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Guia para Gestores de Escolas

Ensino bilíngue: Experiências no ensino a distância

A globalização produz efeitos significativos em todas as esferas sociais e, consequentemente, na base de todo o desenvolvimento – a educação. Os aspectos positivos de um panorama global, compreendem uma imersão progressiva em uma educação plural e multicultural, gerando, assim, uma formação que ultrapassa as esferas da sala de aula e instaura-se em experiências duradouras.

Neste cenário, que reflete no desenvolvimento educacional, algumas projeções alteram as modalidades pedagógicas e os fluxos existentes no interior de cada instituição de ensino, promovendo, assim, uma aproximação à uma realidade multicultural – destacando o ensino bilíngue como uma incorporação de um idioma (e também de uma cultura) necessário a todos/as os/as alunos/as na contemporaneidade.

Conceitualmente, Edna Marta, professora universitária da Escola Superior de Educação Uninter, afirma que no ensino bilíngue os alunos fazem uma imersão na língua-alvo, utilizando-a como meio de comunicação para a aprendizagem de outras áreas do conhecimento. “Ou seja, os alunos irão estudar matemática, história, ciências, geografia por meio do uso de outra língua que não a sua língua materna”, complementa.

E, no contexto atual, em que o ensino está totalmente remoto ou de forma híbrida, é preciso se atentar a algumas peculiaridades que podem surgir na incursão do ensino bilíngue a distância. Uma delas é, por exemplo, a falta do feedback imediato com os alunos, como acontece em sala de aula física, ou seja, “se relacionarmos o ensino bilíngue ao ensino a distância devemos ainda considerar que os alunos não terão uma comunicação de forma síncrona entre si e com os professores do curso. Obviamente, isso não exclui o fato de haver momentos ‘ao vivo’, por meios de certos artefatos digitais que permitam o uso de videoconferência”, destaca Edna, que complementa: “Também devemos considerar o fato que falar uma língua é muito mais do fazer uso das quatro habilidades (ler, escrever, falar e escutar): é também a entonação da voz, a linguagem corporal, por exemplo, e que não são possíveis de serem observadas no ensino a distância”.

Outros pontos também devem ser observados – e questionados –, como: qual a faixa etária que a escola atenderá no formato de ensino bilíngue a distância? Serão alunos do Ensino Fundamental? Do Médio? Do Ensino Superior? É interessante destacar que cada ciclo de ensino, bem como cada faixa etária, possui características próprias e particularidades que devem ser observadas na relação ensino-aprendizagem no sistema EAD.

“A modalidade a distância exige dos alunos autonomia para a organização de seus estudos. Talvez um ensino bilíngue a distância para alunos do Ensino Fundamental dos anos iniciais não seja a melhor abordagem. Veja, estamos falando de alunos que estão entre 6 e 10 anos e que ainda não têm a maturidade cognitiva necessária para dar conta das demandas do ensino a distância. E é também um período no qual o fator socialização é importantíssima para a convivência com o outro. Por isso, para essa faixa etária, talvez o ensino bilíngue a distância não seja o mais adequado”, reflete a professora Edna.

IMERSÃO NO ENSINO BILÍNGUE EAD

Na prática, para estabelecer um ensino a distância bilíngue satisfatório e envolvente, é importante que reformulações e atualizações metodológicas ocorram. Nesse sentido, a educadora Teresa Catta-Preta, diretora de uma franquia especializada no ensino de inglês, acredita que, para manter uma interação razoável no ambiente digital, é preciso que o/a educador/a apresente temas de interesse dos alunos, além de propor pesquisas e projetos em grupos pequenos. “Desta forma, os alunos poderão usufruir de interações e compartilhar descobertas com seus pares, se preparando melhor para compartilhar conteúdos com toda a turma posteriormente”.

Assim, uma das estratégias que pode ser utilizada é diminuir a metodologia de aulas expositivas e estimular atividades de pesquisas, projetos e construção de conhecimento a partir das próprias descobertas do aprendiz. “Continua valendo o conceito de aquisição de informação e conhecimento advindos de conclusões da neurociência, que diz que o conhecimento ou informações só acontecerão se houver interesse ou necessidade, contido na realidade do aprendiz”, diz Catta-Preta.

“Quanto às ferramentas, tecnologia e seus recursos visuais, auditivos, interativos e muita criatividade e percepção (por parte do professor). Planejar, avaliar a técnica utilizada, readequar o planejamento, fazer follow up com feedback dos alunos, são mais do que fundamentais no modelo EAD”, reforça a diretora. Nesse momento pandêmico que atravessamos, todos os planejamentos, trocas, compartilhamentos e alterações nas relações entre aprendizagens, que estimulem o conhecimento, são ações válidas. (RP)

Saiba mais:
Edna Marta Oliveira da Silva – [email protected]
Teresa Catta-Preta – [email protected]

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