Dica — Ergonomia – Alunos
Matéria publicada na edição 64 | Dezembro 2010/ Janeiro 2011 – ver na edição online
A importância da postura num corpo em estruturação
Pés apoiados no chão, com os joelhos formando um angulo de 90 graus, quadris postados bem no fundo da cadeira, alinhando a coluna no encosto e evitando escorregar como se fosse um “saco de batatas”. Assim devem se posicionar os estudantes quando estão sentados, assistindo aulas, recomenda a fisioterapeuta Maria Luiza Biton Gutierrez, diretora do Instituto de Fisioterapia Analítica. Ainda incipiente nas escolas, a preocupação com a ergonomia dos alunos exige “uma ação mais séria de prevenção postural, contribuindo para uma correta formação estrutural do indivíduo para toda a sua vida”, aponta. A atenção deve envolver não apenas o sentar, mas o próprio deslocamento, considerando principalmente os pesos das mochilas e a forma de carregá-las.
Segundo a fisioterapeuta, as crianças e adolescentes apresentam uma estrutura física em formação (músculos, ligamentos, tendões e articulações), “uma fase totalmente plástica”. “Na infância, a criança está em plena programação do seu cérebro, e destas programações vai depender todo o seu contexto neuropsicomotor, os reflexos posturais, enfim, a base que vai constituí-lo no adulto que será.” O alinhamento da coluna, o uso de materiais adequados para preservar a função das articulações e orientações corretas para as atividades diárias permitem “um bom crescimento dos tecidos” e que as estruturas sejam “fabricadas dentro de um molde anatômico e funcional saudável”.
O Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo) costuma orientar as associadas para que incluam, no projeto pedagógico, um programa de conscientização “a fim de incentivar posturas corretas, não só na sala de aula, na carteira escolar, mas em frente ao computador e em relação ao peso das mochilas”, diz a assessora Marlene Schneider, do Departamento Pedagógico. Outra recomendação é adquirir mobiliário que atenda às normas da ABNT. São elas as NBR’s 14006/97 e 14007/97, que dão parâmetros para a produção do conjunto do aluno, do professor e estudantes com necessidades especiais. Marlene destaca a necessidade respeitar a idade e o tamanho dos alunos, já que o mercado dispõe “de material específico para as escolas de educação infantil, fundamental, médio”.
Na Prima Escola Montessori de São Paulo, a compra dos móveis requer um cuidado especial, pois sua metodologia de ensino agrupa as salas por ciclos e não séries, reunindo estudantes com idades e tamanhos diferenciados em uma mesma turma. “Isso nos impõe pelo menos três padrões de altura de mesas e cadeiras”, afirma a diretora pedagógica Edimara de Lima, que resolveu também adaptar o tamanho da superfície das mesas dos alunos, ampliando-o para 90 centímetros de comprimento. “Eles reclamavam que mal cabia um caderno universitário sobre as mesas”, lembra. Outro cuidado é oferecer apoios para os pés daqueles que não conseguem alcançar o chão e orientar quanto ao peso das mochilas.
Há cerca de dois anos, a escola promoveu uma “vistoria” surpresa na mochila de cada estudante, quando Edimara pesou cada uma das bolsas, encontrando mochilas com até 12 quilos (recomenda-se um teto entre dez a 15% do peso corporal). Para a fisioterapeuta Maria Luiza, é importante também orientar os estudantes a alternarem a forma de carregá-la, “ora na frente, segurando com os braços, ora utilizando as alças e a pendurando para trás”. (R.F.)
Saiba mais:
EDIMARA DE LIMA
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MARIA LUIZA BITON GUTIERREZ
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