Bullying e Cyberbullying: Como erradicar essas práticas nas escolas?
Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação
“É importante firmar uma parceria entre família e pscola, bem como procurar o apoio de um psicólogo, pois, nestes casos, sofre quem é vítima do bullying, mas sofre também quem o pratica, porque seu prazer vem apenas do menosprezo e da vergonha que causa no outro e é claro que esta criança e/ou adolescente não está saudável”, afirma Sueli Bravi Conte, Psicopedagoga, Doutoranda em neurociência, Mantenedora e Diretora do Colégio Renovação (SP)
Atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas, são práticas que podem ser caracterizadas como bullying. O termo, do inglês bully (que pode ser traduzido como “valentão”, em português), emergiu na última década como uma rede complexa com graus de ridicularização, perseguição e humilhação em espaços de sociabilidades – espaços que envolvem, também, a escola.
“Normalmente, quem pratica o bullying observa comportamentos e atinge a pessoa no que mais irá lhe incomodar como, por exemplo, a cor da pele, o cabelo, status social, manias, corpo, aprendizagem, etc. Podemos dizer, em termos mais simples, que é como se colocassem o dedo numa ferida e todos os dias apertassem um pouco, fazendo sangrar diariamente, intensificando a dor, até a pessoa não suportar mais”, diz Sueli Bravi Conte, Psicopedagoga, Doutoranda em neurociência, Mantenedora e Diretora do Colégio Renovação (SP).
No final do primeiro semestre deste ano, foi divulgada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a pesquisa “Professores e Líderes Escolares como Eternos Aprendizes” (Talis, na sigla em inglês), que apresentou um dado preocupante: 28% dos diretores escolares brasileiros relataram ter testemunhado situações de intimidação ou bullying entre alunos, o dobro da média da OCDE. O Brasil está entre os de índices mais altos do mundo, que têm se mantido estável nos últimos cinco anos.
De acordo com a diretora, uma possibilidade para erradicar o bullying na escola, é estabelecer uma parceria entre família e a instituição de ensino, “bem como procurar o apoio de um psicólogo, pois, nestes casos, sofre quem é vítima do bullying, mas sofre também quem o pratica, porque seu prazer vem apenas do menosprezo e da vergonha que causa no outro e é claro que esta criança e/ou adolescente não está saudável”.
Além dessa rede de parceria, é interessante propor ações de prevenção que reduzam a incidência das agressões, com mobilização de toda a comunidade escolar. “Na prevenção, a escola trabalha com a conscientização dos alunos e da família, deixando claro que o bullying é uma prática negativa e que, caso ocorra, terá suas devidas penalizações para os agressores”, completa Conte.
POLÍTICAS ANTIBULLYING
Com o objetivo de impedir esse tipo de comportamento e fomentar uma consciência coletiva para além dos limites da escola, a Maple Bear criou políticas Antibullying com apoio de pais e responsáveis, supervisão da equipe docente e de funcionários das unidades e participação dos próprios alunos.
De acordo com o CEO da rede, Arno Krug, o programa de ensino tem várias práticas e estratégias no sentido de prevenir e extinguir o bullying nas escolas, entre eles, a tutoria, que acontece em encontros semanais individuais entre o docente e os alunos do Ensino Fundamental e Médio.
“Como referência em cidadania e educação, os professores da rede têm também a função de tutores, ou seja, asseguram o bem-estar emocional e social dos alunos individualmente em encontros semanais”, explica Krug. “Esse relacionamento mais próximo entre o professor e o jovem é essencial para que o bullying possa ser identificado, trabalhado e solucionado”, complementa.
CYBERBULLYING
De maneira geral, o cyberbullying pode ser definido como uma intimidação e hostilização de uma pessoa na internet. “A prática faz com que não existam fronteiras, uma vez que se torna muito difícil identificar os agressores por se valerem de apelidos, nicknames, nomes e perfis falsos”, descreve a advogada Christiane Faturi Angelo Afonso.
Um dos ataques mais comuns, difundidos na rede, são cometidos por adolescente em ambiente escolar. De acordo com os dados da pesquisa TIC Educação 2017, do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil), quatro em cada dez professores brasileiros (o equivalente a 40%), já ajudaram pelo menos um de seus alunos contra esse crime, fazendo do Brasil o segundo país no ranking mundial, com maior número de crianças e adolescentes que mais sofrem com o cyberbullying, perdendo apenas para a Índia.
De acordo com a advogada, o Brasil possui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, dentro da Lei 13.185/2015, que considera o bullying todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo, que ocorre sem motivação evidente, causando dor e angústia à vítima. “Nos termos do parágrafo único do artigo 2º desta lei, ocorre o cyberbullying quando há intimidação sistemática na internet com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial dos mais diversos tipos, como exposição de fotos íntimas ou adulteradas”.
A legislação estabelece uma série de ações para identificar e combater esse tipo de violência nas escolas. “Por meio do Judiciário é possível obter decisões liminares para determinar a retirada de conteúdos da internet, informações dos responsáveis dos aplicativos, sites ou provedores, tais como os dados do usuário, inclusive para informar o IP de origem da informação. Para isso, é importante a vítima fazer um boletim de ocorrência e coletar todo o conteúdo da intimidação virtual”, aconselha Christiane.
USO CONSCIENTE DAS TECNOLOGIAS
O Colégio Salesiano Santa Teresinha (SP) incluiu, ao lado de matérias tradicionais do currículo, um projeto voltado para o uso consciente das novas tecnologias de comunicação. Intitulado “@ssim, sim!”, foi desenvolvido em 2007 pelo coordenador de Tecnologia Educacional, Felippe Zancarli, com o objetivo de discutir questões relevantes do universo digital com alunos do 5º ao 9º ano. As orientações tanto são feitas diretamente em sala de aula como em palestras e workshops com pais e alunos, em momentos separados e direcionados para cada público.
“Muito mais do que cercear o acesso à informação, o projeto propõe a orientação dos estudantes sobre como utilizar a internet e redes sociais de maneira ética, responsável e consciente. Infância e adolescência são períodos de formação, e esperamos que os ensinamentos obtidos com o nosso projeto sejam incorporados por toda a vida”, explica Zancarli.
Saiba mais:
Arno Krug – [email protected]
Colégio Salesiano Santa Teresinha – [email protected]
Christiane Faturi Angelo Afonso – [email protected]
Sueli Bravi Conte – [email protected]
Para saber mais sobre a Lei 13.185/2015, acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.html