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Guia para Gestores de Escolas

Dica – Elétrica e Hidráulica: Crise Hidráulica e as Ações Educacionais

Matéria publicada na edição 107 | Abril de 2015- ver na edição online

Por Rafael Pinheiro

O sistema educacional, instaurado em nossa sociedade, abrange uma densa e complexa parcela de valores e participações coletivas em diversas áreas para construir (e reconstruir) diariamente uma sede de conhecimentos, com base na perspectiva histórico-cultural, uma visão contemporânea e dados enraizados em nossa realidade. Ou seja, todos os fatores externos mundiais refletem, de alguma maneira, nos corredores das escolas.

Aspectos de ordem política, social, econômica e ambiental traduzem reflexões em diversos ângulos e representações, demonstrando seu potencial em ações particulares e coletivas, atividades curriculares, projetos especiais e, acima de tudo, produção de um pensamento sobre determinado assunto e o cuidado necessário ou tratamento especial para atingir uma solução viável garantindo um bem estar coletivo.

A crise hidráulica, que atravessamos em nossa atualidade, apresenta de forma excessiva uma preocupação ambiental que há décadas não existiu. Pensar, projetar e agir são três mecanismos que, em nosso dia a dia, tornou-se peça-chave para executar movimentos contra a escassez da água.

No ambiente educacional, base de construções e desenvolvimentos, ações começam a ganhar força para a conscientização e divulgação de práticas com o intuito de promover o pensamento sustentável. A Fundação Torino, localizada em Belo Horizonte, Minas Gerais, possui diferentes métodos para praticar e estimular o consumo consciente de água, energia e outros recursos naturais.

Giovanni Alves, professor de biologia da Fundação Torino, afirma que tais medidas vão desde redutores de vazão nas torneiras, oficinas com reaproveitamento de materiais, utilização de jardim com fonte de água com painel solar, instalação de paineis solares responsáveis pela economia de 10% de toda energia consumida pela escola. “A energia não consumida no final de semana é devolvida para a concessionária, gerando um posterior abatimento na conta de eletricidade da escola. Os alunos são conscientes que tais medidas representam mais do que economia de água, eletricidade e materiais, mas representam uma menor redução de CO2 na atmosfera”, destaca Giovanni.
A preocupação em ressaltar a importância da economia tanto hidráulica como elétrica em debates/aulas com o objetivo de sanar dúvidas e promover a conscientização ambiental deve ser uma prática recorrente que garante efeitos satisfatórios no desenvolvimento do aluno e, consequentemente, em sua participação social.

Segundo o professor Giovanni, essa preocupação ocorre, na Fundação Torino, não só em matérias como Ciências e Biologia, mas em diversas outras disciplinas são trabalhados temas referentes às diferentes questões ambientais, como: conservação, degradação e problemas associados, exploração de recursos naturais, tecnologia e reutilização de lixo digital para construção de experimentos.
Márcia Almirall, orientadora do 4º ano do Fundamental I do Colégio Santa Maria, localizado na região sul de São Paulo, acredita que investir em ações pedagógicas destinadas aos alunos é fundamental, pois o poder das crianças e jovens como agentes de transformação é inegável. “Eles possuem uma grande capacidade de influenciar as ações cotidianas e implantar novas práticas”, destaca Márcia.

No Colégio Santa Maria, todas as séries elaboram projetos que visam a sustentabilidade planetária desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, incluindo o Supletivo. As ações são articuladas aos conhecimentos, habilidades e saberes envolvendo os diversos componentes curriculares e se concretizam por meio de ações desenvolvidas no próprio espaço escolar bem como em outras comunidades do bairro e arredores. “As oficinas práticas de construção de minicisternas urbanas ocorrem às quintas-feiras com os alunos do 8º ano. Cerca de 40 estudantes voluntários estão engajados no projeto, que visa conscientizar os adolescentes e a comunidade do entorno sobre a necessidade do uso sustentável da água. A minicisterna tem capacidade para 200 litros de água e pode ser facilmente aplicada em residências”, ressalta a orientadora.

 

AÇÕES SUSTENTÁVEIS

Fundação Torino. O projeto Ecoscienza nasceu em 2008 e desde então vem sendo um projeto “guarda-chuvas”, ou seja, contempla as diversas práticas ambientais que a escola promove em diferentes disciplinas. Anualmente, procura-se buscar uma temática nova, normalmente seguindo as tendências ambientais tratadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pelas tendências nacionais; mais recentemente a questão da disponibilidade da água vem sendo mais consistentemente trabalhada, em virtude da realidade que atravessamos.
Santa Maria. No Ensino Fundamental I, para comemorar o Dia Mundial da Água (que ocorreu no dia 22 de março), as turmas do 4º ano exibiram paineis com notícias de denúncia do uso indevido da água e outro com dicas e ações de uso sustentável da água. As classes do 3º ano fizeram uma campanha na hora da saída com cartazes para alertar os colegas de escola e as famílias. O 1º ano criou um mural com fotos e informações das ações práticas que os estudantes adotaram para economizar água.

Na Educação Infantil, as crianças do Pré (alunos de 5 anos) aprenderam como funciona o sistema de captação de água de chuva, visitando os espaços do Colégio Santa Maria em que existem cisternas. Após essa visita, eles fizeram coletores de água em miniatura com garrafas pet. A proposta é que as crianças levem para casa e deixem os coletores em alguma área externa para captar a água.

Colégio Presbiteriano Mackenzie. Desde o início do ano letivo, o Colégio Mackenzie tem trabalhado projetos de conscientização que ensinam os alunos a economizarem água tanto no colégio, quanto em casa. Para os mais novos, de 3 a 5 anos, foram feitas rodas de bate papo nas salas de aula para que eles compreendessem a importância de economizar água. Com alunos mais velhos, 6 a 10 anos, também são feitas rodas de bate papo para que os alunos possam expor quais os métodos de redução de gastos eram feitos pela família e trocarem ideias como reaproveitamento de água da máquina de lavar, da água do chuveiro, necessidade de tomar banhos rápidos ou fechar a torneira ao escovar os dentes. Os alunos produziram cartazes de conscientização para colocarem na escola e nos condomínios.

 

Instigar o aluno a participar de atividades conscientes, promovendo mudança de hábitos e inserção de práticas simples de economia são fatores cruciais para o compartilhamento de responsabilidade ambiental e transformações humanitárias. “Acreditamos que a tomada de consciência gerada em nossos alunos provoca reflexões e mudanças comportamentais que repercutem não só em suas famílias, como em toda a comunidade”, finaliza o professor Giovanni. (RP)

 

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