2019 foi o ano da revolução educacional?
Quando começamos a ouvir falar sobre a atualização da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a implementação do projeto ainda parecia algo muito distante. Entretanto, agora nós enfim chegamos à data limite concedida pelo Ministério da Educação (MEC) e a pergunta a ser feita é: será que a mudança do documento gerou uma caminhada rumo à mudança atitudinal que precisa acompanhar a evolução de currículos e de materiais didáticos, por exemplo?
Vejamos o recorte do inglês, que pela primeira vez passa a ser obrigatório. O mínimo exigido é que toda instituição o adote a partir do Ensino Fundamental II. E isso pode ser visto de formas diferentes: sob o prisma de “cumprir tabela” ou sob o olhar da chance da mudança que tanto desejamos para a nossa sociedade como um todo, por meio de uma educação mais completa.
O termo “desenvolver” é sinônimo de fazer crescer, tornar mais forte, aumentar a capacidade, fazer progredir, expandir o plano intelectual e aprimorar. Ou seja, esses devem ser os reais motivos para os alunos de hoje estarem na escola, já que esse composto é o caminho para a transformação. E é justamente aqui que a BNCC deixa de ser uma formalidade para se tornar um documento de valor real: ela fala em competências e habilidades que devem ser trabalhadas para integrar campos que hoje são tratados de forma distinta, como é o caso da dimensão cognitiva e da afetiva.
Nesse momento estamos diante de um “agora ou nunca” que nos reflete diretamente enquanto cidadãos e enquanto nação. É no agora que precisamos de uma vez por todas despertar para a grande oportunidade que temos para rever e repensar nos nossos programas atuais de educação.
O objetivo é justamente encontrar formatos melhores e mais eficientes que vão acompanhar toda essa mudança que estamos vivendo. Quem sabe, a partir disso, nós não conseguimos aumentar o nível de proficiência em inglês dos nossos alunos, por exemplo. Esse é um convite a deixarmos de pensar no idioma como algo obrigatório para vê-lo como uma oportunidade de crescimento e comunicação.
E é importante lembrar que dificilmente sairemos do lugar enquanto não investirmos em capacitação, desenvolvimento e formação contínua dos professores. A nova base pede por profissionais preparados para atuar como mediadores que facilitem e conduzam o raciocínio pelo/s pilares das demandas complexas da vida adulta e da cidadania regional e global ao invés de serem autoridades como fontes de conhecimento, se impondo em classe. Sendo assim, o protagonismo na sala de aula deixa de ser do professor e passa a ser do aluno.
Claro que esse processo de transformação não será fácil, mudanças nunca são simples. Afinal de contas, nós queremos que haja uma revolução no modo de educar que conhecemos há muitas décadas. Apenas dessa maneira vamos conseguir evoluir tanto com nossos alunos quanto como país e para isso é importante promover o protagonismo das nossas crianças em sala de aula. A língua inglesa, por sua vez, precisa estar inserida em todo esse contexto, seja por meio de um sistema bilíngue ou adotando uma carga horária além da obrigatória. Somente dessa forma vamos formar cidadãos com consciência global, com condições de escolher seus projetos de vida e de carreira. Aos poucos, e com passos curtos nós vamos conseguir construir um novo contexto no Brasil e também no mundo.