Dica — Alimentação escolar conta com apoio de fornecedores, do cardápio aos projetos pedagógicos na área
Dicas para Diretores de Escolas
Matéria publicada na edição 88 | Maio 2013 – ver na edição online
As escolas têm investido e assumido cada vez mais a responsabilidade de proporcionar uma alimentação de qualidade aos seus alunos e funcionários, especialmente aquelas que oferecem período integral. Elas devem se estruturar não apenas para proporcionar um bom serviço, mas, em alguns casos, atender a alunos com restrição alimentar. Não raro, a alimentação vem se constituindo em fator condicionante para a matrícula dos alunos.
Desta maneira, entram em cena fornecedores e profissionais que se tornaram peças-chaves para organizar e comandar toda a infraestrutura que envolve a alimentação escolar, desde abastecer as instituições de produtos, como comandar equipes e até supervisionar a produção das hortas cuidadas por alunos e professores. A Escola Castanheiras, por exemplo, instituição localizada na região de Tamboré, na Grande São Paulo, contratou em 2010 a empresa de assessoria da nutricionista Camila Podete Luiz para estruturar o setor, que hoje oferece em média 450 refeições diárias.
Ainda é Camila quem elabora criteriosamente todo o cardápio, tanto do lanche como do almoço, e tudo que entra no Castanheiras passa por sua aprovação. “Temos um fornecedor de produtos orgânicos que vem toda semana, realiza uma pequena feira e os pais também podem adquirir produtos de qualidade”, afirma. Tudo isso com o rigor que a padronização da Vigilância Sanitária exige.
TERCEIRIZAÇÃO
Já no Colégio Sidarta, localizado em Cotia, também na Grande São Paulo, a solução para cumprir as exigências, tanto da escola como das famílias, foi terceirizar todo o processo, na cantina e no refeitório. “Nossa linha de conduta é uma alimentação saudável sem extremismos, seguindo uma tendência atual”, afirma a diretora administrativa Maria Aparecida Schleier. Assim, frituras e refrigerantes estão vetados. A partir da seleção dos alimentos que compõem o cardápio, feita pela escola, o preço da refeição é fechado e toda a compra de produtos é de responsabilidade da empresa terceirizada, bem como a gestão da mão de obra. “Servimos em média 400 refeições por dia e não seria possível gerir todo essa estrutura de outra forma”, analisa Schleier. Vale destacar que as refeições são produzidas na escola, que fornece todos os equipamentos de uma cozinha industrial. Outro aspecto importante é a segurança alimentar. Em 15 anos de parceria, “nunca tivemos casos de intoxicação. A empresa tem o procedimento de guardar amostras dos alimentos consumidos, que podem ser mandados para análise caso haja alguma suspeita”, observa a diretora.
No entanto, ela afirma que o fato de terceirizar não exime a instituição de algumas responsabilidades. “Quando há algum problema, sentamos para dialogar e chegar a uma solução. Não se trata de contratar para extrair o máximo”, diz. Dentro da perspectiva de parceria, a nutricionista, que também é contratada pela empresa terceirizada, passa pela aprovação do Sidarta. “Participamos do processo de seleção final e isso traz segurança”. Também aqui é a nutricionista a responsável por atender às famílias caso haja restrição alimentar.
Conferir a idoneidade da empresa é importante. “Somos solidárias contratualmente em casos de ações trabalhistas. Assim, é fundamental checar o histórico da empresa e acompanhar mensalmente o pagamento de salários e o recolhimento dos impostos dos funcionários”, alerta a diretora. Todos esses detalhes podem e devem estar previstos em contrato. Desconfiar de preços baixos é outra dica que a diretora fornece. “Tem que ser factível. Se for muito abaixo da prática de mercado, algo está errado”.
PEDAGOGIA DO ALIMENTO
Transformar o alimento em um instrumento pedagógico e transpor os limites do ato alimentar pode ser um ponto de partida para novas descobertas no ambiente escolar, sugere a nutricionista Mariana Imbelloni, que presta serviço em escolas de Santos, litoral paulista. Este é outro tipo de parceria que as escolas podem fazer, introduzindo a educação alimentar em sua grade curricular. “É na infância que o ato alimentar pode ser vastamente explorado, pois é uma fase de curiosidade extremamente aguçada, em que os preconceitos ainda não foram adquiridos e surge a possibilidade de formação de um senso crítico mais amplo”, afirma a nutricionista. As atividades de sua assessoria pedagógica envolvem horta, pirâmide alimentar, aula de culinária e teatro. Em todas elas, o tema da educação alimentar permeia os diversos conteúdos e faz conexão com outras questões, como meio ambiente, ciências e arte. Por se tratar de educação infantil, o lúdico tem papel de destaque nos trabalhos.
Na Escola Castanheiras, a alimentação saudável também está unida ao pedagógico. Por exemplo, em parceria com a disciplina de Educação Física, os alunos do 3o ano do Fundamental, devidamente paramentados com touquinha na cabeça, fazem um passeio pela cozinha, onde a nutricionista mostra como os alimentos são preparados. “Eles conhecem todo o processo, como higienização, preparo e elaboração do cardápio. Isso traz motivação para o consumo consciente. O passeio virou uma febre entre eles”, festeja Camila.
Por Raquel Zardetto
Saiba+
CAMILA PODETE LUIZ
[email protected]
MARIA APARECIDA SCHLEIER
[email protected]
PMARIANA IMBELLONI
[email protected]