O retorno para a rotina escolar – como motivar crianças e adolescentes?
Celso Hartmann é diretor-geral do Colégio Positivo
Celso Hartmann*
O início do ano letivo é um momento de adaptação tanto para alunos quanto para professores, no qual escola e família devem trabalhar em conjunto para preparar as crianças e jovens para o retorno à rotina escolar. Para isso, deve-se trabalhar meios de desenvolver a motivação de voltar à sala de aula, transformando esse momento em algo prazeroso. Nesse sentido, pais e professores têm papel fundamental.
Os pais precisam preparar o filho emocionalmente para as aulas, conversando sobre os pontos positivos do regresso, como o fato de rever amigos e aprender assuntos novos. Uma das formas de fazer isso, especialmente com crianças mais jovens, é envolvê-las na organização do material, do uniforme e da mochila. É importante compreender os sentimentos do filho, especialmente a ansiedade e a resistência ao novo ambiente. Se até nós, adultos, sofremos no retorno das férias, é natural esse tipo de sensação por parte das crianças. Apoio, incentivo e paciência fazem parte desse processo.
É normal que os filhos alterem o horário de sono e de alimentação durante as férias, dormindo e acordando mais tarde e fazendo as refeições em horários alternativos. O ideal é que essa rotina tão necessária no período escolar seja gradativamente incluída dentro da regra que será comum ao longo do ano.
Nas primeiras semanas de aula, os pais precisam passar confiança às crianças mais jovens. Ser firme e breve no momento de se despedir, tendo convicção de que o filho estará bem na escola, é fundamental – por esse motivo, é importante que os pais tenham confiança e tranquilidade com a instituição de ensino escolhida para o ano letivo. Nessas ocasiões específicas, tranquilidade e determinação transferem a calma necessária para o retorno às atividades escolares.
Em conjunto com os pais, os mestres também entram em ação. É preciso que as crianças e os jovens vejam nos professores pessoas abertas ao diálogo franco e dinâmico. Nesse sentido, os profissionais precisam aplicar sua sensibilidade e formação para perceber as necessidades e interesses de cada grupo, auxiliando na busca pelo novo. Embora em salas de aula as atividades sejam, normalmente, em grupo, é papel dos orientadores ressaltar o respeito à individualidade de cada um, tentando aguçar a criatividade e interesses específicos, auxiliando os alunos na integração ao ambiente escolar.
Os professores devem saber aproveitar a inquietude e a contestação – especialmente dos adolescentes – para alimentar debates e discussões que alterem a rotina das aulas tradicionais. Ou seja, transformar o ambiente de simples exposição em espaço de troca de ideias, fazendo com que o estudante desenvolva seu senso crítico com a leitura/acompanhamento de materiais e assuntos não necessariamente presentes nos livros e apostilas. Assim, o estudante percebe o benefício de estar em sala, pensando tanto nos desafios próximos (como o vestibular) e nos futuros (construção de sua vida).
* Celso Hartmann é graduado em Informática, licenciado em Matemática, especialista em Metodologia do Ensino Superior e em Gestão das Organizações Educacionais e mestre em Inteligência Artificial. Atualmente, é diretor-geral do Colégio Positivo.