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Guia para Gestores de Escolas

Conversa com o Gestor – Escola 2.0: A Gestão da Escola Digital

Matéria publicada na edição 116 | Março 2016 – ver na edição online

A palavra conexão nunca esteve tão viva como nos últimos tempos. Computadores, notebooks, tablets e smarthphones são utilizados com um único propósito: entrada livre ao universo ilimitado virtual. O ingresso a esse mundo fantástico reflete, além de uma necessidade real contemporânea, uma amplitude em diversas esferas sociais e culturais – principalmente no início desse ciclo, a escola.

Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação

O advento tecnológico ganhou proporções incalculáveis em nossa sociedade. Alterou nosso relacionamento interpessoal, a maneira como realizamos transações burocráticas, nossas pesquisas estudantis, o modo como trabalhamos e, consequentemente, inseriu em nossa rotina uma atmosfera gigantesca de possibilidades. Nesse aspecto, de tempos em tempos, observamos o crescimento de ferramentas utilitárias, dispositivos facilitadores e opções práticas para todos os espaços sociais – inclusive a educação.

Adentrar e compreender os mecanismos que envolvem os meios digitais é uma alternativa para a melhoria que tanto prevemos para um futuro próximo (e promissor) para a educação e o desenvolvimento da aprendizagem. E, assim, com o aumento de recursos facilitadores em ferramentas móveis, aplicativos e programas para crianças e jovens, que estão a cada dia mais conectados e plugados em novas tecnologias, a reflexão sobre novas propostas pedagógicas se faz necessária.

“A tecnologia tanto pode agregar valores como também pode destruir uma boa gestão, neste caso a estratégia, a avaliação do produto e o objetivo final a ser alcançado dependerá única e exclusivamente do gestor e de seus profissionais. Se bem avaliados, bem aplicados e comprovadamente trazendo um ganho real para vida acadêmica do aluno que é o objetivo final, inevitavelmente será um sucesso”, afirma Vânia Lira, diretora do Colégio Branca Alves de Lima, localizado na região norte de São Paulo.

Os discursos abrangentes na relação ensino-virtual começam a ganhar força em certas instituições com o intuito de estreitar o fio condutor entre o professor e o aluno, que demonstra um interesse maior pelo dinamismo e novos métodos e maneiras de explorar o conhecimento.

A tecnologia aplicada na escola, cita Vânia, exige alteração no modelo de gestão, pois é necessário envolver os profissionais e capacitá-los para produzirmos um efeito positivo no aprendizado de nossos alunos. “Toda transição, quando não é feita por imposição ou de maneira abrupta, pode ser estruturada com mesclas do novo para a base de ensino existente, em um processo gradual com a tecnologia a ser aplicada”.

O interesse tecnológico no ensino é uma forma de reconstruir sua metodologia, evoluindo os papeis de aprendizagem e os substituindo por uma postura moderna e necessária. Porém, reconhecer a tecnologia como uma aliada da educação exige cautela, programação pedagógica e acompanhamento detalhado.

ENSINO HÍBRIDO NA PRÁTICA

O conceito de ensino híbrido consiste em integrar conteúdos multimídias na sala de aula para engajar os alunos em atividades em grupo ou individuais. O objetivo principal do método está na transformação dos dispositivos móveis em aliados da educação. Em uma época em que a pedagogia já reconhece a existência de inteligências múltiplas e que as crianças estão, desde muito pequenas, expostas a estímulos visuais e sonoros, a mudança é ao mesmo tempo necessária e revolucionária.

Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), realizada pelo IBGE, 7,1 milhões domicílios brasileiros possuem tablets. O número representa 10,8% dos domicílios particulares permanentes do País. Dentre eles, mais da metade estavam na região Sudeste, onde o Colégio Porto União adotou o método UNO de ensino híbrido, que utiliza apostila convencional aliada ao conteúdo multimídia com fortes parceiros como: Apple, Discovery Channel, UNESCO, Cambridge e Avalia.

“Levando-se em conta as mudanças no contexto social, político, econômico e cultural e a superexposição dos alunos a dispositivos como celulares, computadores, iPads, sentimos a necessidade de remodelar o sistema educacional. A função do material impresso com o conteúdo digital, para nós, foi fantástica, pois caminhamos para o futuro sem esquecer a importância do presente. Esta é a riqueza do ensino híbrido”, destaca Rosana Moscato, diretora do Colégio Porto União.

