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Guia para Gestores de Escolas

Como escolher a escola particular do meu filho

Por Ademar Celedônio

Alguns amigos, principalmente os que mudam de cidade, me procuram para pedir dicas de como escolher a escola para seu filho. Considero essa escolha tão importante que costumo dizer que ela antecede a definição de onde os pais vão morar, e não o contrário, como quase sempre acontece. Infelizmente, a distância da escola é muitas vezes um dos principais critérios de definição e, claro que o ideal é que seja próxima de casa, mas muitos outros aspectos importantíssimos devem ser levados em conta.

A visita à escola é sempre a melhor forma de observação e deve ser feita, de preferência, no horário de aulas, e não no final de expediente ou aos sábados, pois alguns detalhes mais específicos da estrutura do local podem não aparecer. No aspecto físico, deve-se avaliar o máximo de ambientes, como as salas de aula, a biblioteca, os laboratórios, a higiene dos banheiros e onde são preparadas e realizadas as refeições. A criança precisa de espaço adequado não só para brincar na hora do recreio, mas para conseguir ter um aprendizado com mais tranquilidade, por isso a arquitetura da escola precisa estar em consonância com os projetos de ensino e aprendizagem.

É frequente que muitos pais pensem que, nos primeiros anos, a escola seja apenas um lugar para seus filhos brincarem, e isso é um grande equívoco. A educação infantil é o início e o principal fundamento no processo educacional. Na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), há dois pilares estruturantes que são as interações e as brincadeiras. Na educação infantil, o ensinar é ludicidade, pois por meio do brincar a criança aprende a explorar, expressar-se e conhecer-se. A equipe deste segmento precisa ser muito bem qualificada e estar em constante processo de treinamento de práticas pedagógicas. Os pais devem questionar sobre a oferta de aulas de artes, música, contação de histórias, dança e outras interações que estimulem o pensamento criativo.

Um dos pontos mais importantes é analisar a proposta pedagógica da escola e se essa deixa os pais confortáveis em seus valores familiares, pois existem escolas humanistas, internacionais, construtivistas e tradicionais, e cada uma dessas correntes implica mudanças significativas na sua proposta de atuação. Por exemplo, as escolas tradicionais apresentam uma proposta voltada para a transmissão dos conteúdos por meio do professor, com foco na disciplina e se apresentam como fortes na aprovação nos exames. As construtivistas, por sua vez, valorizam o ensino menos como método e mais como uma concepção, dando para o aluno mais liberdade e deixando-o como protagonista da própria aprendizagem, associando as habilidades cognitivas às habilidades socioemocionais. As escolas humanistas tendem a fazer um caminho de junção de um pouco do que as construtivistas e as tradicionais propõem e transmitem os valores educativos através da humanização e da interação.

Outro aspecto muito relevante que a família deve considerar é se ficaria confortável com a presença de aula de Ensino Religioso na grade semanal. Além disso, mesmo que seu filho não precise, pergunte se há inclusão de alunos com necessidades especiais. Isso pode ajudar a entender como é a linha pedagógica real da escola, uma vez que muitas ainda não conseguem lidar com essa diversidade. Dados do estudo “Os benefícios da educação inclusiva para estudantes com e sem deficiência”, coordenada pelo professor Thomas Hehir, da Escola de Educação de Harvard, mostram que a maior valorização da diversidade e do convívio entre alunos com e sem deficiências favorece o desenvolvimento cognitivo socioemocional de todos os estudantes. Além desses aspectos mencionados, o valor da mensalidade pode ser um diferencial. Porém, os pais devem considerar que o alto custo de uma escola particular não significa uma boa qualidade educacional. É importante levar em conta também que muitas escolas já incluem o ensino da língua inglesa e outras atividades extras que, se forem contabilizadas por fora, sairiam muitas vezes mais caras que uma proposta integral, sem falar na logística de levar e trazer a criança para a realização destas em outros locais. Avalie a mensalidade que cabe no seu orçamento, mas sem deixar de lado a proposta pedagógica, a identificação dos valores da sua família com a cultura da escola e o aprendizado e a plena formação dos seus filhos.

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