Professor, o que de fato é importante na vida dos alunos?
Ao avaliarmos as crianças com idades entre os cinco e doze anos de idade, podemos observar que elas passam por grandes transformações em suas vidas. É nessa etapa em que se iniciam as descobertas, os estudos, os primeiros contatos com o mundo, com as formas, com as palavras e, até mesmo, com as discussões e debates de ideias nos ambientes sociais. Também é comum nessa fase que elas exerçam com muita intensidade o papel de questionadores e, certas vezes, até de rebeldes.
Assim, são corriqueiras as questões a respeito do significado e do propósito dos estudos para a vida e, também, da importância da participação dos filhos nas atividades da casa. Muitos pais ficam em dúvida sobre qual é a idade certa para mostrar o sentido dessas tarefas e se questionam: “será que não é muito cedo para a compreensão da importância disso?”. No entanto, a melhor resposta é que o quanto antes as crianças tiverem contato com a essência do que nos faz viver, mais tempo elas terão para descobrir qual é o seu papel e o que desejam fazer.
Também é importante levar em consideração que nessa faixa etária as crianças têm problemas com a dispersão e costumam demonstrar desinteresse pelas atividades que requerem mais atenção, como as tarefas do dia a dia, a rotina escolar e os cursos complementares. É nesse momento que as primeiras competências são desenvolvidas, não somente referentes aos estudos, mas também nas práticas emocionais, o que vai garantir um bom convívio em sociedade. Sendo assim, é fundamental que os pais e as escolas atuem em conjunto para contribuir ativamente na construção dos sentidos na vida dos alunos, conscientizando-os da importância dos processos em que estão inseridos, sem focar apenas nos resultados que eles podem obter.
Para ajudar as crianças nesse entendimento, cabe aos pais dedicarem mais tempo aos filhos. Muitas vezes, por uma apreensão compreensível em relação ao futuro, é comum que o dia das crianças seja preenchido integralmente com diversos compromissos extracurriculares. Fato que dificulta no tempo dedicado ao convívio familiar e no compartilhamento de afeto, de segurança e de ensinamentos. Se desde os cinco anos o seu filho escuta que você não tem tempo para ele, qual será o argumento que ele te apresentará quando quiser recuperar os momentos perdidos? Vale a reflexão: será que é mais importante para ele um estágio a mais no curso de inglês ou poder registrar vivências inesquecíveis ao seu lado?
Diante disso, pare por alguns minutos e lembre-se de como foi a sua infância. O que de fato ficou marcado? Com grandes chances de acerto, arrisco a dizer que os momentos que fizeram grande diferença foram: o dia que você aprendeu a andar de bicicleta, quando brincou com outras crianças ou no momento em que esteve junto da família em um dia especial. Por isso, tente descobrir quais foram as verdadeiras experiências boas e ruins de sua vida. Assim, será possível dar continuidade naquilo que foi positivo e minimizar as chances de repetição dos fatos negativos com os seus filhos.
Essa questão é válida também para os professores, que precisam assumir o papel de líderes dessas crianças. Aliás, é muito comum discutirmos a respeito de liderança em ambientes corporativos, mas a função deve ser exercida também juntamente aos alunos, pois, em grande parte das vezes, o docente é o primeiro líder da vida e isso exige muita dedicação. Nesse sentido, é preciso ressaltar que uma das características essenciais de um bom líder é, justamente, a capacidade de ouvir e ser paciente.
Dessa forma, pais e educadores: lembrem-se que as crianças estão no momento de aprendizado e que todas as atitudes que vocês têm perante a elas são espelhadas no futuro. Por isso é importante mostrar o verdadeiro valor da vida.
A infância deve ser encarada como uma oportunidade de compartilhar experiências e expectativas. É preciso aplicar os limites de forma objetiva e firme; saber orientar primeiro o que é certo, para não precisar corrigir depois; explicar os porquês com paciência e dedicação; e, principalmente, acentuar os aspectos positivos de cada ação para a vida individual e coletiva, no presente e no futuro. Assim, além de observar os comportamentos das crianças, pais e professores vão ter condições de acompanhar as transformações.
A plenitude só vem na hora em que vivermos a abundância de sentimento. Por isso, não se esqueçam: a vida se encarrega de retirar o excesso de amor, porém, nem sempre ela se encarrega de repor o que falta.