Cada aluno, desde os dois anos de idade, recebe um iPad com acesso ao portal de ensino, que conta com atividades de acordo com a faixa etária – do maternal ao pré-vestibular. Os pequenos realizam atividades lúdicas e de cognição, enquanto os mais velhos têm acesso a vídeos e conteúdos multimídias para exemplificar as matérias.

Após a instalação dos novos métodos, os resultados positivos apareceram, destacando o engajamento dos estudantes na aula, melhora no desempenho e queda de advertências. “Após a implantação da tecnologia, percebeu-se que além do aprendizado se tornar mais dinâmico, os alunos se tornaram mais atraídos pelos conteúdos que são abordados de forma lúdica e proporcionam maior interação. O saldo foi positivo em todos os sentidos”, ressalta Rosana. Outro fator que animou a instituição e, sobretudo, os pais, foi o resultado impressionante no desenvolvimento com alunos autistas ou com Síndrome de Down.

O Colégio Porto União, com sede na região oeste da capital paulista, acredita que “a linguagem tecnológica é necessária e imprescindível” e, para realizar as diversas adaptações, a instituição passou por reformulações em toda a sua estrutura. “A inclusão dos dispositivos digitais alterou toda a organização, escola e professores tiveram que estudar muito, realizar cursos e se preparar para a troca de conhecimento digitalizado entre alunos e professores”, explica Rosana.

TABLET EM AÇÃO

A Escola Internacional de Alphaville, localizada em Barueri, na Grande São Paulo, é pioneira no Brasil ao agregar o uso do iPad 2 por 100% dos alunos em suas atividades pedagógicas: todos os alunos utilizam, desde o início deste ano letivo de 2012, o aparelho e seus vários aplicativos educacionais no dia a dia dentro e fora das salas de aula. “Implantamos o Life@School Tablet Program e o que podemos perceber, é que os alunos estão lendo mais, pesquisando mais e interagindo mais”, afirma o gestor da instituição, Ricardo Chioccarello. “Hoje, eles já utilizam o tablet em mais de 20% do tempo diário de estudo como um complemento aos tradicionais livros, lousas e cadernos”.

“Sempre acreditamos que, para dar certo, o projeto precisaria ser aplicado em toda a escola, e não fazer apenas um piloto com um grupo de alunos, como outras instituições optaram”, explica o gestor. Foram necessários três anos de muita pesquisa, estudos e visitas a escolas nos Estados Unidos e Austrália, entre outros países, para entender de maneira mais aprofundada os trabalhos semelhantes e criar um modelo próprio.

O projeto, que começou a ser formatado em 2009, contou com investimentos da ordem de R$ 500 mil, incluindo a instalação de 58 antenas da rede wi-fi, gerador, filtros de segurança online, capacitação, subsídio dos aparelhos dos professores, link de 50MB fornecido através de fibra óptica full-duplex e outros equipamentos. Durante o processo, foram várias as discussões, para definir desde o sistema que seria usado – iOS ou Android –, até se a compra seria feita pela escola ou pelos alunos. A opção foi pelo iPad 2 e, no final do ano, o tablet entrou na lista de material escolar. “É o que apresenta a maior quantidade de aplicativos educacionais. Além disso, muitos alunos já tinham este modelo”, diz Ricardo.

Cada aluno de Teens (Ensino Fundamental – 6º ao 9º ano) e High School (Ensino Médio) tem seu próprio aparelho, e a escola os ensina a usá-lo com segurança e responsabilidade para o estudo e o lazer. Já para alunos de Kids (Educação Infantil) a Juniors 5 (Ensino Fundamental – 1º ao 5º ano) a escola investiu na montagem de um Laboratório Móvel, equipado com 32 iPads, que são utilizados duas vezes por semana pelas crianças, mediante agendamento do professor.

O envolvimento dos professores, que participaram de todas as etapas de discussão do projeto, foi fundamental para o sucesso da nova proposta. Os últimos meses de 2011 foram dedicados ao treinamento do corpo docente – que hoje também têm os seus próprios tablets, subsidiados em 50% pela escola.

Saiba mais:

Colégio Branca Alves de Lima – [email protected]

Colégio Porto União – [email protected]

Escola Internacional de Alphaville – [email protected]

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