Arquitetura: Ambiente Escolar em Transformação
A estrutura física, tanto externa como interna, é o local onde pousamos nosso olhar em um primeiro momento quando avaliamos uma instituição de ensino. E, esta mesma estrutura, que carrega o histórico, a estética, os espaços de socialização e trabalho de aprendizagem, influencia diretamente no bem-estar físico, psicológico e de acolhimento que uma instituição oferece cotidianamente.
Nos últimos anos, em especial, avistamos mudanças significativas que despontaram no segmento educacional, como em questões comportamentais, culturais, tecnológicas e, também, na arquitetura e nas disposições da infraestrutura. No epicentro dessas mudanças, localizamos um denominador comum: o movimento de repensar a infraestrutura escolar com o objetivo de se adaptar a novos tempos e a novos anseios dos estudantes.
“Acredito que, para aprender, é preciso se conectar. Se conectar com o professor, com o assunto e por que não com seu entorno?”, questiona a arquiteta Claudia Porto. “Gosto muito de trabalhar os espaços da maneira mais híbrida possível, dando liberdade as mudanças de usos. Uma sala que hoje é maker, também pode ser sala de arte, mas amanhã pode ser uma sala de aula. É importante ressaltar que se adaptar aos novos tempos não significa perder sua identidade. Sempre procuramos entender a essência de cada escola que fazemos para poder traduzi-la na arquitetura”, completa.
Nessa perspectiva, observando as necessidades mutáveis e flexíveis que a contemporaneidade nos mostra, a gestora de projetos de inovação educacional, Cely Monti, nos conta que diversas pesquisas mundiais têm demonstrado ganhos significativos no processo de ensino aprendizagem quando os ambientes são mais “agradáveis”. “Gosto bastante das teorias de Reggio Emilia, que tratam o ambiente educacional como o ‘terceiro professor’, um importante recurso que pode facilitar as trocas educacionais em função do seu design – cor, layout, infraestrutura, entre outros. A aprendizagem acontece na relação com o ambiente”, ressalta.
De acordo com a Cely, para os gestores que desejam repensar, inovar ou adaptar a infraestrutura escolar para os novos tempos, é importante começar pela experimentação, “pelo uso e ocupação dos ambientes existentes de maneira diferente do usual. É importante simular a mudança, avaliar e aprender com os desafios propostos, quebrar modelos mentais. Esse processo de experimentação de novos ‘usos’ para o ambiente educacional é significativo no amadurecimento da comunidade escolar”.
Para complementar essa ideia, Sonia Maria Braga, diretora pedagógica da Meimei Escola Montessoriana e do Centro de Treinamento Montessori do Rio de Janeiro, acredita que a arquitetura deve ser um espaço dinâmico e prazeroso, ressaltando o protagonismo de cada estudante. “A arquitetura dos ambientes escolares deve atender às características dos alunos que serão atendidos nele. Um ambiente pensado especialmente para o estudante é primordial. O aluno precisa sentir-se ‘acolhido’ pelo ambiente”, finaliza. (RP)
Saiba mais:
Claudia Porto – [email protected]
Cely Monti – [email protected]
Sonia Maria Braga – [email protected]