“É preciso formar professores capazes de usar a IA no cotidiano”, destacou docente da UTFPR durante evento

No terceiro dia da Bett Brasil 2025, o painel “O que os professores da educação básica revelam sobre o uso de IA na sala de aula: desafios, percepções e possibilidades” reuniu Camila Sestito, professora da UTFPR – Cornélio Procópio e coordenadora do projeto TEDI (Tecnologia e Educação Digital para a Terceira Idade), Robson Bonidia, doutor em Ciência da Computação e líder do projeto InteliGente, e Wellington Cruz, o presidente-fundador do Instituto Significare,
O debate foi embasado em uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Significare em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que ouviu 346 professores de todos os estados brasileiros. A conversa trouxe reflexões sobre o uso real das tecnologias em sala de aula, abordando pontos como segurança, ética e inclusão digital. “Com esta pesquisa, abrimos uma série de questões importantes, como perceber as peculiaridades do Brasil de uma forma humana e, a partir daí, falar sobre Inteligência Artificial. Procuramos entender os dilemas dos nossos professores, das nossas escolas e as necessidades urgentes da Educação”, explicou o professor Wellington.
Desafios e oportunidades no uso da IA
Um dos principais achados do levantamento é que, embora a maioria dos professores possua conhecimento básico sobre IA, poucos dominam seu uso de forma avançada. Para Camila, isso aponta para dois grandes desafios: “É preciso formar professores capazes de usar a IA no cotidiano e, ao mesmo tempo, prepará-los para apoiar os alunos nesse processo”.
Apesar das limitações, mais de 80% dos docentes entrevistados veem benefícios na aplicação da IA em sala de aula, especialmente para planejamento de aulas e criação de conteúdos interativos. Cerca de 61,6% já utilizam ferramentas generativas de IA para obter ideias, elaborar planos de aula e desenvolver materiais, embora apenas 14,3% tenham incorporado a tecnologia na criação efetiva de materiais didáticos.
Entre os principais obstáculos apontados pelos educadores estão a falta de acesso à internet, escassez de equipamentos, ausência de suporte técnico e, sobretudo, a falta de tempo.
Ética, responsabilidade e formação crítica
Robson Bonidia ressaltou que não basta apenas levar tecnologia às escolas; é fundamental garantir o uso ético e responsável. “Não adianta introduzir IA em uma região e negligenciar outras menos desenvolvidas”, alertou. Ele também destacou a necessidade de formar estudantes conscientes e críticos quanto ao uso dessas ferramentas.
Para Cruz, a responsabilidade ética no uso da IA deve fazer parte da formação dos alunos. “Cerca de 78,3% dos professores acreditam que é fundamental educar os estudantes sobre a ética no uso da IA — e mais do que isso, avaliar se eles realmente aprenderam a utilizá-la de forma crítica e consciente”, disse ele.