Como escolher um sistema de ensino para a sua escola?
Por Rafa Ella Pinheiro / Fotos Divulgação
Conversa com o Gestor
Considerado um dos pilares que estrutura a formação pedagógica de uma instituição, o sistema de ensino compreende um conjunto diverso de ferramentas efetivas que auxilia diariamente no denso processo de ensino-aprendizagem. Para além dos conteúdos didáticos fornecidos, o sistema de ensino deve disponibilizar trilhas metodológicas, proximidade com os propósitos das escolas, formação continuada para educadoras/es, assim como promover diálogos com as demandas atuais e com as habilidades do século XXI
A escolha de um sistema de ensino – ou a sua mudança e/ou atualização – deve ser pensada com cautela, analisando um conjunto de fatores que impactam diretamente no processo educacional de uma escola. Se partirmos do pressuposto de que a educação é, sobretudo, um canal de movimento e formação, o sistema de ensino e as suas funcionalidades e propostas devem ser analisadas à luz das transformações socioculturais contemporâneas, assim como adequada às demandas que emergem das/os alunas/os em sala de aula.
Com isso, diante de tantas mudanças que surgem no/através do processo de ensino-aprendizado como um todo, quais são as principais características que devem ser observadas na hora de escolher e/ou mudar um sistema de ensino para as escolas? A partir desse questionamento, trouxemos nesta edição da Direcional Escolas um especial com apontamentos e sugestões de profissionais que atuam em variadas áreas da educação sobre essa temática. Confira!
Maria Xavier – Gestora de Educação da Fluencypass
“Ao escolher um sistema de ensino em meio às múltiplas demandas que marcam a educação contemporânea, é essencial considerar critérios que ultrapassem apenas a entrega de conteúdos. Como diretora acadêmica de uma escola e editora comprometida com a democratização do ensino de qualidade, acredito que a escolha deve partir de um olhar atento à coerência pedagógica, ao alinhamento com diretrizes nacionais e internacionais, e, principalmente, ao potencial de inclusão e equidade que o sistema oferece.
O primeiro aspecto a ser observado é a intencionalidade pedagógica do sistema. Em um cenário em que o tempo pedagógico é precioso, é indispensável que o material didático traga clareza de objetivos, coerência entre os componentes e estratégias efetivas para o desenvolvimento das habilidades previstas pela BNCC, que é a matriz curricular brasileira. Um bom sistema não se limita a apresentar exercícios em contexto físico ou digital, mas oferece caminhos metodológicos para que o professor possa mediar aprendizagens significativas, respeitando o ritmo e o repertório de cada aluno.
Outro ponto essencial é o compromisso com a formação docente. Um sistema de ensino que se propõe a promover resultados acadêmicos excelentes precisa caminhar junto com os professores, oferecendo apoio contínuo, formação crítica e recursos que os ajudem a traduzir a teoria em prática em sala de aula. A qualidade do ensino passa, necessariamente, pelo fortalecimento do educador como agente de transformação pedagógica.
Também é fundamental que o sistema seja sensível à pluralidade cultural e à diversidade de estudantes em uma mesma escola. Isso significa propor soluções acessíveis, tecnológicas e inclusivas que possam alcançar diferentes contextos e necessidades de aprendizagem.
Por fim, é preciso considerar o propósito por trás do sistema. Em nossa escola e editora, entendemos a educação como uma ponte para oportunidades, cidadania global e protagonismo juvenil. Escolher um sistema de ensino, portanto, é uma decisão estratégica que deve refletir o projeto de mundo que queremos construir: mais justo, mais plural e com mais respeito à diversidade.”
Maria Xavier – Gestora de Educação da Fluencypass
Professora Maria Cristina Alves – Fundadora da Rede Alfa CEM Bilíngue
“Diante das constantes transformações sociais, culturais e tecnológicas, a escola contemporânea assume um papel cada vez mais desafiador na formação das novas gerações. Escolher um sistema de ensino hoje é, acima de tudo, uma decisão estratégica e pedagógica, que deve considerar muito mais do que apenas conteúdos organizados em apostilas. É necessário observar se essa estrutura curricular está alinhada aos princípios educacionais da escola, se promove uma aprendizagem ativa e significativa e se oferece uma formação integral que vai além do desempenho acadêmico tradicional. A escola precisa formar cidadãos conscientes, autônomos e preparados para lidar com um mundo em constante movimento.
