“A adaptação escolar precisa ser trabalhada, principalmente nas crianças menores e os mais velhos também precisam do apoio dos pais”, diz pedagoga
Gestão Escolar
Por Rafael Pinheiro
Tradicionalmente, o final de janeiro e o início de fevereiro, marcam períodos importantes nas vidas dos alunos, afinal, inauguram o ano letivo. Para alguns, apenas uma mudança de série, para outros o começo de um extenso ciclo, que pode ser encarado com uma multiplicidade de sensações.
Katarina Bergami, Pedagoga, Coordenadora Educacional da Faces Bilíngue, escola situada no bairro de Higienópolis, em São Paulo, que há quase 20 anos educa crianças dos quatro meses aos dez anos, indica que “tudo será novo e o que é novo realmente pode ser assustador, ao menos no começo. Essa adaptação precisa ser trabalhada, principalmente nas crianças menores, mas os mais velhos também precisam do apoio dos pais”.
As escolas costumam oferecer aos pais um período de adaptação e, assim, eles devem ajudar seus filhos neste momento, acompanhando-os nos primeiros dias, especialmente os menores. Para Katarina, é um erro a escola determinar o tempo que o adulto deve acompanhar a criança na adaptação, até porque cada criança e cada adulto demoram mais ou menos para se adaptar ao novo e para confiar na escola. “Sabemos que, na segunda ou terceira semana, os pequeninos já se adaptaram, enquanto os maiorzinhos levam dois ou três dias. Em muitos casos, não é uma questão de idade, mas de personalidade. De qualquer maneira, o ideal é não determinarmos um tempo, mas deixamos as famílias à vontade”, destaca.
Necessidade e Adaptação
– Berçário: “Temos câmeras no berçário, para que a família acompanhe o bebê o tempo todo”, comenta Katarina. O familiar do bebê pode ficar em período de adaptação o tempo em que achar necessário, acompanhando todos os processos realizados com a criança.
– Idade pré-escolar: A criança nessa fase interage com a sua turma e, nos primeiros momentos, é comum que fique no colo de seu familiar. “Em diversos momentos, ela se afasta do adulto, interage com as outras crianças, as brincadeiras, os objetos e o professor, depois volta ao colo do familiar. Aos poucos, aquela pessoa da família fica cada vez menos necessária na escola e pode deixar a criança. A adaptação é tranquila e sem traumas”.
– Idade escolar: “Aos poucos, a criança pede que o adulto não a acompanhe mais. Em geral, em dois ou três dias, essa presença não é mais necessária e há, também, aquelas crianças mais independentes, que se despedem dos pais no primeiro dia, sem que haja qualquer necessidade de adaptação”.
Sobre a adaptação familiar, a pedagoga e coordenadora educacional, afirma que, muitas vezes, a insegurança é da própria família. Segundo Katarina, os pais precisam entender que seus filhos não são incapazes, impotentes. “As crianças, mesmo quando não sabem falar, conseguem se comunicar por gestos e sons. Não passarão fome, sede ou sofrerão agressões. Essa adaptação da família é necessária, mas é muito mais psicológica do que prática. É preciso deixar que o processo ocorra naturalmente e confiar em quem cuidará da criança, para que ela também confie na escola”, aconselha.