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Guia para Gestores de Escolas

A importância do movimento na infância

Por André Rímoli Costi

A infância é um período de intensas descobertas, onde cada experiência contribui para o desenvolvimento integral da criança. Dentro desse processo, o movimento desempenha um papel essencial, indo muito além da simples diversão. Brincar, correr, pular e interagir com o ambiente são ações fundamentais para o crescimento físico, cognitivo, emocional e social dos pequenos. No entanto, em tempos de avanços tecnológicos e rotinas cada vez mais sedentárias, garantir que as crianças se movimentem o suficiente tem se tornado um desafio tanto para pais quanto para educadores.

Desde os primeiros meses de vida, o movimento está presente na construção das habilidades motoras. O desenvolvimento da coordenação, do equilíbrio e da força muscular ocorre de forma progressiva e influencia diretamente a autonomia da criança. Subir escadas, correr, segurar objetos e até mesmo manter uma boa postura na sala de aula são reflexos de um processo motor bem trabalhado. Estudos mostram que crianças fisicamente ativas tendem a ter um melhor desempenho acadêmico, maior capacidade de concentração e uma relação mais saudável com o aprendizado. Isso ocorre porque a atividade física estimula a produção de neurotransmissores que melhoram a memória, o humor e a disposição para aprender.

Além dos benefícios cognitivos, a prática de atividades físicas desde a infância está diretamente relacionada à promoção da saúde e à prevenção de doenças. A obesidade infantil, por exemplo, tem se tornado um problema global, impactando milhões de crianças e adolescentes. O sedentarismo associado a hábitos alimentares inadequados pode desencadear uma série de complicações, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares ainda na juventude. Movimentar-se regularmente fortalece ossos e músculos, melhora a imunidade e contribui para a regulação do sono, aspectos essenciais para um crescimento saudável.

O aspecto emocional também merece destaque. Crianças ativas fisicamente tendem a apresentar menores índices de ansiedade e depressão, além de desenvolverem habilidades socioemocionais essenciais para a vida adulta. Através do esporte e da atividade física, elas aprendem sobre superação, trabalho em equipe, respeito às regras e resiliência. A interação social proporcionada por essas atividades também é um fator determinante para a construção da autoconfiança e do senso de pertencimento. Quando envolvidas em práticas coletivas, as crianças desenvolvem habilidades como comunicação, cooperação e empatia, aspectos fundamentais para a vida pessoal e profissional no futuro.

Contudo, um dos grandes desafios da atualidade é a crescente exposição das crianças às telas. Celulares, tablets e computadores fazem parte do cotidiano infantil e, muitas vezes, acabam substituindo o tempo dedicado ao brincar ativo. Estudos apontam que o aumento do tempo de tela está diretamente relacionado ao sedentarismo e a dificuldades no desenvolvimento motor e social. Além disso, longas horas em frente a dispositivos eletrônicos podem causar impactos negativos na postura, na visão e até na qualidade do sono. Para combater esse cenário, é fundamental que pais e educadores incentivem a prática de esportes e a realização de atividades ao ar livre, proporcionando alternativas que despertem o interesse das crianças pelo movimento.

Na escola, a educação física e as atividades recreativas devem ser valorizadas, indo além da simples obrigação curricular. Ambientes que favorecem o movimento, com espaços adequados para brincadeiras e aulas dinâmicas, contribuem para a adesão das crianças a um estilo de vida mais ativo. Uma abordagem pedagógica que incentive o movimento pode impactar diretamente na disposição dos alunos e até mesmo na forma como interagem entre si. O brincar estruturado e o espontâneo devem coexistir, permitindo que a criança explore seu corpo e suas capacidades em diferentes contextos.

Em casa, pequenas mudanças na rotina podem fazer toda a diferença. Reservar momentos para caminhadas, estimular passeios ao ar livre, promover brincadeiras que envolvam deslocamento e incentivar a participação em modalidades esportivas são atitudes simples, mas eficazes. Até mesmo tarefas domésticas podem ser oportunidades para que a criança se movimente de forma natural, criando hábitos que podem acompanhá-la ao longo da vida.

Outro ponto importante é o exemplo dos adultos. Crianças aprendem observando, e pais ativos têm mais chances de criar filhos que valorizam o movimento. Transformar o ato de se exercitar em algo prazeroso e acessível, e não em uma obrigação, pode ser um fator determinante para que a criança crie uma relação saudável com a atividade física.

Garantir que as crianças tenham uma infância ativa é um compromisso que envolve família, escola e sociedade. O movimento deve ser encarado como parte essencial do desenvolvimento infantil e não como uma atividade secundária ou opcional. Investir na atividade física é investir na saúde, no aprendizado e no bem-estar das futuras gerações. Afinal, uma infância cheia de movimento é o primeiro passo para uma vida adulta mais equilibrada e saudável.

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