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Guia para Gestores de Escolas

Dica — Terceirização de Idiomas

Matéria publicada na edição 54 | Dezembro 2009 / Janeiro 2010 – ver na edição online

Parcerias ajudam a suprir déficit de professores.

A Lei Federal n.° 11.161/2005, que obriga as escolas a oferecerem o ensino da língua espanhola aos seus alunos a partir de 2010, tem dado certo trabalho aos mantenedores. “O processo de introdução do Espanhol como segundo idioma ainda está moroso, principalmente pela falta de profissional qualificado”, observa Adriana Lila Albertal, diretora da área de soluções para os colégios em uma prestigiada rede de ensino de idiomas de São Paulo. A própria escola a qual está vinculada vem formando professor de espanhol nos últimos anos e procurando suprir esta lacuna do mercado. A tarefa não é fácil, pois o ensino de idiomas requer o conhecimento e a prática da língua, “além de habilidades interpessoais, como ser uma pessoa ativa”. “É um universo com certa complexidade”, diz.

O problema não é exclusivo do Espanhol e envolve o próprio Inglês, há muito tempo presente no currículo obrigatório das escolas brasileiras. “A falta de qualificação é uma barreira, pois é necessário um professor que apresente fluência no idioma, além do conhecimento da língua e metodologia para ensinar”, avalia Edimara de Lima, psicopedagoga e coordenadora pedagógica do Congresso Saber, anualmente realizado pelo Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo). Edimara é também diretora da Prima Escola Montessori, localizada no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo.

Segundo ela, grande parte dos profissionais graduados hoje nas universidades brasileiras apresenta domínio mais teórico que prático, “conhecem Shakespeare em profundidade, mas não conseguem manter um diálogo em inglês”. É nesse contexto que a terceirização do ensino de idiomas tem ajudado as escolas a enfrentar o desafio, pois as redes oferecem desde cursos intracurriculares até consultorias e acompanhamento permanente da equipe de professores das instituições. “Quando a escola terceiriza, se desfaz de toda a problemática de seleção e avaliação deste professor”, aponta Edimara.

Por outro lado, a terceirização deve assegurar um docente qualificado, “senão não vale a pena”, pondera a diretora. Na Prima Montessori a direção optou pelo investimento em profissionais próprios. “Fomos buscá-los no mercado das escolas ‘top’ de inglês”, afirma Edimara. Com cerca de 220 alunos, a instituição montou turmas de inglês com no máximo oito alunos, em uma carga horária maior, equivalente às horas aulas das disciplinas de Português e Matemática. Nas escolas maiores, a terceirização torna-se uma boa alternativa, já que o parceiro traz todo um know-how no ensino do idioma. É o caso do Colégio Madre Paula Montalt, localizado na zona oeste de São Paulo, instituição com 50 anos de atuação. “Era um sonho antigo ter esse serviço aqui dentro, mas somente agora, em que estamos ampliando o número de salas, pudemos trazê-lo”, afirma a diretora Alvina Borges de Paiva, também conhecida como Madre Imaculada.

O colégio optou por duas modalidades de parceria com uma tradicional rede de ensino de inglês, presente em 57 escolas de educação básica: um curso intracurricular, que será aplicado na educação Infantil (Jardim I e II) e acompanhará as turmas em todo percurso escolar futuro; e o extracurricular, com aulas extras, que serão pagas de forma independente pelos pais dos alunos, do Ensino Funamental ao Médio.

“É uma grande vantagem para os estudantes, que já estão aqui dentro e não precisarão fazer um novo deslocamento para freqüentar as aulas, e uma facilidade para os pais”, observa Madre Imaculada. Os horários ainda serão definidos, pois as classes serão montadas após avaliação e classificação dos interessados, mas a ideia da mantenedora é oferecê-las na sequência do currículo convencional da escola. Serão formadas turmas com um mínimo de nove alunos, para duas aulas semanais, que irão variar de 50 a 100 minutos, conforme a etapa de desenvolvimento na língua.

A diretora destaca ainda os preços mais baixos, em torno de 10% inferiores aos valores praticados pelo parceiro em sua rede própria. Segundo a executiva Adriana Albertal, é comum acontecer uma queda em função da estrutura oferecida pela escola da educação básica, e também “porque não há esforço para captação do aluno, há uma divisão de responsabilidades em relação a isso, o que permite a redução dos custos”.

Já a responsabilidade pelo acompanhamento pedagógico do aluno muda de acordo com o tipo de serviço contratado. “Quando se terceiriza o ensino intracurricular, é importante que a escola preserve o seu comando e acompanhe o ensino do idioma da mesma forma como o faz com todos os seus projetos”, destaca a psicopedagoga Edimara de Lima. Já o extracurricular funciona de maneira independente, mas, ainda assim, a psicopedagoga recomenda “um mínimo de equilíbrio e coerência” entre as propostas desenvolvidas no currículo normal e na modalidade extra.

Outra possibilidade que o mercado de parcerias oferece às mantenedoras é o trabalho de consultoria junto ao seu quadro docente permanente. A empresa que Adriana Albertal dirige, por exemplo, realiza desde o processo de seleção deste profissional até o planejamento pedagógico do curso. “Avaliamos a competência lingüística do professor e fazemos uma proposta de nova seleção caso ele esteja abaixo de um nível que consideramos razoável para o ensino do idioma.” Também é oferecido suporte para capacitação e um programa de valorização e manutenção do profissional qualificado. Adriana atua junto a 14 escolas com parcerias no ensino do Inglês ou Espanhol. Sua expectativa é ampliar rapidamente a clientela, especialmente pelo contexto de déficit de professores.

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