Estudar gestão é tão importante quanto conhecer as teorias educacionais
Eny Muniz
Imagine acordar e ter à sua frente todo o planejamento de sua escola pronto, sem necessidade de revisão, alteração, reajuste algum. Imagine toda a sua equipe engajada, preparada, motivada em iniciar um novo ano letivo. Parece sonho, não é mesmo? Pois eu te garanto que este sonho pode ser realizado, desde que você esteja amplamente amparado por boas leituras, cursos e, principalmente, produção escrita. Um bom planejamento começa por boas e ricas discussões, é necessário reunir três ou cinco pessoas numa sala, durante um período de, no mínimo, quatro horas. E para quê? Para que possam responder a um simples questionamento: quais práticas aprendidas necessitamos levar para 2022?
Poderíamos até usar o verbo desejar. Que práticas desejamos, porém desejo nem sempre reflete a necessidade. E algumas vezes a necessidade pode, ocasionalmente, ser mais importante que o desejo.
Quando pensamos o que nos aguarda no futuro, ali na frente, em 2022, vem à minha frente uma única certeza: o futuro será, novamente, imprevisível. E nem por isso ficaremos parados, com as mãos atadas. Muito pelo contrário, o futuro novamente se apresenta como uma grande oportunidade de fazer diferente. Mas de novo? Sim, de novo e de novo.
E o que podemos fazer de diferente? Aquilo que ninguém fez ainda. E o que ninguém fez ainda? Eu não tenho a resposta exata, mas posso compartilhar com vocês alguns caminhos possíveis de serem trilhados. O primeiro é o caminho da sua formação profissional. Que cursos você fez nos últimos dois anos que te ajudam a liderar melhor a sua equipe? Quais ferramentas de inovação você incorporou à sua prática gestora? Que tipo de reuniões continua fazendo? E ainda um questionamento muito mais instigante: que práticas você abandonou definitivamente porque descobriu que não atingiam a eficácia desejada?
Pois é, a gestão possui sabor e dor. E quem planeja tem futuro, quem não planeja tem destino. E você o que tem? Futuro ou destino? Intrigante como esta pergunta no início deste ano me fez refletir sobre as características de um bom líder, um bom gestor.
Resumidamente, nos últimos dois anos, reinventamos as relações, os saberes, os quereres. Ajudamos um ao outro. Colaboramos um com o outro. Seguramos a barra um do outro. Ouvimos e fomos ouvidos. E isso não nos garante os próximos passos. Ou o próximo ano.
É necessário nos prepararmos mais ainda para 2022. Por isso não se poupe o trabalho de estudar mais. Mas o que estudar? Gestão. Você não precisa mais fazer cursos na área educacional. Para pensar além da escola, é necessário obter conhecimento sobre pessoas, processos e produtos. É preciso abrir a mente a um outro vocabulário, menos acadêmico educacional e mais acadêmico da área de gestão. Estudar gestão é tão importante quanto conhecer as teorias educacionais.
No livro “Reinventando as organizações”, o autor Frederic Laloux comenta: “A maioria das práticas que nos convidam para a integralidade é surpreendentemente simples. E, no entanto, temos crescido tão acostumados com os lugares limitados e quase assépticos que chamamos de trabalho, que essas práticas podem parecer inadequadas em um contexto profissional.”
Nossas práticas de gestão devem ser um convite para trabalhar a nossa humanidade. Devemos exercer práticas que integrem e não separem, que agreguem valor à nossa equipe. E que, sobretudo, enxerguem potencial de realização em pessoas, processos e produtos. O que pode ser melhorado e necessita de nossa atenção, é ali que vamos distender tempo e energia.
Revisite os processos de sua gestão, verifique o que tem funcionado e o que precisa ser modificado. E não tenha medo de mudar, não tenha medo do caos que isso pode causar. Dizem que toda grande mudança é precedida pelo caos. E mesmo o caos pode ser mensurado, calculado. Até o erro já pode ser esperado. Mas não se atreva a mudar sem antes ter a certeza de que você tem as pessoas certas ao seu lado, se possui o conhecimento necessário, o espaço de atuação, a quase certeza do êxito da mudança. E por que quase certeza? Porque algo que o cenário pandêmico nos trouxe de presente é a certeza que não temos certeza. Mas não é por isso que você ficará parado. O mundo não está em pausa, a vida não parou. E nós, gestores, temos um compromisso emergencial de propor as transformações necessárias.
Há três verbos de ação que marcam a gestão do líder do futuro: fazer, atender e entregar – fazer bem-feito, atender à necessidade e entregar o que prometemos.
E aí? Você está preparado?
Eny Muniz Especialista em Linguagens, Comunicação, Marketing e Serviços Educacionais. Atualmente é Diretora Acadêmica do Grupo Santillana Brasil e tem a nobre e grata missão de liderar uma grande equipe.