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Guia para Gestores de Escolas

Consolidação do mercado educacional – 1ª PARTE

O mercado educacional privado passa por mudanças que há muito tempo não eram vistas. Esta tendência já foi presenciada no ensino superior com o nascimento da Kroton, detentora de inúmeras marcas de universidade, entre elas a Anhanguera e a Estácio de Sá adquirida há pouco tempo, alcançando a marca de 25% do Market Share (grau de participação de uma empresa no mercado em termos das vendas de um determinado produto; fração do mercado controlada por ela).

Hoje, 55% do mercado está nas mãos de poucos conglomerados como a Kroton (principais marcas: Anhanguera, Unopar, Pitágoras e Estácio), Laureate (principais marcas: FMU, Anhembi Morumbi e UniRitter), Cruzeiro do Sul Educacional (Universidade Cruzeiro do Sul) e Ser Educacional (Uninassau e Univeritas).

O aumento significativo de alunos impulsionado pela melhora do poder aquisitivo e os investimentos públicos do FIES fizeram com que os players (nome dado a grandes investidores que são donos de um capital capaz de mudar uma perspectiva na região que escolhem representar) investissem maciçamente neste nicho. A tendência é que o mercado continue a se consolidar, porém de forma mais lenta por causa da redução dos incentivos do governo.

Uma estimativa de 60 bilhões anuais somente em mensalidades, inadimplência reduzida comparada ao ensino superior, maior tempo de vida útil do aluno e um mercado com baixa consolidação (cerca de 3%) e muito pulverizado (cerca de 75% das escolas de São Paulo têm menos do que 200 alunos) propiciam condições altamente favoráveis aos investidores.

A estratégia inicial é de abertura, aquisição e participação em escolas como o que foi realizado pelo Grupo Bahema (Escola da Vila, Escola Park, Balão Vermelho e Mangabeiras…), Eleva (150 escolas entre elas, Alfa, Coleguium, Eleva, Pensi, Elite, Master…), Kroton (Anglo, Motivo, Escola Chave do Saber, Latu Sensu, Centro Educacional Leonardo Da Vinci, Pitágoras..), Grupo SEB (Escola SEB, Pueri Domus, Concept, Esfera, Cecan, Geo, AZ, Visão, Luminova..) entre outras.

Também empresários de outras áreas, como os de construtoras, seguem o mesmo caminho. A seguir, os modelos de negócios utilizados até o momento e suas consequências para as escolas presentes no mercado:

Escolas Premium – Com mensalidades que chegam a oito mil reais por mês, atendem uma pequena parcela da população de alto poder aquisitivo. Consideradas seis estrelas, como a CONCEPT e ELEVE, tornaram-se rapidamente referência no mercado educacional.

Consequências – Concorre com as escolas tradicionais, de elite e internacionais como Bandeirantes, Porto Seguro e Graded. A boa notícia é que possuem propostas atualizadas e pouco conteudistas.

Abertura e compra de escolas de médio porte – Tem objetivo criar grandes redes de ensino para reduzir custos e melhorar a qualidade da gestão. Escolas com uma média de 500 a 800 alunos chegam aos bairros com valores muito abaixo do mercado.

Consequências – As redes não esperavam encontrar tantas dificuldades na gestão e manutenção da qualidade na prestação de serviços das instituições de ensino. O ensino básico possui características diferentes de outros mercados. As causas das dificuldades são:

  • Amor pela Escola – Uma grande parcela das escolas possui proprietários que dedicam sua vida ao negócio com empreendedorismo e apego, muitas vezes até exacerbados, perfil muito difícil de ser substituído por colaboradores de empresas de pequeno porte.
  • Proposta diferenciada – Todas as escolas possuem uma proposta pedagógica diferenciada, criada e desenvolvida ao longo do tempo por seus líderes. É mais difícil manter sua identidade quando existe um padrão pré-concebido.
  • Tributação – Existem muitas escolas sem fins lucrativos e que estão no Simples.
  • Personalização – É difícil escalar e padronizar a prestação de serviços de uma escola básica, devido ao atendimento ser personalizado de acordo com o perfil do público de cada bairro.
  • Supervalorização – Ao saber que existem muitos compradores, o preço de venda da escola tende a aumentar.
  • Rejeição das famílias – Estas são sensíveis a mudanças, principalmente a fusões e vendas.
  • Escolas com passivos – Muitas escolas possuem dívidas.

Franquias, licenciamentos, redes de ensino e programas bilíngues – Após a aquisição da Maple Bear pelo Grupo SEB, a busca por programas bilíngues aumentou e algumas empresas resolveram investir no ensino bilíngue.

Consequências – Todas as escolas deverão, em curto prazo, oferecer um ensino com ênfase no idioma inglês. Após o período de consolidação, possivelmente outros idiomas serão incorporados ao currículo para tornarem-se diferenciais;

Os investidores também esperam algumas novidades para potencializar seus ganhos, como o incremento do voucher e o ensino médio com EAD.

  • Vouchers ou créditos educacionais – É a mesma lógica do Bolsa Família, um programa de bolsas em escolas particulares para alunos do ensino público, no qual os pais podem escolher onde gastar o seu dinheiro.

Ensino a distância – Como no ensino superior, o EAD é uma ótima fonte de redução de custos para os investidores e para o governo. A nova versão do documento abre a possibilidade de ampliar as aulas para 40% do currículo do ensino médio. A maioria dos especialistas considera que o EAD para as escolas regulares agrava a qualidade do ensino e diminui o tempo que os alunos têm para o desenvolvimento das relações interpessoais e o trabalho em equipe.

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