Um sistema de ensino eficiente deve ser capaz de articular conhecimentos acadêmicos às competências socioemocionais e às habilidades essenciais do século XXI, como criatividade, colaboração, pensamento crítico, empatia e resolução de problemas e, mais do que isso, ele deve ser capaz de se manter atualizado diante de todas as mudanças pelas quais a sociedade passa. Também é importante avaliar se ele valoriza o protagonismo estudantil, respeita os ritmos de aprendizagem e está atento à diversidade cultural e social dos estudantes. A aprendizagem não pode mais ser vista como um processo linear, e sim como uma jornada dinâmica, construída com intencionalidade, propósito e mediação qualificada.
Outro ponto essencial é a formação continuada dos professores e a valorização do trabalho docente. Um sistema de ensino relevante deve caminhar ao lado dos educadores, oferecendo não apenas materiais didáticos, mas também suporte pedagógico, espaços de escuta e oportunidades permanentes de formação. São os professores que fazem o currículo acontecer na prática, e por isso sua voz e seu protagonismo devem ser considerados na construção de qualquer proposta educacional. Escolher um sistema que valoriza a escuta ativa e a participação do corpo docente é garantir que a prática pedagógica seja viva, contextualizada e significativa.
Na Rede Alfa CEM Bilíngue, optamos por seguir um caminho diferente: desenvolvemos nosso próprio material didático, totalmente alinhado à nossa proposta pedagógica e às demandas reais dos nossos alunos. Isso nos permite garantir a coerência entre o que acreditamos como projeto educativo e o que é vivido cotidianamente em sala de aula. Nossa proposta é pautada pela inovação, pela autonomia intelectual e pela formação integral. Buscamos não apenas ensinar conteúdos, mas inspirar nossos alunos a aprenderem a aprender. Uma competência essencial para a vida pessoal, acadêmica e profissional no século XXI.
Nosso currículo de vanguarda contempla um robusto programa de letramento bilíngue, certificado pela Universidade de Cambridge, presente em todos os níveis de ensino. Não buscamos receitas prontas, mas soluções criativas e contextualizadas para cada realidade. A produção própria de material didático nos dá a liberdade e a flexibilidade de construir trilhas de aprendizagem personalizadas e atualizadas, sem engessar o processo educativo em modelos pré-formatados.
Dessa forma, entendemos que mais do que adotar um sistema de ensino, é preciso ter clareza de qual projeto de educação se quer construir. As escolas devem refletir sobre sua missão, seus valores e sobre o tipo de ser humano que desejam formar. Em tempos de tantas mudanças, incertezas e demandas emergentes, é essa coerência entre intenção pedagógica e prática concreta que faz toda a diferença. Na Rede Alfa CEM Bilíngue, nossa missão é clara: formar alunos bilíngues, críticos, criativos e emocionalmente preparados para transformar o mundo — e fazemos isso com intencionalidade, inovação e compromisso com a excelência educacional.”
Professora Maria Cristina Alves – Fundadora da Rede Alfa CEM Bilíngue
Rodrigo Fulgêncio – Diretor executivo do Poliedro Sistema de Ensino
“Diante das mudanças que estão acontecendo no cenário educacional, escolher um sistema de ensino torna-se uma decisão estratégica para as instituições de ensino. Esse processo deve considerar, além da qualidade dos materiais didáticos e das tecnologias educacionais envolvidas, a coerência entre os valores da escola e as soluções oferecidas pelo sistema. É essencial que essa escolha respeite a identidade da instituição, reconhecendo o que é fundamental na sua prática pedagógica e estabelecendo uma parceria que traga resultados para toda a comunidade escolar.
