Computação na nuvem, Edmodo e pesquisa escolar na Web: novos aplicativos e a forma de implantá-los
Alguns colegas voltaram a me perguntar: afinal, o que é computação na nuvem? Trata-se de uma tecnologia que cria capacidade de armazenamento de informações em computadores espalhados pela Web, sejam eles PCs ou grandes servidores. A metáfora da nuvem parece provocar certa sensação de obscuridade e angústia em quem gostaria de saber exatamente onde seu arquivo está localizado, mas nós, de fato, não sabemos onde a informação é armazenada ou processada.
As interrogações se ampliam quando pensamos na velocidade com que novos formatos de arquivos surgem: como informações armazenadas em formatos de arquivos tornados obsoletos poderão ser acessadas no futuro? Não são poucos os que se preocupam com isso, e se você quiser saber um pouco mais, conheça o trabalho do <<http://archiveteam.org>>, um grupo de programadores que pretende garantir a acessibilidade de todas as informações da Web em suportes materiais. Louco, não?
Bom, mas eu gostaria de chamar a atenção para um ponto importante: como as informações na nuvem encontram-se espalhadas em computadores de diferentes localidades, isso tem apresentado problemas mediante as ferramentas de firewalls que as escolas instalam em suas redes para filtrar a informação proveniente de algumas plataformas, como o You Tube. Por exemplo, recentemente foi lançado um aplicativo muito bom para pesquisas escolares, o instaGrok (http://www.instagrok.com). Ele organiza a pesquisa do aluno por meio de fontes diversas, como websites, vídeos, palavras-chave etc. Agora, se o firewall da sua escola estiver programado para bloquear o YouTube, por exemplo, e o instaGrok encontrar um material relevante aí, o firewall vai bloquear o programa todo, pois ele não entende que a informação proveniente do YouTube foi filtrada pelo instaGrok.
Outra pergunta que recebi: o que diferencia o Edmodo do Facebook? Respondi que o Facebook está para rua, assim como o Edmodo está para a escola. Explico. No Facebook estamos num espaço aberto, suscetíveis de receber influências do mundo todo.
No Edmodo o espaço é fechado. O aluno entra via escola e sala de aula. Mas não é tão simples levar os alunos a essa escola virtual. É preciso o comprometimento da comunidade escolar na elaboração de estratégias para direcionar os alunos a este espaço, onde a presença de um adulto, o professor, assume a forma da responsabilidade.
Assim, professores e pais precisam buscar formas de engajar os estudantes nesse ambiente, de modo a alavancar as possibilidades de aprendizagem e aumentar o rendimento escolar. Recentemente fiz uma viagem com meus alunos. Ao fim do dia, todos se conectavam às redes sociais. Foi somente então que percebi ter perdido a oportunidade de ter criado um subgrupo dentro do Edmodo para focar o compartilhamento de informações relacionadas à viagem. Em suma, os alunos estão habituados às redes abertas, e passam a maior parte de seu tempo no mundo virtual dentro delas. Canalizar parte desse tempo para a escola virtual nos exigirá boas doses de criatividade.
Por Rodrigo Abrantes
*Rodrigo Abrantes da Silva é historiador e professor. Especializou-se em História Contemporânea pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e atuou como pesquisador do Projeto Análise e do Núcleo de Pesquisas de Psicanálise e Educação (NUPPE) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Edita ainda o blog www.aulaplugada.com.
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