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Guia para Gestores de Escolas

Como e por que explicar aos alunos sobre crise financeira?

Estamos no meio de uma crise que não apresenta expectativas curtas de fim. É claro que as crianças percebem que algo está errado, e aí fica a pergunta por parte dos professores: como falar sobre o tema com elas de uma forma que haja entendimento?

Inevitavelmente, essa conversa deve acontecer, até mesmo para que não ocorra entendimento errôneo, nem mesmo preocupações exacerbadas a cerca do assunto. Ocorre que qualquer criança está inserida em um sistema social e, desde o seu nascimento, é percebida como atuante nas relações de consumo.

A partir dos 3 anos, já tem discernimento para compreender as movimentações que acontecem ao seu redor, principalmente, no âmbito familiar e, nisso, se inclui as questões financeiras, com as primeiras percepções do impacto que uma crise pode ocasionar em sua vida. Exemplos são simples, como: espera maior por um brinquedo, troca de marcas de seus alimentos favoritos, impossibilidade de aquisição de equipamentos eletrônicos, dentre outras ações normais.

Mas a abordagem desse tema deve levar em conta principalmente a faixa etária, a fim de que se utilize uma linguagem apropriada para a melhor absorção e considerando os recursos adequados para transmissão dessas informações. Na idade entre 3 e 6 anos, a criança não consegue ainda postergar desejos, tudo o que vê quer comprar e não estabelece relação entre dinheiro e compra de bens.

A relação entre querer e poder ainda está sendo trabalhada e, por este motivo, frustra-se com facilidade. Sendo assim, nesse momento, para um melhor entendimento delas sobre o tema, são necessárias ferramentas ilustrativas, pictóricas e lúdicas que trabalhem o eixo entre o real e o fantasioso.

Portanto, o profissional da educação deve atentar-se a essas características e condições para debater a o assunto. Pode iniciar com levantamentos prévios, utilizando tirinhas ou quadrinhos que abordem uma situação de crise financeira e, a partir daí, resgatar as informações que o grupo tem.

Com base nas respostas, poderá desenvolver possíveis soluções não só para o problema apresentado, como também para situações do cotidiano. Nesse momento, será possível abordar a necessidade de educar-se financeiramente por meio dos pilares DSOP, o que levará a ter um ensinamento extra, que possibilitará a aprender a priorizar os sonhos.

Já a criança de 7 a 12 anos, é capaz de compreender o que ocorre no meio e já lida de maneira revogável com as perdas. Nessa idade, é possível estabelecer relações entre o dinheiro ou a falta dele, o trabalho, as despesas e as aquisições, dentro do padrão de vida que está inserida.

Nesse caso, o tema pode ser trabalhado por meio de reportagens, leituras complementares, tirinhas e recortes que permitam a construção de conhecimento. Solicitar pesquisas e comparativos, além de produções de texto, estimulará a discussão e desenvolverá de maneira autônoma soluções para as próprias vivências. O professor poderá fazer inferências e aplicar o Programa DSOP de Educação Financeira para mediar tais reflexões.

Lembrando que o termo crise financeira não será um conceito aprendido como definição, mas suas características e consequências poderão ser entendidas pelas crianças por meio das ações sugeridas, bem como as possibilidades de equilíbrio e sustentabilidade financeira. Enfim, o tema crise deve ser assunto de sala de aula, lógico que dentro de um planejamento didático prévio. Mas o mais importante é ter em mente que, mesmo perante as dificuldades existentes, é possível tirar algo bom, que é o conhecimento.

No entanto, todo cuidado é pouco na hora de tratar o assunto. É indispensável  mostrar naturalidade, não associando para as crianças esse momento a respostas agressivas que ocorrem por parte da sociedade, pois o papel do educador é criar jovens capazes de interpretarem o mundo em que vivem e tomarem suas próprias conclusões.

 Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira, Presidente da Abefin (Associação Brasileira dos Educadores Financeiros), autor dos livros Terapia Financeira, Eu Mereço Ter Dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país. 

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