Um sistema de ensino precisa demonstrar capacidade de resposta aos desafios atuais com agilidade, consistência e visão de futuro. Isso inclui o uso inteligente de tecnologia, com plataformas digitais eficazes, dados que alimentem o planejamento pedagógico e que favoreçam a personalização da aprendizagem. A tecnologia, no entanto, só faz sentido quando integrada a uma proposta pedagógica sólida, que valorize o protagonismo dos estudantes e esteja alinhada à BNCC. Assim, é possível oferecer qualidade acadêmica na elaboração e manutenção dos materiais didáticos.
A formação contínua de professores e gestores também tem um peso importante na avaliação de um sistema de ensino. O suporte oferecido precisa ir além da entrega de materiais: deve englobar acompanhamento pedagógico, capacitação constante e apoio na gestão dos processos escolares. O compromisso com o desenvolvimento profissional dos educadores é o que garante a aplicação eficaz das metodologias propostas e potencializa os resultados no cotidiano escolar.
Outro aspecto relevante é a relação de parceria construída entre a escola e o sistema de ensino. Essa colaboração deve abranger outras áreas essenciais da gestão educacional, como o marketing institucional, ajudando a fortalecer a imagem da escola e a valorizar seus diferenciais no mercado. Um sistema que trabalha em conjunto e se dedica aos objetivos de cada instituição cria um ambiente de segurança, credibilidade e reconhecimento para as famílias e para a comunidade.”
Rodrigo Fulgêncio – Diretor executivo do Poliedro Sistema de Ensino
Elvis Fusco – Superintendente executivo da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia
“A escolha de um sistema de ensino deve priorizar propostas que ofereçam transformação profunda e intencional da prática pedagógica observada nas escolas. Frente às demandas emergentes da educação atual, deve ser sustentado por uma filosofia educacional sólida e inovadora, como é o caso do Profound Learning, desenvolvido por Tom Rudmik e implementado com sucesso na Master’s Academy & College, no Canadá. Reconhecida como a melhor escola da província de Alberta, a instituição comprova os impactos positivos de um modelo que integra propósito, identidade, liderança e aprendizagem profunda. Essa abordagem filosófica, premiada internacionalmente, serve como referência para modelos educacionais que buscam formar estudantes capazes de imaginar e construir futuros desejáveis.
A Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia (FSNT), por meio do Imaginal Transformation Center Brasil (ITC Brasil), tem promovido essa transformação com apoio da Imaginal Education, organização canadense responsável pelo desenvolvimento da Filosofia Imaginal e da metodologia Profound Learning, iniciativas que vão além da transmissão de conteúdo, promovendo uma nova visão de aprendizagem, centrada no aluno, em sua autonomia e em seu potencial criativo.
É essencial que o sistema de ensino ofereça formação prática e continuada aos educadores, com foco em elementos essenciais para a inovação, como cultura organizacional, criatividade, neurociência aplicada, personalização e prontidão para o futuro. O programa de inovação do ITC Brasil, baseado nesses pilares, promove ambientes dinâmicos de aprendizagem que respondem de forma direta às necessidades dos alunos. Ferramentas pedagógicas modernas, como a utilização da inteligência artificial para construir aventuras de aprendizagem, também fazem parte de um sistema alinhado com as exigências da sociedade contemporânea.
Outro critério importante é a escalabilidade e impacto real do modelo educacional. A FSNT e o ITC Brasil têm levado o Profound Learning a diversas cidades, universidades e redes educacionais em todo o Brasil, e agora também ao Paraguai. Essa disseminação nacional mostra que o modelo de educação é adaptável e capaz de gerar transformação sistêmica em contextos variados. Escolas que adotaram a metodologia tiveram avanços significativos em indicadores educacionais, mostrando que os resultados positivos estão diretamente ligados à escolha de um sistema de educação transformador.
Por fim, a evidência prática mostra que a chave da mudança está no sistema, não nos indivíduos isoladamente. Escolas que passaram a usar o modelo Imaginal Learning migraram de baixos índices educacionais para posições de destaque em seus municípios. Isso reforça a importância de selecionar sistemas educacionais que enxerguem o aluno como protagonista da sua aprendizagem, que empoderem os educadores com métodos atualizados e que estejam comprometidos com a construção de uma educação mais significativa, relevante e voltada ao futuro.”
