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Guia para Gestores de Escolas

Brincadeira do desmaio pode ser a ponta do iceberg

Por Carina Gonçalves

Mais uma vez assistimos perplexos notícias que envolvem crianças e jovens em brincadeiras sem sentido e que podem levar à morte. Desta vez, Gustavo Riveiros Detter, um garoto de 13 anos, residente no litoral paulista deixou de viver por conta de um desafio estúpido, que vem ganhando novamente força pelas redes sociais e no universo online. Estamos falando da brincadeira do desmaio, também conhecida como jogo da asfixia, com primeiros relatos em meados de 2006, nos Estados Unidos. De lá para cá, o número de participantes só tem crescido e se expandiu para vários países do mundo.

No Brasil, parecia que essa “modalidade” tinha esfriado desde o último surto em 2014, quando a suposta brincadeira era feita por duas pessoas – uma delas provocava pressão no peito do colega para que a respiração fosse interrompida, faltasse oxigenação no cérebro e o desmaio acontecia. A nova “onda”, praticada agora, tem acontecido especialmente pelo universo virtual com vários participantes (online) se desafiando à ficarem o maior tempo possível sem respirar. Para isso vale o uso de várias técnicas perigosas e potencialmente mortais. E os motivos que levam os jovens a isto são diversos e infundados. Alguns dizem serem desafiados por outras pessoas para provar sua habilidade em ficar sem respirar, outros para sentirem “um barato” assemelhado aos das drogas e alguns que desejam testar a experiência de quase-morte. Pretextos à parte, todos colocam a própria vida em risco e também podem deixar sequelas reais e severas como perda permanente de funções neurológicas!

Segundo Vania Lira, diretora do Colégio Branca Alves de Lima (BAL), localizado na zona norte de São Paulo, essa brincadeira já foi motivo de bate-papo entre os alunos, que disseram conhecer e alguns até convidados para participar. “Aqui, no colégio, semanalmente realizamos conversas entre os alunos com temas que estão em alta. Coincidentemente falamos sobre isso na última semana, antes da morte do menino de Santos. Precisamos alertar os jovens sobre esses jogos online, assim como brincadeiras de desafios, que não agregam nada de positivo em suas vidas. Infelizmente, com o uso indiscriminado da tecnologia e acesso a todo tipo de informação na web, jovens despreparados podem ser atraídos para o perigo oculto”, ressalta.

Ainda, os alunos falaram sobre outros supostos jogos de desafios que colocam em risco a segurança emocional e física deles e de outros participantes. Existe, por exemplo, o desafio do gelo com sal que provoca queimadura na pele e quem ficar segurando por mais tempo ganha. Transformar o desodorante aerossol em maçarico também é um dos mais cobiçados e os praticantes devem queimar partes do corpo com o resultado de acender as chamas com isqueiro ou fósforo enquanto libera o gás (altamente inflamável) em determinados membros. O absurdo é tamanho que existe o desafio de corte com gilete, do pão com pimenta, chute na trave e outros que, ao ouvir, deixam qualquer um de cabelo em pé!

Para Vania Lira, diretora do colégio BAL, é importante redobrar a atenção aos filhos, sobretudo dentro do mundo virtual e quanto ao uso constante das redes sociais (pseudo sociedades) para evitar novas tragédias promovidas pela imaturidade dos jovens e pela falta de conselhos de seus responsáveis. Bons exemplos a seguir são os aplicados pelos grandes nomes da tecnologia dentro de seus lares como, por exemplo, Steve Jobs que limitava seus filhos quanto ao uso de iPads e iPhones, e Bill Gates, que antes de permitir o uso de computadores aos seus impunha a necessidade da leitura para a sua formação intelectual e desenvolvimento pessoal. Impor limites e saber dosar o que é legal ou não para as crianças e jovens é imprescindível, pois eles ainda não possuem maturidade suficiente para assimilar os reais riscos aos quais se expõem. Mais uma vez, fica o alerta para todos, pais, professores e parentes de potenciais vítimas de modinhas perigosas. Cuidemos melhor dos nossos entes queridos para não chorarmos amanhã pela falta deles!

Carina Gonçalves

É jornalista especialista e atuante nas áreas de educação, cultura e mídias digitais. Oferece trabalhos e consultoria em comunicação e marketing para estabelecimentos de ensino, empresas e profissionais autônomos. Possui cursos de especialização em empreendedorismo, marketing, comunicação empresarial, mídias sociais e digitais, assessoria de imprensa e projetos personalizados focados ao universo educacional. É sócia-diretora da JCG Comunicação e Marketing. www.jcgcomunicacao.com / 11-4113-6820 – [email protected]

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