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Guia para Gestores de Escolas

Inteligência Artificial e Educação: Entre a Inovação e a Preservação da Humanidade

Por Fernanda King

A Inteligência Artificial (IA) está transformando diversos setores e a educação não é exceção. Desde ferramentas que auxiliam no aprendizado até sistemas que automatizam tarefas administrativas, a IA promete revolucionar a forma como ensinamos e aprendemos.

Recentemente, fiquei impactada com a notícia de que uma escola do Texas, a Alpha School, não tem mais professores. Ou seja, o “futuro” já chegou? E os professores realmente serão substituídos? Será que somos assim tão descartáveis?

Mas calma! Isso também não significa que as crianças estudem lá por conta própria. Nessa escola, os alunos dedicam apenas duas horas por dia aos estudos acadêmicos, utilizando uma inteligência artificial que adapta o conteúdo ao ritmo e nível de cada estudante. O restante do dia é reservado para o desenvolvimento de habilidades práticas, como comunicação, liderança e projetos pessoais.

E em vez de professores tradicionais, a escola conta com “guias” que atuam como mentores, oferecendo suporte emocional e motivacional aos alunos. Estes profissionais auxiliam no desenvolvimento de competências socioemocionais e na orientação dos projetos individuais dos estudantes.

Na minha concepção, a IA como copiloto do professor é sensacional! Utilizar ferramentas tecnológicas que possam “desafogar” o trabalho do educador, como, por exemplo, na adaptação de conteúdos para o ritmo de cada aluno, é incrível! Mas substituir pessoas por máquinas em um lugar que é, sobretudo, a respeito de relações humanas, eu já acho temerário.

Além disso, essa transformação traz consigo desafios significativos. O Papa Leão XIV, em seu primeiro discurso ao Colégio de Cardeais, destacou a IA como um dos principais desafios da humanidade, enfatizando a necessidade de defender a dignidade humana, a justiça e o trabalho diante dessa nova revolução tecnológica.

O Papa Francisco, em diversas ocasiões, expressou preocupações sobre os impactos da IA na sociedade. Ele destacou a necessidade de refletir sobre como essas tecnologias afetam as relações humanas, a informação e a educação, questionando se, com o avanço tecnológico, o ser humano está realmente se tornando melhor.

Além disso, o Vaticano publicou o documento “Antiqua et Nova”, intitulado Nota sobre a relação entre a inteligência artificial e a inteligência humana, que aborda os desafios éticos e antropológicos da IA, especialmente no contexto educacional. O texto alerta para o risco de os alunos não desenvolverem habilidades de pensamento crítico devido à dependência excessiva de tecnologias, enfatizando que a IA deve complementar – e não substituir – a inteligência humana.

Diante deste cenário, é fundamental que educadores, gestores e formuladores de políticas públicas reflitam sobre o papel da IA na educação. A tecnologia deve ser uma aliada no processo educativo, promovendo a inclusão e o desenvolvimento integral dos alunos, sem comprometer os valores humanos essenciais.

Em relação aos indicadores de aprendizagem em ambientes com menor presença docente, estudos apontam que a ausência de interação humana pode impactar negativamente o desempenho dos alunos. Por exemplo, pesquisas indicam que a presença de professores qualificados está correlacionada com melhores resultados em avaliações padronizadas e maior engajamento dos estudantes.

Mas, em sua defesa, a Alpha School alega justamente o contrário – que seus estudantes apresentam índices melhores de desenvolvimento. Muitas pessoas questionam que não houve tempo de pesquisa suficiente para tal afirmação, outras dizem que os estudantes de lá já pertencem a uma classe socioeconômica privilegiada, entre outros aspectos. E a pergunta que impera, na verdade, é: temos que ser melhores em quê, no fim das contas?

Portanto, ao integrar tecnologias avançadas na educação, é crucial garantir que elas complementem, e não substituam, a presença e a atuação dos professores, visando sempre o desenvolvimento integral dos alunos. Em suma, a integração da inteligência artificial na educação deve ser conduzida com responsabilidade, garantindo que o progresso tecnológico esteja sempre a serviço do bem comum e da dignidade das pessoas.

E você? Acha que o futuro da educação é humano?

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