Em tempos de polarização, maior cuidado com a educação
Em outubro de 2018, assistimos a uma eleição recheada de embates e de acusações que pouco contribuíram para fortalecer nosso já gasto e puído tecido democrático. Em vez de argumentos e de propostas, a eleição foi marcada pelo ódio e violência, o que afetou muitas relações pessoais.
O clima político também reverbera na escola, e mesmo as crianças também são afetadas pela intensa polarização. O assunto que surge em casa, após ouvir a conversa de seus pais, também é levado para as salas de aulas, seja entre alunos, entre alunos e professores, ou mesmo entre todos os membros da comunidade escolar.
Por isso, o que as instituições de ensino podem fazer para “acalmar os ânimos”? O que deve ser feito para resguardar o colégio e as crianças, alunos que vão herdar o país de amanhã?
O diálogo, em primeiro lugar, deve ser sempre fomentado, porque é a base de qualquer estrutura democrática. Sem o debate sadio e a argumentação, não saímos do lugar, não somos capazes de entender nossa posição e de sugerir transformações efetivas e realistas à nossa sociedade.
A alternativa oposta, qual seja, a de proibir conversas sobre política, pode se revelar, na verdade, como uma censura, uma vez que se trata de um tema latente em nossa sociedade, e mesmo as crianças, com sua inata curiosidade, querem saber como funciona e como podem ser inseridas.
No entanto, o debate sobre política pode deixar de ser respeitoso. O que fazer nessas situações?
É relevante deixar claro que não devemos fomentar a violência. Ao perceber que a conversa, ainda que sobre tema oportuno como a política, saiu do campo do respeito, cabe aos educadores reforçar valores democráticos e acalmar os ânimos. É importante não se posicionar politicamente a favor ou contra determinado candidato, mas é possível fincar quais os objetivos perseguidos pelo nosso país e refletir sobre a dificuldade em alcançar o bem comum e a paz social.
Os pais e alunos devem ter cuidado em não fomentar conversas acaloradas sobre política, assim como os educadores, a fim de manter a harmonia necessária para propiciar a educação no ambiente escolar.
A instituição de ensino, ainda, deve assegurar ambiente de trabalho protetivo ao professor, garantindo a proteção de sua liberdade de cátedra. Há de se ter cautela com as acusações que alguns responsáveis realizam contra os docentes, uma vez que a pluralidade de ideias deve ser perseguida. Isso porque inexiste fundamento jurídico que permita excessivo grau de fiscalização sobre a atividade do docente, haja vista que os alunos não necessariamente podem seguir sua determinação, mas sim refleti-la.
A legislação educacional é clara a respeito do papel transformador da educação para a sociedade brasileira. As situações que eventualmente maculem o papel da educação devem ser avaliadas individualmente e com cautela, contando sempre com o amparo jurídico. Ainda assim, o respeito e a tolerância continuam sendo os pilares fundamentais para a vida em sociedade.