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Guia para Gestores de Escolas

Dica – Tratamento Acústico

Matéria publicada na edição 14 | março 2006 – ver na edição online 

 Uma questão de conforto e saúde

O tratamento acústico é uma questão muitas vezes relegada a segundo plano pela direção da escola, porém de fundamental importância para garantir a saúde e o conforto de professores e alunos. A escola pode sofrer interferência de ruídos do exterior do edifício, ou mesmo entre os ambientes internos da escola, como salas de aula e o pátio. As quadras esportivas, que costumam ser transformadas em locais para festas, apresentações artísticas e outras atividades que podem gerar intensos níveis de ruídos, podem se tornar um incômodo para a própria escola em período de aula ou também para a comunidade onde está instalada a escola. Requerem tratamento acústico por possuírem espaços grandes, com longo tempo de reverberação.

Segundo o arquiteto Ovídio Ramos, especialista em conforto ambiental, pesquisador de acústica do Laboratório de Conforto Ambiental (LABAUT) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), para cada necessidade deve-se verificar qual o desempenho requerido e a melhor solução técnica e operacional disponível. “Para um diagnóstico preciso e solução com a melhor eficiência custo/benefício é recomendável consultar especialistas no setor”, orienta. Não existe regra prática para o tratamento acústico, completa o arquiteto. “Mesmo ambientes externos sem cobertura poderão receber cuidados acústicos em suas superfícies, se necessário”, diz.

Ainda conforme o arquiteto, nas salas de aula frequentemente o nível de ruído atinge os 75 dB, enquanto o limite tolerado e estipulado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é de 40 a 50 dB. O arquiteto explica que as salas de aula podem garantir o conforto acústico e o atendimento às normas técnicas brasileiras (NBR 10.152 da ABNT) sendo equalizadas através de cálculos considerando todas suas superfícies (piso, paredes e teto), mobiliário e capacidade de ocupação. “Uma alternativa viável em salas de aula antigas com tetos altos pode ser a utilização de forro suspenso. Para o fundo da sala podem ser utilizadas placas absorventes sonoras e placas refletoras próximo à lousa e ao professor, garantindo a adequada propagação da voz e a redução do ruído do fundo da sala”, explica.

Em escolas que visita prestando consultoria em conforto acústico, o especialista tem percebido diversas necessidades, como o isolamento acústico e a diminuição do excesso de reverberações (que são os chamados ‘ecos’ existentes em um ambiente, ou seja, o tempo em que um som permanece audível após cessar sua emissão, comuns em grandes ambientes). “Para o isolamento acústico podem-se adotar materiais convencionais de construção, como tijolos, madeira maciça ou vidros, uma vez que o isolamento é determinado pela densidade do material. Para redução da reverberação podem-se utilizar madeira, materiais porosos ou fibrosos, etc.”, aponta o arquiteto.

Outra necessidade das escolas é garantir a qualidade da palavra falada e a inteligibilidade nas salas de aula e auditórios. “Essa questão é mais importante quanto menor for a idade dos alunos. Estando em processo de aprendizagem, é importante que o aluno entenda no mínimo 90% do que foi falado. Há casos em que este percentual é abaixo de 70%, refletindo em três dimensões: física, psíquica e sobre o rendimento escolar. Nos professores, causa transtornos como problemas agudos ou crônicos do aparelho vocal, como conseqüência do uso da voz em ambientes acústicos que não são adequados às aulas, assim como o esgotamento e o estresse”, finaliza.

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