XIV JORNADA DE MARKETING EDUCACIONAL – GEDUC 2018: Marketing Educacional em tempos de internet
Por Lucia Rodrigues Alves, autora convidada pela colunista Adriana L. Albertal
Um dos campos mais nebulosos para o Gestor Educacional sempre foi justamente a área de marketing. No passado, buscávamos alternativas para comunicar o valor de nossas marcas por meio de outdoors, envio de “malas-direta” via correios, anúncios em revistas e jornais locais e por meio de entrega de folhetos de nossa instituição educacional em eventos regionais que atingissem a comunidade onde se encontraria, em tese, nosso público alvo. Todas essas práticas já traziam inúmeras angústias ao gestor porque parecia sempre impossível metrificar o resultado dessas ações. Afinal, como medir o número de pessoas que viram nosso outdoors, como metrificar quantas pessoas fecharam matrícula conosco porque receberam nossa mala-direta, nosso folheto ou nosso brinde?
Algo que marcou muito os participantes, em geral, do GEduc 2018 é que a era do marketing educacional em tempos de internet inverteu bastante esse cenário mantendo, todavia, o nível de desafio que vivíamos no passado. Hoje, o marketing desloca-se para o mundo digital, para as mídias sociais, para o ambiente de navegação na grande teia (world wide web) do ambiente virtual. Hoje, nosso público alvo é parte integrante de uma massa de centenas de milhões de usuários desse sistema. As métricas estão em alta: suspects, prospects, leads, funil de vendas, régua de contatos, inscritos, pre-matriculados, e finalmente, matrículas. Os especialistas do marketing educacional entendem claramente a dinâmica e esses parâmetros. Sabem do número inacreditavelmente grande de navegadores dos ambientes virtuais de nossa instituição de ensino necessários para atingir a nossa meta de matrículas.
O desafio que se coloca diante de nós agora é que nossa instituição de ensino precisa ter um olhar muito sério a itens que há 15 anos atrás nem existiam em nosso caminho como ter um site que fale não apenas com nosso aluno e/ou pais de alunos, mas que fale em especial com nosso futuro aluno, o cliente que queremos ter. O site tem que ser composto de características antenadas com esse novo mundo: ele tem que ter navegação fácil, carregar rapidamente, oferecer as informações que esse público alvo está procurando na primeira página, oferecer conteúdo relevante, apresentar algum tipo de cadastramento, que precisa ser rápido e simples, etc. Nosso site tem que ser desenhado para funcionar de forma plena no ambiente mobile, uma vez que mais da metade da navegação nos dias de hoje já pulou do computador para os dispositivos móveis. A taxa de rejeição de sites de instituições de ensino pode chegar a 65% e é, nesta circunstância, que podemos perder o cliente.
Cabe ao gestor escolar, nesses tempos de internet, perceber que ele precisa conversar com seu público alvo o ano todo e não apenas no período de “Inscrições Abertas” e trazer para esse público, ou essa “persona” (como falam os especialistas do marketing), conteúdos que ele se interesse em acessar. Assim, a criação de blogs, áreas de notícias, matérias, dicas, etc devem deixar de ser um preciosismo e passam a existir como fundamento e base da nossa estratégia para alcançar a tão desejada matrícula. As redes sociais também precisam estar no plano de trabalho do gestor educacional uma vez que elas são o local virtual de excelência para esse relacionamento contínuo que inexoravelmente precisamos estabelecer com nosso público alvo. Mas o que fará essa “persona” curtir e acompanhar a fanpage de uma instituição que ela ainda não escolheu para estudar?
É nesse quesito, em especial, que a produção de conteúdos de interesse, relevantes e atraentes cai no colo do gestor educacional como uma necessidade gritante para a sobrevivência comercial de sua escola, de seu colégio, de sua faculdade… Como transformar toda a atividade pedagógica de excelência da instituição de ensino dirigida por você em ativo de marca? É preciso construir uma ponte com a área pedagógica para que ela compreenda que, agora, mais do nunca, ela é a fonte da comunicação dos diferenciais que ela mesmo faz acontecer no dia a dia do ambiente educacional. Todo o trabalho pedagógico precisa ser explorado pelas redes sociais a fim de que esse valor seja percebido pela comunidade que se busca atingir.
São realmente tempos de mudanças. No passado, Darwin diria que só os fortes sobrevivem. Hoje, talvez, possamos lembrar que o que Darwin dizia, na verdade, é que apenas os que conseguem se adaptar às mudanças do meio sobrevivem. Estamos preparados para mudar?
Autora e convidada na coluna: Lucia Rodrigues Alves é formada em Letras pela Universidade de São Paulo, Mestre em Linguística Aplicada pela PUC-SP e educadora na área de Ensino de Língua Inglesa desde a década de 90. Hoje é Diretora de escolas do grupo Seven Idiomas e atua há 18 anos na área de Programa Bilíngue para Colégios.