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Guia para Gestores de Escolas

Conversa com o Gestor- Gestão Administrativa: caminhos para a excelência educacional

 Matéria publicada na edição 103| Novembro 2014 – ver na edição online

Os desafios administrativos embarcam em novas estratégias, planejamentos e metodologias. Buscando excelência e resultados positivos, os processos intrínsecos compõem objetivos pedagógicos, econômico-financeiros, responsabilidades, compromissos e ações no completo âmbito escolar

Por Rafael Pinheiro 

Projetos, planejamentos, estratégias, resoluções, melhorias. Essas plavras-chave ganham uma notoriedade imensurável quando o assunto é gestão administrativa. O desenvolvimento plural e significativo está alicerçado no diagnóstico, na proposição de metas, identificação e planejamento de ações a serem utilizadas e na resolução. Constuindo, assim, uma força motriz de trabalho. Gerando, sem dúvida alguma, resultados satisfatórios.

Compreender uma instituição de ensino com alto nível de administração, mantendo a escola dentro das normas do sistema educacional, seguindo portarias e instruções; valorização da qualidade do ensino, supervisão e a orientação pedagógica, criando oportunidades de capacitação docente; e preocupar-se com uma gestão pautada na democracia, interagindo ativamente com pais e alunos, não é tarefa fácil, já que existem, hoje, uma gama gigantesca de setores internos no campo educacional.

Dentre os principais projetos que possam auxiliam ou até mesmo nortear todas as ações de uma escola, construído como um instrumento indispensável para uma gestão durável, transparente, objetiva e repleta de missões embasadas, é o PPP – Projeto Político-Pedagógico.

O PPP é uma ferramenta útil e utilizada em diversas escolas, contendo informações relevantes, perspectivas inovadoras, diálogos construtivos e as diretrizes que a gestão institucional percorrerá. Este projeto viabiliza algumas práticas, como: definição da missão, definição da clientela, levantamento dos dados sobre aprendizagem, estudo do relacionamento com as famílias, pesquisa sobre os recursos, estabelecimento de diretrizes pedagógicas e elaboração do plano de ação.

Produzir este projeto, principalmente no início do ano letivo, é uma forma de pensar (e consequentemente realizar) uma educação que transcenda as relações internalizadas entre professor-aluno e desembarque na pluralidade do ato pedagógico em si, carregado de implicações sociais e compromissos, destacando-se pela formação de um cidadão e todos os questionamentos, soluções e descobertas que uma evolução pedagógica pode propiciar.

O Projeto Político-Pedagógico, no entanto, deve ser adequado às alterações e  reformulações, moldando, sempre que necessário, a necessidade do aluno e suas devidas implicações. A implantação desse projeto implica não só no desenvolvimento estudantil do aluno, mas no progresso intrínseco da instituição escolar, seu envolvimento e comprometimento.

Além do PPP, outros rumos (e também sugestões) seguem o fluxo rumo a excelência. Mauro Galasso, consultor para pequenas e médias empresas nas áreas de administração, marketing, vendas e gestão de equipes, além de professor universitário, acredita na administração de empresas através de três pilares: logística, marketing e vendas. “Pensando em escolas, acredito que primeiro devemos entender quais atividades representam a logística (recepção de alunos, estrutura do prédio, alimentação, quantidade de professores), quais são encaradas como marketing (calendário de aulas, eventos com alunos durante o ano, comunicação interna e externa) e ainda onde podem acontecer as vendas (melhor momento para falar de matrículas, uniformes, listas de materiais, eventos com os pais)”, afirma Galasso.

Estabelecer certos parâmetros e comunicação ativa entre os diversos setores que compõem a administração é uma forma de garantir métodos eficazes e com resultados aparentes. Interligando as diversas áreas e diagnosticando casos e problematizações, o plano de ação é rapidamente acionado, contribuindo fortemente com as metas e missões. “Uma vez estabelecidos os objetivos e responsabilidades, cabe executá-los. Para isso, a instituição deve contar com profissionais capacitados em suas respectivas áreas, bem como dispor de um sistema de informações que permanentemente oriente os gestores se as decisões e ações estão trazendo os resultados esperados. A participação de todos os responsáveis e a clareza e transparência na comunicação e nas informações completam os requisitos de uma boa gestão que atinge os objetivos e traz resultados para a instituição”, diz Milton dos Santos, consultor e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).

