Em tempos de crise, o otimismo realista pode fazer a diferença
Matéria publicada na edição 121 | Setembro/2016 – ver na edição online
Cada instituição é o reflexo do seu líder. Por meio de palavras, olhares, gestos e posturas o líder pode inspirar ou “pirar” seus liderados. Ele inspira quando empodera, incentiva, motiva e orienta cada um ao melhor que pode ser. Porém, quando grita, ameaça, menospreza, titubeia ou age de forma injusta, não reconhecendo a dedicação de cada profissional, o líder acaba prejudicando seus liderados e até sua própria organização.
Há de se considerar que para um planejamento estratégico ser bem feito é preciso equilíbrio. Afinal, otimismo demais poderia levar a uma gastança desmedida, a desprezar possíveis taxas de inadimplência, ou mesmo a fazer menos gastos com seguros. Por outro lado o pessimismo exagerado pode criar um clima interno tão negativo que acaba ocorrendo uma profecia autorrealizada que funciona da seguinte forma:
caem as vendas, as matrículas, os recursos — começam a se intensificar ameaças — as pessoas se travam, pois trabalham com medo de serem desligadas — aumenta o estresse dos alunos e pais que sentem que naquela escola as pessoas andam de mau humor — começa a circular a percepção de que as coisas vão mal — criam-se rumores (falsos ou verdadeiros) de que a crise é maior do que a capacidade de superação — as pessoas deixam de tentar dar o seu melhor — instala-se um clima ruim de trabalho, com gritos e economias tolas (o café já não é mais passado no horário e se toma morno, a bolacha é servida velha mesmo, o papel nos banheiros piora de qualidade e já não se pinta mais a sala dos professores). Com tudo isso ocorre justamente o contrário de tudo que nos motiva.
Como seres humanos, precisamos, sobretudo, de um bom clima para que nosso cérebro funcione adequadamente. Uma das formas mais inteligentes de superar crises é empoderar os profissionais da instituição para que cada um faça não apenas o seu trabalho de forma tarefeira ou para não tomar bronca, pois neste modo ninguém se permite ter novas ideias, raros se oferecem para aquele passo além e assim todos perdem. O que um bom líder consegue é despertar o espírito empreendedor de sua equipe.
O otimismo realista se caracteriza por uma atitude em que se leva a realidade em consideração, mas se adota a proatividade diante dela, buscando novos olhares, novas ideias, novas ações. Perceber a realidade é importante, mas buscar a superação é fundamental.
Líderes podem fazer a diferença ao substituir uma postura negativa e ao evitar palavras como problemas, substituindo-as por situação. Quando entendemos que estamos diante de uma situação, de um desafio e nos pedem ajuda, despertamos o nosso melhor e temos a chance de encontrarmos caminhos.
Líderes podem fazer a diferença quando abandonam as economias tolas que desempoderam e fazem cortes inteligentes, mas que não transmitam a ideia de que tudo está perdido. Afinal, conforto e limpeza geram ao cérebro humano condições favoráveis para se trabalhar.
Líderes podem fazer a diferença quando deixam de se ligar somente nos noticiários negativos que todos os dias nos visitam e sentam com cada um de seus liderados, pedindo-lhes ajuda, sensibilizando cada um a pensar, a sentir e a agir como se fosse parte de um novo ciclo, de um novo dia, de um novo modo de ser, aquele em que todos se unem pelo bem comum.
Crises vão e vem. Mas a forma como lidamos com nossas adversidades ficam estampadas na alma de nossos liderados, às vezes, para sempre. E você, que tipo de líder pretende ser?
Prof. Leo Fraiman – Psicoterapeuta, escritor e palestrante. É autor da Metodologia OPEE, adotada atualmente por mais de 150 escolas em todo o Brasil, e também do livro “Como Ensinar Bem”, pela Editora OPEE. Integrante do conselho mundial de educação para autonomia da Danone. Consultor Site: www.leofraiman.com.br