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Guia para Gestores de Escolas

Competências socioemocionais e sabedoria digital

Foram grandes e importantes os progressos tecnológicos que aconteceram nos últimos 60 anos, sendo esse processo mais acelerado a partir dos anos 2000. Essas mudanças imprimiram um impacto profundo na maneira de viver, trabalhar, se relacionar, comunicar e aprender. Se, no passado, as crianças e os jovens aprendiam com os adultos, a situação agora está mudada, pois eles são capazes de fazer coisas no mundo da tecnologia digital que são desconhecidas por muitos pais e educadores, determinando uma mudança nas dinâmicas e nos equilíbrios.

O mundo conectado, muitas vezes, nos absorve e nos dissocia da realidade e das pessoas ao nosso redor. A vida online proporciona uma gratificação imediata, que nos faz obter rapidamente o que queremos (busca por notícias, vídeos e imagens, etc.), de uma forma até então inimaginável. Se, no entanto, essa busca por prazer imediato se tornar excessiva, o desconforto e o mal-estar surgem, especialmente nas crianças e jovens que estão em uma fase de crescimento e formação. E é por esse motivo que elas são mais vulneráveis.

As novas gerações são “Filhos do Digital” – Digital Natives. Esse termo foi criado em 2001, pelo educador americano Marc Prensky, autor do artigo “Digital natives, digital immigrants” (“Nativos digitais, imigrantes digitais”) e que, em 2010, introduziu o conceito de Sabedoria Digital. As nossas crianças e jovens são Digital Natives, isso não significa que sejam capazes de enfrentar, como por mágica, os desafios do mundo digital. Eles precisam da orientação e supervisão dos pais e professores no que diz respeito à Sabedoria Digital, que é a capacidade crítica e consciente de como usar as ferramentas digitais.

A Sabedoria Digital pode, e deve, ser aprendida e ensinada, sem ser confundida com a destreza e habilidade digital que as novas gerações têm. Saber usar uma determinada tecnologia, sem sabedoria, é como saber ler sem compreender o significado.

“São os humanos, não as máquinas, que criam significado”. Essa frase, do filósofo e psicanalista Miguel Benasayag, nos faz refletir sobre a importância do equilíbrio entre o mundo da tecnologia e o mundo interior do ser humano. Por isso o desafio que os nossos jovens têm pela frente é não se perder no mundo digital, mas utilizá-lo de forma mais adequada para os resultados desejados, sem perder a própria sensibilidade, emoção e humanidade, equilibrando a capacidade de interação social e o uso das ferramentas digitais.

A tecnologia não substituirá a capacidade humana de intuição, bom senso, emoções, resolução de problemas, tomada de decisão, valores humanos, éticos e morais. Por esse motivo, além das competências técnicas do mundo digital, é importante fortalecer nas crianças e nos jovens, competências essenciais para que eles consigam fazer esse processo de integração das vantagens do mundo digital na própria vida e chegar à sabedoria digital. É importante fortalecer as seguintes áreas de competência:

Competências pessoais: autorreflexão, autogestão, autonomia organizacional, autodisciplina, perseverança, motivação e autoeficácia.

Competências sociais: comunicação, colaboração, cooperação, capacidade de trabalhar em grupo e de se relacionar, responsabilidade social, empatia, gestão da diversidade.

Competências cognitivas: habilidades de resolução de problemas, pensamento crítico e criatividade.

Competências produtivas: as habilidades de criatividade, proatividade, determinação, ação, poder de inovação e iniciativa.

Competências éticas e os valores humanos fundamentais: honestidade, respeito, gratidão, igualdade, justiça social e confiabilidade.

O que é interessante evidenciar como reflexão para os nossos jovens é a importância dessas competências pessoais, sociais, cognitivas, produtivas e éticas como princípios que norteiam nossos atos e nossas condutas, orientando cada um de nós a escolher e agir de uma determinada maneira. É a interação equilibrada entre sermos humanos e a tecnologia, que dá origem à Sabedoria Digital. A combinação das competências socioemocionais, com as possibilidades concedidas pela tecnologia, como o armazenamento e o processamento de grandes quantidades de dados, traz benefícios indiscutíveis ao nosso funcionamento cognitivo. Ensinar essas competências socioemocionais, desde a infância, equilibrada com as competências técnicas e digitais, permite aos jovens se tornarem adultos mais fortes nas suas emoções e confiantes nas próprias capacidades, além de líderes inspiradores e cooperativos, e seres humanos mais felizes.

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