fbpx
Guia para Gestores de Escolas

Especial — Gripe A & Ano Letivo

Matéria publicada na edição 51 | Setembro 2009 – ver na edição online

Semestre atípico tira escolas da rotina.

Conheça soluções que as escolas estão adotando para cumprir os dias letivos do semestre e as principais recomendações para evitar a propagação da gripe entre os alunos.

Por Rosali Figueiredo

 

Diferentes medidas vêm sendo adotadas pelas escolas para completar a carga horária programada para o ano letivo de 2009, face ao prolongamento das férias de julho, ocorrido como medida preventiva à disseminação do vírus da gripe Influenza “A” (H1N1). Por meio da Indicação 91/2009, publicada em 19 de agosto pelo Conselho Estadual da Educação (CEE) no Diário Oficial do Estado, as instituições devem assegurar o cumprimento dos 200 dias letivos ou 800 horas de efetivo trabalho escolar. Pode-se computar para isso, no entanto, atividades programadas no período da suspensão ou aquelas que vierem a ser organizadas pelos estabelecimentos.

Pelo entendimento do Sindicato dos Professores (Sinpro), houve uma flexibilização em relação aos 200 dias letivos, tendo sido mantidas, entretanto, as 800 horas de atividades obrigatórias, as quais poderão ser exercidas com “tarefas de computador”. Conforme a Indicação do CEE, as tarefas “podem ir desde orientações impressas com textos, orientações de estudo dirigido e avaliações enviadas aos alunos, até o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação, inclusive com recursos de educação a distância para alunos do ensino fundamental e do ensino médio e educação profissional de nível técnico”.

A orientação do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (SIEEESP) é que as escolas sigam estritamente a Indicação do Conselho, mantendo, “quando possível, os 200 dias letivos”. A reorganização do calendário escolar deveria ter sido encaminhada por cada instituição à Diretoria de Ensino, até o dia 31 de agosto. Mas assim que o CEE publicou a Indicação, muitas delas já tinham reorganizado o semestre letivo. Boa parte das escolas adiou o reinício das aulas para 17 de agosto. Outras retomaram uma semana antes, dia 10.

As mexidas na rotina variam conforme o período do prolongamento, a carga horária da escola e atividades extras anteriormente programadas. Conforme o CEE, recomenda-se “rever o calendário escolar no que se refere à suspensão de aulas previstas para provas, exames, reuniões docentes, datas comemorativas e outras”. Vale ainda cancelar viagens e substituí-las por aulas, agendá-las aos sábados ou também estender a carga horária diária.

Na Escola Internacional de Alphaville, em Barueri, o segundo semestre letivo teve início no dia 10 de agosto. Com jornada integral, algumas atividades serão “redistribuídas ao longo do período, caso necessário”, afirma a professora Marilda Bardal, coordenadora do High School. “Os pais e alunos serão sempre consultados e informados no caso de remanejamento de tarefas”, acrescenta. Também o Colégio Santa Maria, localizado na zona sul de São Paulo, adiou por apenas uma semana o reinício do semestre e nesse período disponibilizou exercícios no portal da escola, “para que todos pudessem acessar e manter o contato com o conhecimento, exercitando os diferentes conteúdos abordados”.

Segundo Denise Col, orientadora do 7º ano do Ensino Fundamental, os professores cumpriram sua jornada na escola, propuseram exercícios e atenderam os alunos através do telefone ou e-mail. “A quantidade de tarefas foi estabelecida numa relação direta com o número de aulas. Em Português, por exemplo, com carga regular de cinco aulas na semana, foram indicadas cinco atividades.” Desta forma, a escola avalia que não há necessidade de fazer alterações no calendário anteriormente previsto.

Na Escola Vera Cruz, na zona oeste da capital paulista, porém, houve mudanças, mesmo que tarefas tenham sido enviadas aos alunos. O recesso de 13 de outubro foi cancelado e a reposição acontecerá aos sábados para todas as etapas, segundo informa a direção, por meio de sua assessoria de imprensa. O Ensino Médio terá ainda a extensão do horário de sexta-feira, como forma de compensar as férias esticadas até o dia 14 de agosto.