Elvis Fusco – Superintendente executivo da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia
Prof. Denis Ricardo Senerino – Diretor Escolar do Colégio São Camilo-SP Ensino Técnico
“Antes de escolher um sistema de ensino, principalmente no estado de São Paulo devido a alta demanda e concorrência de escolas privadas, uma das características principais é a escolha do perfil curricular, metodologia de ensino, valores e missão da instituição de ensino, objetivando a construção do ensino-aprendizagem, auxiliando na empregabilidade, no caráter e na ética aluno.
O mantenedor junto do diretor escolar deve refletir sobre tendências educacionais, inovação tecnológica e inclusão, que hoje é fundamental para além de tornar o aprendizado mais interativo e atraente, fomentar o desenvolvimento humano, junto de ferramentas que focam em metodologias ativas e excelência no produto que são os alunos, tendo uma formação responsável garantindo uma excelência e equidade para construção de um futuro sustentável, seja em qualquer área de formação.
A BNCC é um documento essencial que as escolas devem seguir para nortear os conteúdos e habilidades que serão definidos e desenvolvidos em cada etapa educacional de sua instituição, junto da infraestrutura correta e adaptada para cada etapa do ensino. Não podemos citar questões administrativas e esquecer que o aprimoramento da equipe escolar e fundamental para os processos escolares, o investimento em capacitação continua é uma característica fundamental para manutenção e excelência do ensino.”
Prof. Denis Ricardo Senerino – Diretor Escolar do Colégio São Camilo-SP Ensino Técnico
Sabrina Scabin Fragoso Siroto – cofundadora e diretora pedagógica do Colégio Carlota Benedita
“A escolha de um sistema de ensino deve considerar, antes de tudo, sua flexibilidade e capacidade de se adaptar às realidades específicas de cada etapa escolar. Na educação infantil, por exemplo, é fundamental que o sistema não seja engessado, mas permita movimento, escuta ativa da criança, respeito ao tempo individual e um ambiente acolhedor.
Nessa fase, o foco deve estar no desenvolvimento integral da criança – aspectos cognitivos, motores, sociais e emocionais precisam ser estimulados equilibradamente. Um bom sistema de ensino oferece essa base, permitindo que temas sejam abordados de maneira concreta e lúdica, promovendo o aprendizado por meio da brincadeira e da experimentação. Isso garante que a criança aprenda fazendo, criando e interagindo, o que fortalece vínculos e estimula o pensamento crítico desde cedo.
Sistemas excessivamente centrados em conteúdo e com pouca margem de adaptação podem comprometer a qualidade da aprendizagem. Quando há pressa em ‘cumprir o conteúdo’, perdem-se momentos preciosos de observação, escuta e apoio individualizado. Um sistema de ensino deve possibilitar à escola abrir temas, aprofundá-los conforme o interesse das crianças e favorecer a aprendizagem significativa — e não apenas o registro mecânico de informações.
Além do material didático em si, é essencial que o sistema de ensino ofereça liberdade para o uso de materiais complementares, como vídeos, jogos e atividades externas, que dialoguem com os temas propostos. Essa abertura permite maior interação e engajamento por parte das crianças, tornando o processo mais rico e contextualizado. Aqui no Colégio Carlota Benedita, por exemplo, utilizamos o material didático ‘Quero saber mais’, da FTD, que permite integrar outras ferramentas de apoio à aprendizagem.
O suporte pedagógico contínuo oferecido pela empresa responsável pelo sistema também deve ser observado. A formação continuada dos professores, a atualização constante diante das novas diretrizes educacionais e a possibilidade de diálogo com consultores pedagógicos são diferenciais que impactam diretamente a qualidade do ensino. Afinal, um sistema de ensino eficaz é aquele que também forma educadores preparados para ensinar com propósito, sensibilidade e atualidade.”
Sabrina Scabin Fragoso Siroto – cofundadora e diretora pedagógica do Colégio Carlota Benedita
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