Como a neurociência pode contribuir para a educação
Desenvolvimento das funções cognitivas por meio de método inovador estimula o aprendizado dentro e fora da escola
A neurociência pode contribuir de inúmeras formas para a educação hoje. Entre elas, estão os estudos sobre os mecanismos de aprendizado no cérebro.
Da educação infantil ao ensino fundamental, os professores precisam de recursos inovadores e atraentes que os ajudem a captar a atenção das crianças para a absorção dos conteúdos das disciplinas tradicionais como português, matemática, geografia, ciência e história.
Em entrevista recente à Revista Mente e Cérebro, o neurocientista Roberto Lent falou em “milhares de formas” de se aplicar a neurociência em sala de aula.
Segundo ele, existem pesquisas que mostram que, quando você associa o ensino da matemática ao ensino da música, ela se desempenha melhor. Se a criança tem na sequência estas duas atividades, ela realiza melhor os cálculos.
“Isto tem uma explicação neurocientífica que se chama neuroplasticidade transmodal, que é o fato de saber focar usando a atenção, usando a música, uma atividade que desperta grande interesse. Quando a criança vai para a matemática, ela transfere este foco atencional para algo que não lhe causa o mesmo interesse, mas seu rendimento é maior, porque ela está focada”, explica.
A neurociência mostra que ativar as diferentes regiões do cérebro pode melhorar o desempenho das funções cognitivas relacionadas a estas regiões. O exemplo da música com a matemática é apenas uma das inúmeras provas de que os conhecimentos da neurociência podem contribuir para o aprendizado e, portanto, para transformar a educação.
Com tantas pesquisas comprovando a eficácia do estímulo cognitivo para facilitar o aprendizado, muitas instituições estão formando seu corpo de educadores e adotando novos métodos complementares. O município de Bariri, no interior de São Paulo, implantou o método SUPERA Neuroeducação em 13 escolas da rede pública.
A diretora de Educação, Cinira Moreira Giacone Mazotti, tem conhecimento em neurociência e reconhece a importância de métodos de estimulação cognitiva para o ensino.
“O método SUPERA tem uma base neurocientífica e isto contribui muito para o desenvolvimento da aprendizagem. O estímulo cognitivo contribui para o desenvolvimento da pessoa humana, porque ela se faz através do aprendizado”, diz a diretora.
Ela tem o apoio dos coordenadores pedagógicos da cidade, assim como das professoras que comprovaram na prática os resultados da estimulação cognitiva.
“Trabalhar o ábaco com a turma foi muito prazeroso. Os alunos gostam muito de trabalhar com o ditado. Com isso, exercitamos o raciocínio, a agilidade e, por fim, o cálculo em si. Eles gostam do ditado rápido e eu percebo que isto é estimulante para eles. Com certeza, ajuda a elevar a autoestima”, afirma a professora Adriana Beltrami, da rede municipal de Bariri (na foto acima).
O método SUPERA proporciona ainda ao professor um conhecimento de viés científico e propicia um momento diferenciado de relacionamento com o aluno. Isto faz com que a sala de aula seja mais integrada e exercite funções cognitivas e socioemocionais essenciais para o bom aprendizado, como a atenção, concentração, raciocínio lógico, memória, coordenação motora, autoconfiança e sociabilização.