Também os colégios Guilherme Dumont Villares e o Miguel de Cervantes, ambos situados no bairro paulistano do Morumbi, agendaram reposição aos sábados, apesar das atividades extras propostas durante o recesso. “Todas as alterações necessárias do calendário escolar já foram realizadas e os pais foram informados, para que as famílias possam se organizar”, informa o Villares. Já o Cervantes cancelou ainda o recesso da semana de 13 a 16 de outubro, anteriormente previsto em função das comemorações da Hispanidad, e agendou aulas para “períodos vespertinos, em escala e de acordo com a necessidade de cada segmento ou ciclo”.

Mesmo com todo esse arranjo e tendo promovido atividades durante o recesso, muitas escolas não escaparão de prorrogar o ano letivo até vésperas das festas de final de ano. O Colégio Oswald de Andrade, com unidades na zona oeste paulistana, estenderá as aulas “até no mínimo o dia 18 de dezembro”, afirma Roberta Ferrari Rodovalho, coordenadora assistente da Educação Infantil e dos 1os anos. “Vamos cumprir com os 200 dias letivos previstos pelo calendário da escola”, ressalta. “Nosso compromisso é com os pais e alunos, temos um programa a cumprir e isso será feito independente de qualquer coisa”, acrescenta. O Colégio Global, no bairro de Perdizes, estendeu o término do ano letivo de 11 para 18 de dezembro. Segundo o coordenador pedagógico do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, César Betioli, “outros dias perdidos serão repostos com atividades aos sábados e/ou provas aplicadas em período oposto”.

Finalmente, o Colégio Marista Arquidiocesano, na Vila Mariana, prevê “o prolongamento das atividades letivas até o limite de dezembro”. Segundo o diretor educacional Ascânio João Sedrez, a escola esteve em recesso até 14 de agosto, “com exceção da 3ª série do Ensino Médio e integral”, que não foram dispensados. “Trabalhamos com atividades pela internet da Educação Infantil 5 até o Ensino Médio, e as adaptações do calendário foram feitas levando em conta alguns critérios, como sábados ainda disponíveis, transferência de um recesso previsto para outubro”, além de esticar as aulas em dezembro.

O reinício do semestre letivo, anteriormente previsto para 3 de agosto em boa parte da rede privada e nas escolas públicas do Estado, foi adiado por determinação da Secretaria de Educação do Estado, após recomendação feita, nesse sentido, pela pasta da Saúde. De acordo com a médica Clélia Maria Sarmento de Souza Aranda, coordenadora do setor de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde, a prorrogação das férias não teve o objetivo de bloquear a transmissão do vírus Influenza “A”, mas o de minimizar o processo. No total, o CEE estima que 11,8 milhões de alunos ficaram em casa por mais uma ou duas semanas em todo País.

Em encontro organizado pelo SIEEESP junto às mantenedoras, no dia 12 de agosto, com a participação do médico Marun David Cury, responsável pelo Departamento de Saúde Escolar do sindicato, Clélia Maria explicou que o vírus apresenta uma carga genética muito nova, “por isso está se espalhando com facilidade”. “O vírus se propaga na comunidade em que quase não haja pessoas protegidas.” Nesse sentido, o recesso escolar teve um caráter preventivo, explicou.

Com o prosseguimento das aulas, a coordenadora recomenda que as instituições mantenham todo um modus operandi capaz de evitar essa propagação. Como, por exemplo, ficar atentas a casos que venham a surgir no ambiente escolar, afastando a pessoa dos demais, acionando a família e o serviço médico; aconselhar as pessoas a utilizar a “etiqueta respiratória”, ou seja, proteger com lenços tosses e espirros; orientar para que as mãos sejam lavadas ou higienizadas após o toque em superfícies, maçanetas, bebedouros, etc.; disponibilizar copos descartáveis nos bebedouros; deixar os ambientes bem ventilados; escalonar os horários de recreios e refeições; reforçar a limpeza diária de banheiros, refeitórios, salas de aula e cozinha; e, finalmente, limpar bem as superfícies de uso comum, como os teclados dos computadores.

Receba nossas matérias no seu e-mail


    Relacionados