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Guia para Gestores de Escolas

A linha tênue entre Otimismo X Medo: como o uso da Inteligência Artificial pode, sim, ser benéfico na educação

Em passagem pelo Brasil em maio último, Sam Altman, CEO da empresa que criou o ChatGPT, deu algumas declarações que me chamaram atenção. Na primeira, ele defende a criação de uma regulação internacional para a Inteligência Artificial e, em outra, menciona que, com o surgimento das IAs generativas, “empregos vão desaparecer”.

Sobre a primeira declaração, é difícil imaginar algum progresso nesse sentido, uma vez que até hoje a maioria dos países do mundo nem conseguiu regular as redes sociais. Porém, vejo como positiva a sua preocupação. Também em maio, o Google lançou o Bard, que provavelmente será o maior concorrente do ChatGPT. A comunidade europeia e o Brasil ainda não foram contemplados, provavelmente porque ainda estão discutindo neste momento regulações sobre a IA. Sobre a questão do desaparecimento de empregos, de fato, isso deve ocorrer, mas outros serão criados, não na mesma quantidade e nem para as mesmas pessoas. Por isso, uma melhor preparação para as gerações futuras é, sobretudo, importante, e aí entra o papel fundamental da escola.

O uso de ferramentas de IA na educação pode ser definido como um tema sensível para muitos educadores. Medos e incertezas acerca dessa tecnologia pautam as conversas nos corredores escolares. A Inteligência Artificial tem se mostrado uma ferramenta promissora na transformação da educação e seus resultados podem ser surpreendentes. Mas como permitir que todos esses impactos ocorram em sala de aula em meio a tantas dúvidas?

Tendo em vista a rapidez com que as novas ferramentas de IA têm chegado ao conhecimento da sociedade, são compreensíveis os questionamentos que pairam sobre como uma plataforma como o ChatGPT ainda pode ser benéfica para o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos. Dito isso, o ponto-chave para a resolução dessas questões talvez seja pararmos de focar tanto nas hipóteses do que pode acontecer, e começarmos a olhar mais para o que já está se manifestando frente aos nossos olhos.

É fundamental que estejamos abertos a compreender que a Inteligência Artificial não deve ser motivo de temor, mas, sim, uma oportunidade de aprendizado e desenvolvimento. Por isso, educadores, alunos e a sociedade em geral precisam ter curiosidade para aprender a utilizar essa tecnologia, com o intuito de extrair seus benefícios aplicados em processos educacionais. Afinal, o papel do professor, com ou sem auxílio da IA, segue sendo justamente esse: guiar, conduzir e estimular os alunos a trabalharem seu pensamento crítico a partir de orientações para o uso dessas plataformas.

Nosso compromisso enquanto educadores é fomentar o processo de ensino e aprendizagem, e promover aos estudantes espaços seguros de conversa, pesquisa e conhecimento. Em um exercício que costumo dar em minhas palestras, produzo uma pergunta que contém 4 imagens, sendo 3 delas inspiradas em uma obra de Picasso, e criadas por uma plataforma de Inteligência Artificial, e 1 delas é a obra original. Peço para as pessoas opinarem sobre qual acreditam ser a do artista. Este tipo de interação é somente uma amostra do que pode ser aplicado como tarefa a alunos em uma aula de artes, por exemplo. Alguns colegas professores me falaram que usam o ChatGPT para que os alunos analisem e questionem as respostas dadas pela ferramenta e, logo após, expressem as suas próprias opiniões.

Dado o papel do professor, trago também uma reflexão sobre as ferramentas de IA: elas existem e são alimentadas a partir de dados, conhecimentos e teses já existentes. Essas informações possuem um criador original, e esse criador precisa ser um humano que usufrua de todas suas habilidades críticas e intelectuais para produzir conteúdos complexos. Sem dúvidas, a Inteligência Artificial aprende conforme utilizada, e é ágil, mas não é crítica como um humano. Portanto, para continuar cumprindo seu papel de sintetizar e formatar informações, qualquer ferramenta de IA sempre precisará de indivíduos para continuar aprendendo e evoluindo, e os alunos que estamos formando hoje serão essas pessoas, pois um dia se tornarão professores, pesquisadores, desenvolvedores e estarão presentes nas mais diversas profissões.

O futuro da educação está intrinsecamente ligado à IA e um olhar otimista nos permite explorar todo o potencial dessa ferramenta, buscando uma aprendizagem mais eficiente para todos os alunos e educadores. Este texto foi escrito por um humano.

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