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Guia para Gestores de Escolas

Dica — Sala de Música

Matéria publicada na edição 49 | Junho/Julho 2009 – ver na matéria online

Ambiente exclusivo permite explorar sons, ritmos e …o silêncio.

Por Rosali Figueiredo

A lei 11.769/2008, que tornou novamente obrigatório o ensino de música na educação básica, completará um ano no próximo mês de agosto. Restarão ainda dois para que as escolas se adaptem ao dispositivo legal, em que a obrigatoriedade não significa exclusividade e, desta forma, as instituições de ensino vêm se adequando e procurando, muitas vezes, criar ambientes apropriados e associar música e teatro, entre outras interfaces possíveis.

A professora Maria Zeí Biagioni, especialista, instrumentista e autora de livros na área, afirma que os jogos e brincadeiras musicais que exploram o ritmo representam bons pontos de partida para a educação musical. “Eles desenvolvem o gosto, a sensibilidade e a apreciação artística. Primeiro a criança vivencia a emoção, somente depois parte para o entendimento mental.” Segundo ela, “através do ritmo e dos sons é possível desenvolver o potencial que está dentro de cada um, o que irá servir para o exercício de qualquer profissão. O cirurgião ou o carpinteiro precisam, por exemplo, de senso rítmico e desenvolvimento motor fino”.

Uma boa opção para as escolas, prossegue Maria Zeí, é iniciar os trabalhos com a formação da bandinha, e posteriormente, quando houver oportunidade, participar de fanfarras, além de organizar corais, conjuntos musicais e orquestra de cordas. A  bandinha seria mais apropriada para a pré-escola, a partir dos 4 anos de idade, enquanto que bandas ou conjuntos poderiam ser desenvolvidos no Ensino Médio. A bandinha requer instrumentos de percussão, como reco-reco, chocalho, tamborzinho, pandeiro, triângulo, coco, etc.

Outro aspecto importante reside no ambiente destinado à educação musical, destaca Katia Cristina Murillo, coordenadora de arte e música das escolas Positivo e graduada em Educação Artística pela Universidade Federal do Paraná. “A sala de música deve ser um local que permita explorar movimentos corporais, construir e explorar instrumentos musicais, ilustrar o que é estudado e trabalhar tanto os sons quanto o silêncio. Só o fato de estarem em outro local, diferente da sala de aula habitual, já propicia às crianças uma sensibilidade ao tema que o professor se propõe a ensinar.”

No Colégio Santa Maria, localizado no Jardim Marajoara, zona Sul de São Paulo, as aulas de música acontecem em sala ambiente, equipada com diversos instrumentos, aparelho de som, TV, DVD, entre outros. Mas, conforme a necessidade, as atividades são desenvolvidas ao ar livre, diz Adriana Francato, bacharel em piano pela Unesp, licenciada em educação musical e mestre em musicologia pela Universidade de São Paulo. Segundo Adriana, professora do 4º e 5º ano da escola, a música sempre fez parte da grade curricular do Fundamental I do colégio. Mas já na Educação Infantil ela aparece incorporada ao trabalho das professoras e, após o 6º ano, torna-se coadjuvante das aulas de teatro. “Procuramos também integrar a música a outras áreas do conhecimento, como no ensino da poesia ou no estudo da imigração.”

Entre o 1º e 5º ano, o ensino de música no Colégio Santa Maria está ligado ao movimento corporal, relata Adriana. “No 1º ano, ocorrem brincadeiras lúdicas e atividades de sensibilização, associadas à questão rítmica do corpo. No 2º, acrescenta-se a produção vocal e o ensino dos instrumentos das orquestras. No 3º, inicia-se o estudo da flauta doce e, no 4º ano, há uma vivência mais intensa com os instrumentos, como a flauta e percussão variada”, descreve. Finalmente, no 5º ano, o foco recai na criação e na produção artística, observa a professora, destacando que os alunos criam pequenas melodias e sonoplastias, e entram em contato com instrumentos como o violão, além do conhecimento da linguagem musical.

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