF Desembargador Amorim Lima

EMEF Presidente Campos Salles

Saiba+

Fátima Pacheco[email protected]

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