A escola tem autonomia para resolver seus próprios conflitos: um exercício democrático
Colunas e Opiniões
O ambiente escolar costuma representar os conflitos e contradições de nossa sociedade. A escola, por outro lado, tem a prerrogativa de transformar este paradigma, ao formar pessoas mais conscientes da realidade, com enorme potencial para questionar costumes e ações que não mais sejam compatíveis com os valores de uma sociedade inclusiva e democrática.
Ao educar crianças e jovens, a escola tem em suas mãos a possibilidade de questionar as raízes do preconceito e da discriminação. Ao estimular o questionamento de ações do passado que são reproduzidas desde a mais tenra idade, a escola cumpre com seus objetivos legais e constitucionais, de acordo com os parâmetros da vida democrática.
Ao permitir que todos tenham postura reflexiva e consequente sobre suas ações, a escola se materializa como ambiente inclusivo, em que todos podem ser agentes transformadores da nossa sociedade, a fim de minimizar a desigualdade e fomentar as habilidades e as diferenças de cada indivíduo.
Ações como essa têm também o potencial de minimizar contendas judiciais. Por exemplo, as escolas que não adotem medidas preventivas e repressivas contra o bullying, como determina a lei, podem ser responsabilizadas. Ou seja, ao não se atentar às diferenças entre os indivíduos e se omitir nos casos de violência, a escola deixa de cumprir seu papel, pois afeta o adequado cumprimento do direito à educação do aluno vítima de bullying.
Ao primar por ambiente inclusivo e reflexivo, a escola contribui para adensar o esgarçado tecido democrático. E, nesse sentido, o principal exercício da democracia é o diálogo. Dialogar, conversar, mediar, são verbos que devem estar no dia-a-dia da gestão educacional. Se pais, responsáveis e alunos apresentam queixas, das mais diversas naturezas, o recomendável é agendar reunião, explicar o funcionamento das práticas pedagógicas e o papel de cada um para o fortalecimento de nossa jovem democracia.
O diálogo nos coloca disponíveis a enfrentar os desafios e a solucioná-los de forma participativa. O diálogo coloca a escola como local capaz de resolver seus próprios conflitos, indicando que uma boa conversa pode ser mais eficiente que a edição de mais leis que regulem a atividade educacional. O diálogo, além disso, dá visibilidade a partes que nem sempre puderam participar do processo decisório, como os alunos, que devem saber o seu papel e estarem conscientes de que podem participar e que são agentes de transformação.
A escola do futuro é a escola que prima pelo diálogo, que confia em seus alunos, professores e que constrói rede de apoio para garantir a educação de qualidade. É a escola voltada para a democracia.