Sala de Aula: Bullying ou Conflito?
O espaço educacional, visto como um campo aberto para reflexões, está inserido no denso e complexo sistema social. Desse modo, podemos afirmar que as diversas questões que emergem na contemporaneidade, repercutem diretamente no desenvolvimento da educação e formação dos estudantes. E se notarmos, nos últimos anos, a partir de um brevíssimo retrospecto, cada vez mais a sala de aula tem se tornado um espaço para fomentar uma variedade de assuntos.
Atualmente, o cuidado com a saúde mental adentrou de forma significativa no cotidiano das escolas, temática que aparece explícita na Base Nacional Comum Curricular. Para além da BNCC, a urgência da discussão e da construção de ações para o cuidado efetivo da saúde mental surge tanto como um enfrentamento aos efeitos causados pela pandemia do coronavírus, e também como medida de atenção aos casos de depressão e/ou ansiedade – casos que podem ser desenvolvidos, inclusive, através de práticas de bullying.
O bullying(bully = “valentão”, “tirano”, “brigão”), termo de origem inglesa, pode ser compreendido como atos de intimidação, humilhação e tantas outras práticas negativas que provocam consequências físicas e psicológicas às vítimas. Esther Carvalho, diretora-geral do Colégio Rio Branco, sintetiza que “o bullying é uma ação intencional e contínua, não gerada por motivos específicos, que é executada com a intenção de causar danos a uma pessoa, tendo, ainda, a atuação de um grupo, seja por incentivo, seja por omissão”.
Por outro lado, os conflitos são inerentes ao desenvolvimento das relações intrapessoais e interpessoais, fazem parte do relacionamento humano e devem ser trabalhados de maneira construtiva e saudável. “Ele é importante para o desenvolvimento do indivíduo, porque nos tira do lugar confortável onde muitas vezes pretendemos ficar e nos faz crescer. Por isso, é fundamental trabalhá-lo de maneira construtiva e saudável. Aprender a superar os conflitos, vistos como processos naturais que permitem o desenvolvimento dos indivíduos a partir do desconforto, é fundamental, sobretudo no ambiente escolar”, argumenta a diretora.
Nesse quadro de distinção, tanto o bullying como os conflitos relacionados à convivência social, precisam ser trabalhados sob óticas diferentes. Segundo Esther Carvalho, quando bem gerenciado, o conflito traz benefícios em termos de tolerância e crescimento individual. Já o bullying precisa de ações efetivas para a sua erradicação. “Há relações entre ambos? Conflitos mal conduzidos podem desencadear no segundo caso, mais extremo, justamente pela abordagem ineficiente”, diz. É importante ressaltar que o bullying se mostra de variadas formas, inclusive sutis. Por isso, a diretora defende o diálogo dentro da instituição que traga visibilidade à temática, além do trabalho de refinamento do olhar dos professores diante desses casos. “A escola deve tratar da questão de maneira sistêmica, envolvendo os estudantes, os educadores e as famílias”, conclui. (RP)
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Esther Carvalho – [email protected]