Dica – Materiais artísticos, inspiração nos artistas plásticos
Matéria publicada na edição 02 | Março 2005 – ver na edição online
Buscar inspiração em artistas plásticos é um bom caminho para deixar as aulas de artes ainda mais atraentes. Na Casinha Pequenina, por exemplo, escola de educação infantil do Colégio Friburgo, em São Paulo, é definido um artista por semestre. Em 2004, um deles foi o pintor Jurandi Assis. “O escolhemos pela brasilidade e pelo colorido de sua obra e também porque ele poderia visitar a escola. Cada faixa etária fez a leitura possível para sua idade”, lembra Maria Beatriz Telles, psicopedagoga e diretora da escola.
Inspirados no quadro “Mulher Rendeira”, de Assis, alunos de cinco anos pintaram um fundo de papel utilizando anilina diluída, colaram quadradinhos de papel criando uma moldura e desenharam a mulher com nanquim, detalhando a figura com pontilhismo. Por fim, a personagem recebeu um detalhe confeccionado pelos próprios alunos, em tear manual com lã. Ainda baseados na obra de Jurandi Assis, as crianças trabalharam com um material muito acessível: papel higiênico diluído em água e misturado com cola branca. “É um papier machê mais simplificado. Misturamos vinagre, que age como conservante para a massa não estragar”, explica a professora e pedagoga da escola Cíntia Ferreira Nogueira, que também é especialista em arte-educação.
Em outro episódio, em cima de obras de Tarsila do Amaral, como “Operários”, “Carnaval em Madureira” e “Touros”, cada turma confeccionou uma bandeira em lona, comparando a obra com cenas que fazem parte do seu cotidiano. Os operários de Tarsila se transformaram nos funcionários da escola. Na lona, as crianças realizaram colagem de pontas de lápis, sobras de tecidos, lãs, palitos coloridos, feltro.
No Colégio Augusto Laranja, Lasar Segall foi a base do trabalho das crianças da primeira série do Ensino Fundamental em 2004. Baseados na tela “Menino com lagartixa”, eles fizeram uma colagem com folhas, recortadas em papel verde de diversos tons. Depois, pintaram um personagem com o animal de estimação que a criança escolhesse. Para Wanda Prado, coordenadora de artes de primeira à quarta série e professora de educação artística da escola, é interessante trabalhar com a história da Arte, porém criando associações com o cotidiano da criança. “Houve um tempo em que os educadores propunham aos alunos uma releitura fiel da obra. Hoje, a proposta é mais livre. Puxamos sempre para a realidade da criança, inclusive com técnicas de artesanato”, compara.