O colégio Elvira Brandão, localizado na região sul de São Paulo, utiliza um planejamento específico para conectar áreas administrativas e promover resultados positivos. “As áreas administrativas são interligadas naturalmente, pois não é possível, no cenário atual, que um processo comece e termine em si mesmo, sem o envolvimento de outras áreas. Ainda que uma atividade seja feita dessa forma, ela faz parte de um macroambiente que só existe por ser justamente uma soma de recursos humanos e de infraestrutura”, ressalta Maria Ester Ceccantini, diretora pedagógica.

SISTEMA FINANCEIRO EM EVIDÊNCIA

Alinhando o setor financeiro com práticas administrativas é uma possibilidade relevante em visualizar calendários, modelar valores e perceber gastos e lucros. É importante ressaltar que os objetivos pedagógicos e econômico-financeiros são complementares e interdependentes e, juntos, trazem os melhores resultados para a instituição. “Enquanto os objetivos pedagógicos centram-se na missão da instituição e a aproximam de seu público-alvo, buscando sua satisfação, os objetivos econômico-financeiros buscam garantir a sobrevivência e crescimento da instituição”, destaca Milton dos Santos, consultor e professor acadêmico.

A planilha de custos é, portanto, a ferramenta necessária do planejamento estratégico, onde fica claro a contribuição e responsabilidade de cada área da instituição. Segundo Bel Urbano Gama, diretora de uma empresa especializada em contabilidade para escolas, a planilha de custo é elaborada anualmente e os setores financeiro e administrativo devem estar completamente interligado. Nas pequenas e médias escolas estes setores são geralmente geridos pela mesma pessoa. “A planilha de custo não serve apenas para mostrar o preço (anuidade escolar), mostra também uma infinidade de valores, por exemplo: Provisões mensais – Férias, 13º salário, PLR, Rescisões, Semestralidade, Inadimplência; Verificação dos gastos individualizados por conta (se a escola mantém uma folha de pagamento compatível com as receitas);Limite de descontos e limite de bolsas – política de descontos e bolsas de estudos obrigatórias para os filhos de empregados”, afirma Bel.

O consultor Mauro Galasso indica a necessidade em acompanhar possíveis elevações de gastos ou baixa de faturamento, que de alguma maneira afetaria as metas definidas. “O importante é esclarecer que o setor financeiro serve como monitoramento dos planos de marketing (atração de alunos) em consonância com o plano pedagógico (retenção de alunos), ambos já definidos no planejamento estratégico. Ele não deve engessar as atividades, mas sim aguçar caminhos que nos levem ao atendimento dessas metas”.

Segundo Milton, a previsão orçamentária é um dos instrumentos do planejamento estratégico. Sua contribuição é traduzir em números os resultados que devem ser atingidos, facilitando sua compreensão e permitindo estabelecer indicadores de desempenho que orientem as decisões e ações de cada área e pessoa da instituição.

REFORMULAÇÃO NECESSÁRIA

O advento tecnológico, as transformações metodológicas, as novas práticas pedagógicas e as alterações constantes nos objetivos dos alunos constroem, em nossa realidade, uma perspectiva ampla – e diferente, em relação às formas tradicionais estabelecidas.

Inserido nesse contexto, toda e qualquer reformulação educacional, que sustente uma carga positiva é, portanto, relevante. “Com a chegada dos investimentos de grupos estrangeiros ligados, principalmente, à educação universitária, vem mudando nossa maneira de ver as escolas. Esse setor que ficou tantos anos sem influência corporativa, agora ganha ares de negócio e geram concorrência”, afirma Galasso.

Proporcionar uma reformulação educacional, tanto na gestão como na didática, é uma maneira de acreditar e compreender os caminhos necessários para uma evolução latente. E ultrapassar os obstáculos e (re)aprender a se adaptar funcionam como incentivo pra o crescimento profissional particular e coletivo. “O processo de mudança é inevitável e mesmo que ocorram atrasos ou dificuldades, quem não se adaptar ficará fora do mercado, mais cedo ou mais tarde”, finaliza Milton.

 

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