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Guia para Gestores de Escolas

Combatendo a inadimplência escolar

Por Luis Eduardo Caracik

Após o período dominado pela pandemia com severos impactos na vida escolar, estamos infelizmente entrando em um ciclo de elevação acentuada da inflação e juros, com a consequente queda no poder aquisitivo e aumento de custos, crescimento do endividamento das famílias e provável aumento na inadimplência.

Embora a decisão de não pagar pontualmente a mensalidade escolar seja exclusivamente do responsável financeiro pelo aluno, há diversas medidas que a escola pode tomar para tornar esta decisão menos provável. Medidas que passam por preparo das pessoas que atendem os responsáveis financeiros, entendimento pleno por parte destas pessoas das características da relação contratual entre os responsáveis financeiros e a Escola, e desenvolvimento de atitude de resistência para não se deixarem apanhar por comprometimentos com devedores; porém, sem deixar de se relacionar com profissionalismo, responsabilidade e humanidade, inclusive para que possam distinguir com clareza, diante de qual situação de inadimplência a pessoa se encontra, e encaminhar a situação da forma mais adequada.

Há pessoas que se tornam inadimplentes devido a fatores incidentais em suas vidas: doença, acidentes, desemprego, rupturas familiares ou outros fatores imprevisíveis. Algumas por simples negligência ou oportunismo no que diz respeito às suas obrigações. E outras porque conhecem as circunstâncias contratuais e legais que limitam temporalmente as ações da escola diante da inadimplência e se aproveitam disso.

Outro fator que deve ser lembrado na relação entre a escola e o responsável financeiro inadimplente é o embaraço e constrangimento que se instalam entre colaboradores da escola e os responsáveis nesta situação. Ao mesmo tempo há o desejo de se resolver a situação e o desejo de não abalar a relação entre a instituição e o responsável financeiro; e às vezes, nestas circunstâncias, concessões ou favorecimentos acabam sendo feitos, abrindo o caminho para a cronificação da inadimplência e ocorrência de novas inadimplências oportunistas. Um desconto, um parcelamento ou a mera ausência de um ônus ao inadimplente pode se tornar um incentivo a inadimplências futuras, por parte dessa mesma pessoa ou de outras com quem ela tem contato na comunidade escolar, fazendo surgir a horizontalização da inadimplência.

A primeira etapa no sentido da prevenção é a adoção de uma régua de cobrança, que inclusive deve constar do contrato de prestação de serviços assinado pelos responsáveis, régua esta coerente com as ações que a escola tomará após um certo período de inadimplência, transferindo integralmente ao devedor o ônus acarretado por estas cobranças, quando realizadas por agentes externos.  

A segunda etapa é dotar a Escola de uma capacidade de realizar rápida e profissionalmente as cobranças, extrajudicialmente, junto aos devedores. Esta capacidade será tanto mais eficiente quanto mais distanciada for do ambiente escolar e focada primária e exclusivamente na cobrança, evidentemente sem jamais constranger o devedor e comprometer seu relacionamento com a escola, atuando de acordo com os valores, missão e princípios da instituição. É importante mencionar que a partir do momento na régua de cobrança em que se inicia a cobrança extrajudicial, a escola não mais se envolva diretamente na cobrança em si, mas tão somente em caráter consultivo aos agentes que estão realizando este trabalho.

Finalmente, na terceira etapa, para aqueles casos que persistirem na situação de inadimplência até a época de rematrícula, que é a oportunidade final para resolução do débito em caráter amigável, evitar qualquer tipo de concessão, desconto ou isenção de multa e iniciar imediatamente os procedimentos específicos previstos na régua de cobrança para estes casos.

Seguindo e implementando corretamente estas três etapas, a inadimplência diminuirá, a recuperação de valores em atraso se acentuará e a perda de alunos por impossibilidade de rematrícula também diminuirá. Escolas que adotam estas etapas começam a ter uma estratégia efetiva para minimizar a inadimplência.

Não possuir uma estratégia ou tática bem desenhadas e estruturadas para a prevenção e combate à inadimplência escolar é um risco muito elevado e inaceitável nos tempos atuais. As estratégias e táticas, quando corretamente estruturadas e seguidas, contribuirão não só com os resultados e as finanças da instituição, mas também com sua boa imagem perante a comunidade.

Luis Eduardo R. Caracik Formado em Engenharia e Administração de Empresas, é empresário atuante no setor de recuperação de recebíveis.

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