A linguagem não verbal na sala de aula
Sabemos que ensinar, hoje, está se tornando cada vez mais complexo por vários motivos – e um deles é a dificuldade de se comunicar com os alunos na sala de aula. Nos últimos anos o tema da comunicação se tornou um argumento central, um tema de discussão didática e de grande importância nos processos educativos em geral.
Algumas pesquisas publicadas no National Education Association indicam que 82% do impacto da comunicação dos professores na sala de aula acontecem a nível não verbal. O professor Albert Mehrabian já evidenciou a importância da linguagem corporal, em 1967, quando publicou seu estudo demonstrando que só 7% do impacto da mensagem no processo de comunicação são transmitidos por meio das palavras, que oferecem os conteúdos do discurso, mas que representam só uma pequena parte do diálogo inteiro. Os componentes não verbais, o tom de voz, o ritmo, as pausas, são responsáveis por 38% da mensagem. Os componentes paraverbais, como a postura, o olhar, a mímica facial, os gestos, as expressões do rosto, os movimentos do corpo, são responsáveis pelos 55% do impacto na comunicação.
Em 1994, o estudo dos neurocientistas G. Rizzolatti, L. Fogassi e V. Gallese, confirma a existência de neurônios-espelho no cérebro e a ligação desses com a linguagem do corpo, evidenciando a importância da linguagem corporal nas relações interpessoais. Eles são ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa e permitem não apenas a compreensão direta das ações dos outros, mas também das suas intenções e emoções.
Os estudos no assunto nos confirmam que a decodificação que fazemos das mensagens da linguagem não verbal é a base para as nossas reações em relação ao interlocutor.
Segue uma técnica de comunicação não verbal que o professor pode utilizar no começo da aula, que é sempre um momento um pouco desafiador, para conseguir a atenção da turma e indicar que está na hora de começar:
– Ao invés de entrar na sala e se movimentar falando frases para chamar a atenção, como: “pessoal, vamos começar; crianças, um pouco de atenção; quietos; silêncio; parem; sentem-se”, entre outras, o professor pode experimentar entrar na sala e ficar parado na frente dos alunos, em silêncio, no centro, não se mexer, nem se movimentar.
– Respirar mais profundamente e ajustar a postura, distribuindo o peso uniformemente em ambos os pés, que estão para frente, para ter uma postura mais firme e sólida, para dar uma mensagem de congruência, transmitindo a mensagem, “estou aqui e espero a atenção de vocês.”
– Só depois de ajustar a postura, dar instruções verbais simples e sintéticas, para conquistar a atenção, como: “vamos começar”, com um tom de voz mais alto que o da sala, depois respirar e fazer uma pequena pausa. Desta forma se torna mais simples conseguir a atenção dos alunos, para poder dar sequência ao conteúdo, podendo, então, ir diminuindo o tom de voz gradativamente.
Essa postura de presença “inesperada” do professor surpreende e aumenta muito a probabilidade que os alunos fiquem mais atentos no começo da aula. Esse é um exemplo da técnica de comunicação não verbal que eu criei chamada “Inner Vision” e que pode ser utilizada com eficácia dentro da sala de aula.
Como educadores, temos um grande poder de influenciar nossos estudantes para favorecer seu crescimento e amadurecimento humano, social e intelectual, somos modelos para eles, às vezes os únicos que eles têm. É nossa responsabilidade manter vivos os sonhos dos nossos jovens para que eles manifestem seus talentos e descubram seus propósitos.