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Guia para Gestores de Escolas

Como falar de custos e benefícios para os alunos?

Matéria publicada na edição 106 | Março de 2015- ver na edição online

Muito se fala nos meios educacionais sobre a questão do consumo consciente e sua necessidade nos dias atuais. Dentro dessa questão, um ponto que se mostra ter grande resultado na hora de inserir esse conceito para os jovens – mostrando a importância de refletir sobre o que se deseja – é a inserção da ideia de custos e benefícios.

Assim, acredito ser bastante pertinente mostrar como estamos direcionando esse tema para milhares de escolas que adotam a Metodologia DSOP e que estão obtendo ótimos resultados. Em nossa experiência, abordamos o tema junto com o conceito de orçamento consciente e mostramos, primeiramente, para os jovens o custo dos produtos e o benefício que trazem.

Para tanto, a dica é projetar o custo dos jovens durante o período de um mês, a partir do qual poderão descobrir, no fim do período de um mês ou ano inteiro, valores surpreendentes. Um exemplo que uso é o refrigerante, que grande parte das crianças consomem frequentemente, no qual, ao longo desse período, se gasta uma pequena fortuna.

Daí, recomendo que questionem as crianças sobre quais são os benefícios que essa bebida traz para o organismo, além de uma satisfação momentânea. Ao se ver que não há benefício, podendo gerar inclusive prejuízos à saúde, se pode chegar a conclusão, junto aos alunos, que a relação custo-benefício não é vantajosa.

Assim, é interessante incentivar os alunos a projetar outros pequenos gastos que estão acostumados a ter para um período maior de tempo. Outro ponto importante a ser levado em conta nesse momento são custos que alguns bens demandam para a manutenção ou uso. Como por exemplo, o videogame, que está bem próximo da realidade das crianças, mas que necessitam de custos de energia elétrica e jogos. Essas são as despesas indiretas que devem se consideradas pelo jovem consumidor consciente.

Em contrapartida, mostre para os alunos que, muitas vezes, existem produtos que são reais objetivos e que possuem custos maiores, mas que valem a pena serem conquistados. Sempre uso um exemplo que ocorreu em minha vida, que foi uma bicicleta. Aos 12 anos, sonhava em adquirir uma bicicleta, todavia, o custo era alto, mas o benefício para mim era grande.

Com o sonho na cabeça, fui até a loja e procurei saber quanto custava essa bicicleta que tanto sonhava. O preço, em valores atualizados, seria, aproximadamente, R$100,00. Sabendo disso, saí correndo pela cidade, buscando uma ocupação e virei ajudante de camelô (na época não havia problemas em criança trabalhar). Dos R$15,00 que ganhava mensalmente do dono do camelô (conhecido como o Sr. Baiano), guardei R$10,00 e, em 10 meses, fui a loja buscar a tão sonhada bicicleta.

A compra foi um caso a parte. Ao chegar à loja, apontei para a vitrine e disse “dá para o senhor me dar a minha bicicleta, toma o dinheiro aqui”, e joguei no balcão. No momento, tive um grande aprendizado com o dono da loja, que disse: “calma, filho, você precisa ser menos ansioso”. Diante da insistência, o vendedor completou: “toda vez que quiser comprar algo tem que guardar dinheiro para tal, isso você já aprendeu. Parabéns! Mas tem outra coisa, você não pode desprezar o dinheiro. Veja, está tudo amassado. Dinheiro não aceita desaforo, e outra, toda vez que tiver a quantia total para comprar algo, é importante pedir desconto”. E o dono da loja, por incrível que pareça, devolveu R$10,00.

Enfim, nesse momento aprendi melhor sobre o valor do dinheiro e a importância da relação custo-benefício, já que, por mais que tenha tido um alto custo para realizar esse sonho, sendo que demandou trabalho e poupança, o benefício foi gratificante, pois não só consegui o sonho como isso ocorreu com um custo maior que o imaginado.

Enfim, isso é algo que uso por toda a minha vida. E venho vendo que, ao mostrar a importância desse conceito para as crianças nas escolas, o resultado é maravilhoso, pois as crianças começam a realmente refletir sobre a necessidade de consumo e como podem priorizar para que realizem consumos conscientes.

 Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira, Presidente da Abefin (Associação Brasileira dos Educadores Financeiros), autor dos livros Terapia Financeira, Eu Mereço Ter Dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país. 

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