Como o pensamento crítico contribui para a formação integral das crianças na escola
Por Erika Valesca

A disseminação de desinformação tem se tornado uma preocupação crescente, especialmente com o aumento do acesso das crianças a dispositivos e conteúdos digitais. No contexto educacional, a questão das fake news é cada vez mais relevante, e, como se viu na questão 45, da prova de Linguagens, códigos e suas tecnologias do Enem 2024, há um claro reconhecimento da importância de abordar esse tema desde cedo. O objetivo é desenvolver habilidades como o pensamento crítico e consequentemente o letramento midiático das crianças, preparando-as para identificar e questionar informações falsas.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já reconhece a importância da computação e do letramento digital na formação dos alunos, integrando essas competências nas diferentes etapas de aprendizagem. Este movimento é essencial para enfrentar a crescente onda de desinformação que afeta tanto adultos quanto crianças, pois o ambiente digital é, cada vez mais, parte do cotidiano infantil. Com o compromisso de propiciar condições de aprendizagem dessas habilidades de forma lúdica, os livros do SAS Educação em 2025 trazem questões para desenvolver o pensamento crítico.
As crianças, que muitas vezes, são expostas a conteúdos sem a devida mediação e, sem o desenvolvimento de habilidades críticas, podem ser facilmente influenciadas por informações erradas ou distorcidas ou conteúdos inadequados à sua idade. Como educadores temos o dever de contribuir para a formação integral dos alunos.
Este é um dos pilares para formar cidadãos capazes de tomar decisões, baseadas em dados confiáveis e com análises mais críticas. Isso deve acontecer em um ambiente no qual os pequenos aprendam a questionar, investigar e refletir sobre o que leem, veem e ouvem.
O letramento midiático, que envolve a habilidade de interpretar e avaliar a informação proveniente de diversas mídias, é uma competência essencial. É assim que a criança começa a perceber que nem toda informação encontrada na internet é verdadeira, e passa a compreender como identificar as fontes confiáveis.
Mas como criar estratégias práticas para combater a desinformação na sala de aula?
Implementando práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento do pensamento crítico, aqui vai algumas dicas:
1 – Incentivar as crianças a buscarem mais de uma fonte de informação e a comparar as informações apresentadas, isso de maneira lúdica, utilizando recursos visuais, como ilustrações e vídeos, e facilitando o entendimento dos conceitos de “verdadeiro” e “falso” de maneira simples e acessível.
2 – Assembleias e rodas de conversas que propiciem discussões em um ambiente onde o questionamento seja estimulado. Aprofundar-se nas questões “como você sabe que isso é verdade?” ou “de onde vem essa informação?” ajuda a criança a entender que as informações precisam ser verificadas antes de serem aceitas como verdade.
3 – Observando a possível imersão das crianças no mundo digital. É essencial que a escola promova atividades que antecipem e ajudem as crianças a desenvolver habilidades para distinguir entre diferentes tipos de conteúdo online, incluindo a análise de notícias falsas e a explicação sobre a disseminação da desinformação.
Mas sabemos que o desafio de combater a desinformação não pode ser enfrentado isoladamente. Ele exige um esforço coletivo entre educadores, famílias e a sociedade como um todo. A educação na infância, em particular, é um momento chave para plantar as sementes do pensamento crítico, pois as crianças estão desenvolvendo “a todo vapor” suas habilidades cognitivas, emocionais e sociais.
Incorporar esses temas no currículo, como foi abordado neste Enem 2024, é uma maneira de destacar a importância da educação das crianças no enfrentamento dos desafios contemporâneos. Pode ser uma oportunidade para refletir sobre o papel dos professores na formação de futuros cidadãos críticos, capazes de distinguir e reagir à desinformação de maneira ética e responsável.
A sociedade do futuro exponencial depende da capacidade das novas gerações de pensar de maneira independente, questionar a veracidade das informações e compartilhar apenas aquilo que é confiável. Investir no desenvolvimento do pensamento crítico e no letramento midiático nas primeiras fases da educação é um passo fundamental para garantir que as próximas gerações possam não apenas lidar com a desinformação, mas também liderar a construção de um ambiente mais informado e ético para todos nós.