Você também vive esse desafio na sua escola?
Muito prazer, sou Aline Richetto, mantenedora escolar. A cada dia tenho vivenciado situações que me geram inquietação, preocupação e, ao mesmo tempo, reflexão sobre os rumos da educação.
Um dos maiores desafios que tenho percebido é o distanciamento das famílias da vida escolar de seus filhos. Cada vez mais, a escola é convocada a assumir papéis que deveriam ser exercidos em casa: ensinar regras, limites, valores, lidar com frustrações e preparar para a vida em sociedade.
Não é raro encontrarmos crianças que chegam à escola com dificuldades de cumprir orientações, respeitar horários ou conviver em grupo. Muitas vezes não é falta de amor, mas de preparo, tempo e presença de qualidade.
O lar passou para dentro da escola. Questões que antes eram ensinadas em casa, como respeito, organização, noção de responsabilidade e até mesmo hábitos básicos de convivência, agora chegam como demandas para a equipe escolar. É como se a escola tivesse se tornado não apenas espaço de aprendizagem acadêmica, mas também de formação familiar.
Esse deslocamento gera uma sobrecarga silenciosa. Professores e gestores se veem diante de situações para as quais muitas vezes não foram preparados, acumulando funções de educadores, conselheiros e até mediadores de conflitos que nascem fora da sala de aula.
E nesse cenário, quem mais perde é a criança. Ela deixa de receber em casa as bases que sustentam seu desenvolvimento emocional e social, e cresce buscando na escola aquilo que deveria encontrar no lar.
Toda criança precisa se sentir amada, aceita, útil e importante, mas só o amor não é suficiente. É necessário amor aliado a limites, responsabilidades, direção e exemplo. Quando isso não acontece dentro de casa, é a escola quem passa a arcar com o peso. E gestores, coordenadores e professores acabam sobrecarregados, apagando incêndios e tentando encontrar meios de dialogar com famílias que também se sentem perdidas.
Não precisamos permanecer nesse ciclo. Hoje já existem estratégias que podem ser a ponte entre escola e família, preparando os pais para exercer seu papel com mais clareza, segurança e constância.
Quando a escola encontra formas de apoiar e orientar as famílias, toda a comunidade escolar ganha: os alunos aprendem mais e melhor, os professores se desgastam menos e a sociedade inteira é impactada positivamente.
Afinal, aquilo que ensinamos, ou deixamos de ensinar, a uma criança reverbera como ondas no lago, afetando não apenas sua vida, mas também a de centenas de pessoas ao longo do tempo.
Como mantenedora, encontrei nesse processo a oportunidade de criar caminhos que fortalecem a parceria entre escola e família. Tenho certeza de que, quando unimos forças, podemos transformar não apenas o presente dos nossos alunos, mas também o futuro da educação.
O futuro da educação depende dessa parceria real entre escola e família. E ele começa agora, em cada escola, em cada família, em cada criança.

