A sociedade passa pela escola
Quando falamos em formação integral, em formar cidadãos, em sujeitos autônomos, indivíduos conscientes, termos frequentemente presentes nos PPP´s (Projeto Político Pedagógico) das escolas, estamos falando exatamente de que? Estamos, antes de mais nada, nós conscientes da nossa importância na construção da sociedade?
Eu me preocupo muito com a coerência entre teoria e prática. Como aquilo que eu reconheço como necessidade se reflete na minha ação docente? Tenho visto um discurso muito comum sobre aquilo que a escola deve fazer e desenvolver nos alunos, mas invariavelmente, não consigo entender como isso se manifesta na prática.
Seja por falta de tempo, de prioridade, por excesso de trabalho ou por medo de mudar e não agradar aos pais, as escolas têm medo de se arriscar e caem na mesmice, no que já é conhecido por todos e, portanto, menos chance de se frustrar ou de não atender às expectativas.
Mas é preciso lembrar que a sociedade passa pela escola. Durante a infância, a adolescência, no percurso da formação da personalidade, os anos mais mágicos e importantes, onde são registrados os modelos mentais, é no ambiente escolar que as nossas crianças estão vivendo e se preparando para a vida futura, necessitando do seu olhar atento de educador.
Retomar essa consciência vez ou outra nos coloca em outra postura frente aos alunos, pois a rotina atribulada do professor, por vezes, o afasta dos princípios e daquilo que o fez estar ali, mas é necessário que gestão e corpo docente realinhem suas diretrizes e reflitam sobre como aquilo que acreditam está sendo aplicado na instituição.
Outro ponto importante é trazer um olhar para a sociedade atual, observar e analisar como está estruturada e como a escola se coloca frente a isso. Suas práticas e didáticas estão de acordo com o aluno da contemporaneidade?
Uma geração digital, que busca desafios, informada, crítica, ainda aceita ir à escola apenas para decorar, fazer provas e passar de ano? Pais antenados, que já mudaram seus modelos profissionais nas empresas, as quais privilegiam a criatividade, inventividade e resolução de problemas, ainda buscam modelos repetitivos e sem desenvolvimento de competências essenciais para o século XXI?
Se quisermos preparar as novas sociedades para um mundo real, que hoje já apresenta outras demandas, que é tecnológico, que terá cada vez mais acesso à informação, que estará imerso na internet das coisas, conectado e tantas outras mudanças que estão por vir, precisamos começar a repensar o papel da escola e a desenhar novas formas de aprendizagens, pois o futuro já começou, e as nossas crianças estão nele.
Vamos juntos?!