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Guia para Gestores de Escolas

Dica — Conforto Térmico

Matéria publicada na edição 65 | Fevereiro 2011 – ver na edição online

Soluções amenizam impacto do clima

Um ousado projeto de reforma em curso há cerca de dois anos, com investimentos estimados em R$ 2,5 milhões, pretende dar novo perfil arquitetônico ao Colégio Elvira Brandão, com a ampliação da infraestrutura (dos iniciais 800 metros quadrados para cinco mil metros) e a modernização das instalações. O que inclui a preocupação em proporcionar conforto térmico aos alunos e educadores, por meio de soluções como a troca de telhas, do forro das salas de aulas e das portas e janelas. “Concluímos a primeira parte do projeto, construindo um andar a mais em três dos quatro prédios e aproveitamos para substituir as telhas vermelhas pelas brancas, que segue uma tecnologia especialmente desenvolvida pela Nasa para serem térmicas”, afirma a mantenedora Camila Rocha Nardy.

Segundo Camila, o novo material garantiu “um conforto enorme para as salas”, pois as telhas são feitas com duas lâminas de alumínio “recheadas” por uma camada intermediária de um polímero com propriedades térmicas. E por serem brancas, não retêm calor. Mas as intervenções não pararam aí. “Instalamos também forro acústico e antiaquecimento, além de portas e janelas com caixilhos de alumínio que permitem maior abertura e circulação do ar”. Entre os acessórios, a escola optou pelos ventiladores, afixados nas paredes contrárias às janelas.

O engenheiro civil Luiz Henrique Ferreira, responsável pelo projeto e a construção atual em São Paulo, Capital, de duas escolas da rede estadual baseadas nos princípios da sustentabilidade, comenta que existem diferentes soluções em prol do equilíbrio térmico. No entanto, edificações já erguidas apresentam algumas restrições, começando pela orientação da fachada, que pode ter sido projetada de maneira desfavorável em relação à insolação e ventilação. “Sua posição deve ser pensada de forma a aproveitar melhor a iluminação e a ventilação natural”, diz. Caso contrário, resta aos gestores adotar medidas que amenizem os impactos do clima. Entre elas, optar pelo isolamento térmico das coberturas e das forrações ou subcoberturas internas, a exemplo do que fez o Elvira Brandão. Mas como garantia de sua eficiência, os fabricantes desses materiais são obrigados a informar o coeficiente de transmitância térmica, orienta o engenheiro.

Entre as demais soluções, Luiz Henrique destaca o brise soleil, um elemento vertical ou horizontal sobressalente às fachadas, que traz sombreamento nas horas de incidência direta do sol e, ao mesmo tempo, se bem projetado e executado, não retém a luz durante os meses de inverno. Bons exemplos de brise soleil são dados por dois marcos da arquitetura paulistana, o Edifício Copan e o prédio do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, aponta o engenheiro, lembrando que essa espécie de quebra-sol pode ser feita em madeira, concreto ou metal. “Se corretamente dimensionado, ele funciona como a aba de um boné, proporcionando ainda conforto visual, ao evitar a incidência direta de luz sobre os olhos e as lousas”, destaca.

Por outro lado, o brise contribui “para reduzir a carga térmica da edificação ao deixar as paredes mais frescas e, consequentemente, para diminuir a necessidade do uso de ventiladores ou ar condicionado”. Luiz Henrique, um dos responsáveis pela adaptação do Processo AQUA no Brasil, certificação de sustentabilidade nas edificações, demonstra sempre a preocupação de aproveitar da melhor forma possível os recursos naturais e, nesse sentido, defende soluções construtivas que garantam ainda a ventilação cruzada (“considerando a carta climática da região”) e a arborização (a qual deve ser pensada conforme as condições de insolação, umidade e orientação do vento). (R.F.)

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Luiz Henrique Ferreira – www.casaaqua.com.br[email protected]

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